Arroz, feijão, salada, batata e uma proteína. O famoso prato feito, ou simplesmente PF, está sempre à mercê da oscilação dos preços dos ingredientes.
Em março, o projeto Preço Comparado Supermercados, em parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), analisa itens que compõem o almoço e o jantar do brasileiro e mostra que os valores de iguais mercadorias variaram até 202% na Capital.
Os 20 alimentos pesquisados em 13 supermercados foram selecionados pelo O POVO a partir da pesquisa mensal promovida pela entidade, realizada entre os dias 27 de fevereiro e 11 de março. A lista completa traz 100 itens comercializados em 36 estabelecimentos, localizados em diferentes regionais da Cidade.
No mês de março, o molho de tomate tradicional Fugini 300g ocupa o topo do ranking dos 20 itens com maior variação de preço. No Super do Povo Supermercados do bairro Henrique Jorge, ele custa R$ 0,99 e, no Super Lagoa, no Centro, R$ 2,99. A diferença de R$ 2 representa 202% de variação.
O sal também apresentou uma grande discrepância entre os preços. O item estava a R$ 0,89 no Cometa Supermercados da Cidade dos Funcionários, e R$ 2,19 no Extra bairro de Fátima. Equivale a R$ 1,30 de distância, uma variação de 146,1%.
Com uma diferença de 103,9%, a batata inglesa está mais barata no Nidobox Supermercado, no Passaré, custando R$ 5,39 o quilo. O preço mais alto foi encontrado no Guará Supermercado da Praia de Iracema e no Super Lagoa do Centro, por R$ 10,99 o quilo. A alta chega a R$ 5,60.
Por outro lado, a menor variação detectada neste período analisado foi do pacote de um quilo de feijão carioca Kicaldo. O item custa R$ 7,79 no Supermercado Pinheiro de Messejana e R$ 9,79 no Mercado Extra do bairro de Fátima. São R$ 2 de diferença, o que representa 25,7% de discrepância.
A segunda menor desconformidade foi do quilo do frango resfriado inteiro. Ele é analisado como o produto mais barato desta categoria e apresentou alta de 26,6% entre um mercado e outro.
No GBarbosa do Edson Queiroz a ave custa R$ 10,19, enquanto no Mercado Extra do bairro de Fátima a etiqueta marca R$ 12,90. A diferença é de R$ 2,71.
Em terceiro lugar no índice de menores variações está a unidade do molho de coentro. Os supermercados mais baratos são o Nidobox Supermercado do Passaré e o Super do Povo Supermercados do Henrique Jorge, cobrando R$ 1,89. No Centerbox Supermercados do Jangurussu, o item custa R$ 2,49. A diferença é de R$ 0,60 e a variação é de 31,7%. (Alexandre Cajazeira/Cientista de Dados O POVO)
O GBarbosa Edson Queiroz e o Supermercado Pinheiro de Messejana apresentaram os menores preços entre os cinco itens mais caros. Na outra ponta, o Mercado Extra do Bairro de Fátima e o Centerbox Supermercados do Jangurussu apresentaram os maiores preços também em cinco itens.
Entre janeiro e março de 2024, a variação média de preços dos 20 produtos nos 13 supermercados destacados no O POVO foi de 3,2%.
O Superlagoa registrou o maior crescimento nos preços, uma diferença média de 13,7%. Do lado oposto, o Nidobox Passaré foi o supermercado que teve uma variação média menor entre os 20 produtos, de -5%.
No mês em que é celebrado o Dia do Consumidor, comemorado no último dia 15, Cláudia Santos, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), enfatiza a importância da defesa dos direitos do consumidor.
Os pilares desses direitos, como a educação financeira e a economia doméstica, também são defendidos pelo projeto Preço Comparado.
Segundo Cláudia, essa atenção também ajuda criar novos hábitos e comportamentos, promove a organização das finanças, de forma consciente e responsável e, assim, evita a compra por impulso e o desperdício de alimentos.
“Daí ser imprescindível a educação ao consumo consciente, para o equilíbrio e a harmonia na relação de consumo”, explica Cláudia.
A consciência dos direitos e as crises econômicas sempre levam o consumidor a mudanças de hábitos, entre eles a pesquisa de preços, principalmente de itens indispensáveis, como alimentos e medicamentos.
As denúncias, reforça a presidente, também estão na lista de novos comportamentos. Na OAB Ceará, através da Comissão de Defesa do Consumidor, os casos mais recorrentes são relacionados aos serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica e de água, além dos planos de saúde.
Na hora das compras, Cláudia orienta que o consumidor guarde os encartes publicitários, pois a empresa deve cumprir com o que foi anunciado ou devolver a diferença paga pelo consumidor, inclusive com valor corrigido.
Outro ponto importante é observar se o preço do produto no caixa é igual ao preço exibido na prateleira. “É direito do consumidor sempre levar o menor preço. Ainda é recorrente essa situação nos supermercados”, alerta.
Por fim, ela ainda indica que o consumidor verifique informações como prazo de validade do produto ou se é um item assemelhado, o que pode induzir o consumidor ao erro, com uma propaganda enganosa.
O Código de Defesa do Consumidor, o CDC, é um conjunto de normas que garantem os direitos dos consumidores, disciplinando as relações e traçando as responsabilidades entre fornecedor e consumidor final.
Confira algumas dicas elaboradas pelo Procon Fortaleza com base no CDC:
Todos os meses, o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) analisa 100 itens de 36 supermercados localizados em diversas regionais da capital cearense. Desde janeiro de 2024, por meio de uma parceria inédita, O POVO recebe a pesquisa em primeira mão.
Nesse primeiro trimestre de conteúdo, O POVO detectou que o Guará Supermercado da Praia de Iracema foi o estabelecimento com a maior variação média dos preços dos produtos, com um aumento de 10%, seguido do Mercado Extra, com 8,4%, e do Supermercado Perto do Campo com 7,6%.
Na outra ponta estão Pão de Açúcar, com uma variação média de -6,4% e o Supermercado Brasileiro -2,7%.
Dos 100 alimentos analisados, itens de horti-fruti e ovos lideram o ranking de maiores preços em 2024, sendo o quilo da cebola pêra posicionado no topo.
As pesquisas do Procon referentes à janeiro foram realizadas entre 15 e 24 de janeiro; a de fevereiro foi entre 1 e 19 de fevereiro; e as de março, de 27 de fevereiro a 11 de março de 2024.
Nos 36 supermercados analisados, o preço médio em janeiro era de R$ 6,85, aumentando para R$ 7,46 em fevereiro e chegando à média de R$ 10,27 em março. A variação é de 50%.
Neste período, também foi possível detectar a queda de preços de outros produtos. Dos 100 itens, o maracujá foi o que teve a maior redução média de preços.
Em janeiro, o quilo da fruta custava, em média, R$ 15,40. Em fevereiro, a etiqueta passou a marcar R$ 12,59 e, em março, R$ 8,95. A variação média foi de -42%.
O projeto Preço Comparado - Supermercados é uma parceria entre O POVO e o Procon Fortaleza. Mensalmente, são analisados 100 itens de 36 supermercados da Capital e gerado um conteúdo exclusivo para os leitores do OP+