Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a partir de 2051 o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) terá mais aposentados do que trabalhadores em idade ativa no mercado de trabalho contribuindo para previdência.
Conforme os dados, atualmente a previdência social possui menos de dois contribuintes para cada beneficiário no regime geral. A tendência é que esse quadro se deteriore nos próximos anos.
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O quadro é preocupante na medida em que o sistema previdenciário do INSS institui que os trabalhadores da ativa contribuam com a previdência e ajudem a sustentar o sistema de pagamento de benefícios para os atuais beneficiários.
Na pesquisa intitulada "Evolução e projeção de longo prazo de contribuintes e beneficiários e implicações para o financiamento da Previdência Social", de Rogério Costanzi e Graziela Ansiliero, é destacada a problemática da mudança de perfil da nossa população.
Conforme dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pirâmide etária do Brasil vem modificando e a população idosa cresce.
"De qualquer forma, há uma relevante correlação entre a população idosa e o quantitativo de beneficiários do RGPS e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com o número de idosos crescendo a um ritmo muito superior ao da população total e daquela mais tradicionalmente em idade de trabalhar", diz a pesquisa.
Dentro do cenário futuro de menos trabalhadores em idade para trabalhar contribuindo, os pesquisadores ainda destacam que, do ponto de vista de planejamento de médio e longo prazos das políticas de previdência social existem algumas demandas fundamentais.
"É fundamental considerar essas tendências no necessário redesenho e adequação das políticas previdenciárias, bem como, em especial, nos debates sobre o futuro do financiamento da seguridade social como um todo, incluindo saúde e assistência social, no atual contexto da reforma tributária".
Com base em dados do IBGE, ainda são destacadas as problemáticas em relação ao mercado de trabalho brasileiro, em que o nível de empregabilidade com contribuição para a previdência tem sofrido baques, por conta da alta informalidade.
Conforme dados anuais da Pnad Contínua, os pesquisadores estabeleceram um percentual base de 64% de pessoas ocupadas com contribuição para a previdência como sendo o ideal para o atual momento da previdência social.
No entanto, ao analisar o período entre 2012 e 2022 em praticamente metade do período descrito o nível de empregabilidade com contribuição previdenciária ficou em nível satisfatório.
A pesquisa ainda mostra que as mulheres são as mais atentas à contribuição previdenciária. Houve evolução mais favorável da contribuição previdenciária feminina em comparação aos homens entre 2012 e 2022.
Para as mulheres houve incremento para todas as raças, algo que não foi observado no público masculino. Conforme o levantamento, entre os homens, nota-se queda da contribuição para homens pretos, amarelos e indígenas.
O maior nível de contribuição prevalece para a raça/cor branca, em nível superior ao das pessoas pretas, pardas e indígenas.