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Ceará abre mais de 100 novos supermercados por ano, indica Acesu
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Ceará abre mais de 100 novos supermercados por ano, indica Acesu

| EXPANSÃO | Mercados de bairro têm crescido e performado bem no cenário; expectativa é que ritmo de expansão seja mantido em 2024, conforme Acesu
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MELHORAR a estrutura e facilitar acesso do cliente têm sido foco na expansão do setor    (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS MELHORAR a estrutura e facilitar acesso do cliente têm sido foco na expansão do setor

O setor cearense de supermercados tem tido uma expansão muito grande nos últimos anos, especialmente em mercados de bairros. Desde 2020, a média de aberturas superou 100 unidades por ano, e a expectativa é que os indicadores permaneçam neste ritmo positivo, segundo informações da Associação Cearense de Supermercados (Acesu).

A entidade informou que não dispõe de dados oficiais detalhados neste segmento, mas acredita que o número deva ser ainda maior, tendo em vista que não consegue acompanhar todas as aberturas nos 184 municípios cearenses, mas realiza um acompanhamento junto aos seus 300 associados, com 600 lojas pelo Estado. As associações são de livre adesão.

O presidente da Acesu e diretor do Nidobox Supermercado, Nidovando Pinheiro, relatou que os mercados de bairro – com um a cinco caixas de atendimento – têm crescido muito e conseguido se manter bem no setor devido aos custos menores. “É um tipo de mercado que, às vezes, até com uma concorrência maior, consegue ter mais formas de se sair melhor.”

Algo que o diretor executivo da Rede Uniforça Supermercados, Sergio Bezerra, concordou. “O cliente cearense é um cliente que ainda aposta nas lojas de bairros e que valoriza o regionalismo. (...) Entendemos que temos espaço para todos, porém, o cliente cearense é bastante exigente e a loja que não oferece esse tipo de serviço acaba ficando de lado.”

A Rede Uniforça é uma associação que integra supermercados de bairro pelo Ceará, com 32 empresas associadas e 102 lojas em 30 cidades do Estado. Além da abertura de mercados locais crescer na região, a entrada de novos concorrentes nacionais têm sido um ponto de atenção, de acordo com o diretor da Rede.

“O mercado do Ceará está passando por uma fase de transição. Grandes redes estão descobrindo o Ceará e estão entrando com grandes investimentos. Por um lado, para a população cearense, isso é um bom momento, porque aumenta a perspectiva de novos empregos”, detalhou Bezerra.

“Porém, para o empresário cearense que está aqui há bastante tempo e que busca a solidificação com seu cliente, isso atrapalha muito, porque as grandes redes chegam com poder de barganha elevado e causam desalinhamento na concorrência”, acrescentou o especialista da Rede Uniforça.

Outro ponto de atenção no Estado é o uso da renda das pessoas em jogos de apostas, que interfere no faturamento dos supermercados, segundo o presidente da Acesu. “Reflete diretamente nessa renda que seria para comprar o próprio alimento, que o cara está tirando para o jogo. Então isso nos preocupou. A gente sabe que o jogo, cada vez mais, é incentivado”, pontuou Nidovando.

Este cenário, inclusive, pode ser um dos motivos pelos quais o setor de supermercados não vem tendo uma performance tão boa de vendas no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, conforme o presidente da Acesu, que não dispõe de dados específicos sobre o tema. “A gente espera que possa haver uma recuperação”.

Além disso, os supermercados têm investido, cada vez mais, na locação de espaços dentro das redes, com academias, salões de beleza, lavanderias, entre outros. O intuito é agregar oportunidades para atrair clientes e aumentar o faturamento. “É bom também para quem vai fazer a compra, que ali, às vezes, já tem uma oportunidade de serviço sem precisar se dirigir para outra loja”, comentou Nidovando.

A situação é semelhante, também, na escolha de produtos e tecnologias para facilitar o acesso e fidelização de clientes, com a disseminação de itens saudáveis para consumo e variedade de marcas, bem como a possibilidade de descontos via aplicativos ou caixas de autoatendimento para aumentar o fluxo de pessoas nos locais, citou o presidente da Acesu.

“O mercado supermercadista a cada ano tem de se reinventar com novas tecnologias, novos produtos, buscando interesse na necessidade do cliente. (...) Vimos que a indústria cada vez mais está preocupada com as necessidades dos clientes ao mesmo tempo em que buscam tecnologia para implementar o ESG (práticas ambientais, sociais e de governança)”, acrescentou Sergio Bezerra, da Rede Uniforça Supermercados.

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Setor de supermercados tem trimestre positivo na B3

Com ações listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B3), as grandes empresas do setor brasileiro de supermercados reportaram resultados operacionais positivos no primeiro trimestre de 2024, como é o caso do Assaí, Carrefour Brasil, GPA (Grupo Pão de Açúcar) e Grupo Mateus, na visão geral de bancos de investimentos.

O Assaí teve um lucro líquido de R$ 93 milhões no período, alta de 19,2% na base anual. No entanto, se os impactos das Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS 16) - referente a regras contábeis - forem considerados, o lucro líquido ficou em R$ 60 milhões, com recuo de 16,7% no ano a ano.

Para o Bank of America, ainda assim, o Assaí divulgou dados sólidos, com a administração apresentando melhorias nas "mesmas lojas" e na alavancagem operacional. Já o Goldman Sachs citou sólida rentabilidade para o Assaí, com forte controle de despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A, em inglês) e expansão de margens.

O Carrefour Brasil, com lucro de R$ 39 milhões, superou as previsões de rentabilidade do Itaú BBA em todas as unidades de negócios. "Apesar da visível melhora operacional de todas as verticais do grupo, ainda é um resultado poluído, principalmente quando avaliamos o impacto da questão fiscal/tributária ao grupo", acrescentou a Genial Investimentos.

"As margens na divisão de varejo permaneceram amplamente estáveis ano a ano, pois uma estratégia de precificação mais agressiva foi compensada por cortes de despesas no contexto da otimização da estrutura das lojas", explicou o Goldman Sachs sobre o balanço do Carrefour, que teve um Ebitda ajustado - um dos principais indicadores do mercado - de R$ 1,4 bilhão.

Já o GPA tem sido o maior beneficiado "em termos de fluxo às lojas e conversões em vendas" em relação aos concorrentes, com entrega de resultados acima das expectativas, na visão da Genial Investimentos. Apesar do prejuízo líquido de R$ 407 milhões no primeiro trimestre, houve aumento anual nas vendas em mesmas lojas (SSS, em inglês) de 5,4%.

"Além de ganhar market share (mercado) pelo sexto trimestre consecutivo e mesmo diante de uma base comparativa forte de ser vencida, o GPA consolidou uma rentabilidade operacional mais forte dos últimos dois anos. (...) Gostamos do resultado apresentado e da direção que a companhia tem caminhado", complementou a Genial.

O Grupo Mateus, por outro lado, teve resultados razoáveis para o Itaú BBA, ficando acima das expectativas do mercado, com crescimento anual de 26% nas receitas e 9,6% nas SSS. "Esperamos que os investidores foquem na retomada da expansão da margem nos próximos trimestres." O lucro líquido ficou em R$ 240 milhões no trimestre.

Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que, em 2023, o Carrefour liderou pela oitava vez o Ranking Abras, movimentando R$ 115,4 bilhões em faturamento no ano. O segundo colocado foi o Assaí Atacadista, com R$ 72,7 bilhões, sendo seguido pelo Grupo Mateus, tendo apurado no período R$ 30,2 bilhões.

Feira

O Brasil está se consolidando como o "supermercado do mundo", de acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, que destacou o potencial de referência do agronegócio no Apas Show, maior evento do setor de alimentos e bebidas da América Latina e maior feira supermercadista do mundo, em São Paulo, nesta semana.

 

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