A retomada da operação das máquinas tuneladoras, também conhecidas como "tatuzões", deve potencializar a velocidade das obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) e o número de trabalhadores nas frentes de obra deve chegar a mil.
O anúncio foi feito pela secretária executiva da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra), Liana Fujita, que liderou uma visita técnica do governo estadual às obras do metrô, onde foram vistoriadas as condições dos "tatuzões".
Conforme O POVO antecipou, a Seinfra espera que as máquinas voltem à operação a partir de junho - mais tardar em julho. É esse movimento que deve permitir com que o número de trabalhadores seja ampliado em aproximadamente 60%.
Atualmente, pouco mais de 600 trabalhadores estão contratados pelo Consórcio FTS. Na visita, Liana ainda ressaltou que os repasses de recursos do Governo do Estado estão garantidos até a conclusão da obra, prevista para o primeiro trimestre de 2027.
Ainda de acordo com a secretária executiva, somente para a atual manutenção das tuneladoras foram gastos R$ 76 milhões.
As máquinas custaram ao cofre do Tesouro Estadual um montante de R$ 138 milhões na época de sua compra, no governo Cid Gomes. E mais de R$ 170 milhões já foram aportados em manutenções periódicas feitas desde então.
"(Desde a retomada dos trabalhos em outubro,) As obras foram retomadas em todas as frentes, com o melhor ritmo que podemos dar aos trabalhos, seja escavando estações, na parte de contenção das paredes e diafragma", afirma Liana, que ainda destaca que a retomada do trabalho com as tuneladoras, além de mobilizar mais pessoas, deve acelerar os trabalhos e a demanda por materiais, consequentemente.
"O que aconteceu de melhor foi o Governo do Estado ter separado recursos para a manutenção das tuneladoras. Estamos tendo todo apoio dentro do governo para que essa obra retome e seja concluída no menor prazo possível", continua.
A visita da cúpula da Seinfra às obras da Linha Leste do metrô de Fortaleza também sinaliza um novo momento da obra. A obra da Linha Leste, orçada inicialmente em cerca de R$ 5 bilhões, sendo que R$ 2 bilhões garantidos pela União, além de mais de R$ 1 bilhão do Estado, além de financiamentos por bancos públicos para cobrir o restante.
Em visita ao O POVO no início do mês, o titular da Seinfra, Antônio Nei, destacou que a partir de junho as tuneladoras voltam às escavações após período de manutenção.
Ele conta que o incremento de velocidade à obra com a inclusão das máquinas no canteiro deve ser acelerado. Outro ponto destacado foi a ampliação da frente de trabalho.
A partir da repactuação do contrato com o Consórcio FTS, firmado em outubro de 2023, houve a ampliação de 102 para mais de 600 trabalhadores na obra.
Ainda conforme o titular da Seinfra, a partir dos novos termos do contrato incluídos na repactuação, há maior segurança de que as obras não venham a paralisar até o fim do serviço.
Uma das obrigações do Consórcio FTS diz respeito à manutenção de R$ 50 milhões em reservas próprias para garantir a operação. Há ainda a perspectiva de que o Estado pague R$ 1,4 bilhão para conclusão dos 7,4 km de linha de metrô restantes.
A previsão do Governo do Estado é de que o projeto da Linha Leste seja concluído em dois anos e oito meses. Atualmente, há cinco frentes de serviço em andamento: nas estações Chico da Silva Leste; Colégio Militar; Papicu; Fábrica de Aduelas; e Nunes Valente.
Conclusão da Linha Leste depende de repasses do PAC
A conclusão integral do projeto da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) depende de repasses ao novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ser viabilizada.
Hoje está prevista a visita do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. O tema da reunião será o novo PAC.
Conforme detalha a coluna Radar, da Veja, um dos autores do requerimento de convocação de Rui Costa ao Senado, o presidente da Comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), destaca a necessidade de fiscalização do programa, que tem investimento de R$ 1,7 trilhão.
O senador lembra que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o índice de conclusão das obras do PAC ficou abaixo de 10% na primeira versão do programa (entre 2007 e 2010) e em pouco mais de 25% na segunda versão (a partir de 2010).
"Tal quadro não poderá se repetir na nova versão, sobretudo considerando a atual situação fiscal do País", afirma.
Vale lembrar que há uma semana essa mesma comissão do Senado recebeu representantes da Caixa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para buscar saber dos prazos para as transferências de recursos para estados e municípios.
Em meio ao debate que se desenrola em torno do novo PAC, o Governo do Estado fica atento, já que as obras do Metrofor também dependem de recursos provenientes do programa.
Conforme O POVO publicou em novembro de 2023, o Estado incluiu na lista de projetos de interesse a chamada segunda fase da Linha Leste do Metrofor - que seria a expansão entre o Papicu e o Edson Queiroz.
Se a Fase 2 da Linha Leste for realmente beneficiada com recursos do novo PAC, seriam construídas cinco estações: Estação Hospital Geral de Fortaleza (HGF); Estação Cidade 2.000; Estação Bárbara de Alencar; Estação Centro de Eventos do Ceará; e Estação Edson Queiroz.
Além da obra de ampliação, pedido de recursos do programa federal também para requalificar a Linha Oeste, segundo a Seinfra.
LINHA DO TEMPO DA LINHA LESTE DO METROFOR
O projeto inicial da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) previa que houvesse acesso até uma estação que seria instalada no bairro Messejana.
Posteriormente, o projeto foi "enxuto" e passou a ligar o Papicu até o bairro Edson Queiroz, próximo ao Fórum Clóvis Beviláqua e a Universidade de Fortaleza (Unifor).
As obras foram iniciadas oficialmente em meados de 2014, o projeto passou por uma série de problemas, como a mudança da empresa responsável, em 2016.
Dentre as mudanças de projetos está a incerteza sobre qual será o ponto final da Linha Leste. Atualmente, é visto com dúvida sobre a possibilidade do projeto realmente ser concluído no Edson Queiroz.
No fim da gestão passada, em 2022, o então titular da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Lúcio Gomes, chegou a recomendar que houvesse a quebra de contrato e que nova licitação fosse realizada pelo Estado.
O atual governo resolveu negociar e chegou a uma repactuação do contrato, incluindo termos que garantisse a retomada das obras com novas garantias e cronograma.
Ainda assim, a possibilidade de conclusão da Linha Leste na estação do Terminal do Papicu parece ser a mais provável. Segundo o titular da Seinfra, Antonio Nei, ainda não se chegou a um denominador comum junto ao governador do Estado, Elmano de Freitas.
O QUE FALTA PARA CONCLUSÃO
> 7,4 km de linha de metrô (até a chegada ao Papicu);
> R$ 1,4 bilhão a ser pago pelo Estado para a conclusão;
> Previsão de entrega 1º trimestre de 2027
AS ESTAÇÕES DA LINHA LESTE DO METROFOR
- CONFORME O PROJETO
O que deve ser entregue até 2027
Estação Central;
Estação Catedral;
Estação Colégio Militar;
Estação Luiza Távora;
Estação Nunes Valente;
Estação Leonardo Mota;
Estação Papicu
O que pode ficar para uma segunda fase do projeto
Estação Hospital Geral de Fortaleza (HGF);
Estação Cidade 2.000;
Estação Bárbara de Alencar;
Estação Centro de Eventos do Ceará;
Estação Edson Queiroz