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Preço do arroz sobe 16,5% em maio no Ceará após enchentes no Sul, indica Ceasa
Economia

Preço do arroz sobe 16,5% em maio no Ceará após enchentes no Sul, indica Ceasa

| LEVANTAMENTO | O preço do quilo do arroz, no atacado, foi de R$ 5,92 em abril para R$ 6,90 em maio no Estado; já valores nos supermercados ultrapassam R$ 11
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AUMENTO da procura por arroz e a baixa oferta no mercado têm pressionado os preços nos supermercados (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS AUMENTO da procura por arroz e a baixa oferta no mercado têm pressionado os preços nos supermercados

Alimento básico na mesa dos cearenses, o arroz registrou aumento de preços de 16,5% no Estado, saindo de R$ 5,92 em abril para R$ 6,90 na primeira quinzena de maio, na modalidade do atacado, segundo o analista de mercado da Companhia de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão. Nos supermercados, o valor do produto ultrapassa R$ 11 devido à alta demanda e à baixa oferta, com os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul.

Desde o início do ano, o preço do arroz tem variado no mercado cearense. Conforme dados da Ceasa, em janeiro, o quilo estava sendo comercializado no atacado a R$ 6,15; em fevereiro, foi a R$ 6,42; em março, a R$ 6,08; em abril, a R$ 5,92; e na primeira quinzena de maio chegou a R$ 6,90.

Já os valores médios dos fardos de arroz com 30 kg, comercializados em pacotes de plástico no atacado, subiram de R$ 184,50, em janeiro, para R$ 207, em maio. Alta de 12,19%.

Ontem, O POVO visitou o Cometa Supermercados e o Frangolândia, ambos na Parquelândia, e o Assaí Atacadista, no Farias Brito, e conferiu os preços no site do Super Mercadinhos São Luiz. A conclusão é que o preço do quilo do arroz branco é encontrado com valores entre R$ 6,69 a R$ 8,39, já o integral ficou entre R$ 7,79 a R$ 11,49.

O levantamento considera as seguintes marcas de arroz disponíveis nestes locais: Camil, Alteza, Tio Urbano, Célia, Emoções, Elite, Bom no Prato e Tio João.

As fortes chuvas e enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul – responsável por grande parte da produção de arroz a nível nacional, incluindo grãos comercializados no Ceará – resultaram em perdas de safras, o que levou à variação positiva de preços pelo País. A situação econômica do arroz foi potencializada, ainda, pela redução dos produtos nas prateleiras, já que “o consumidor foi à busca do arroz para estocar”, explicou Odálio.

“O Rio Grande do Sul é responsável por 75% da produção de arroz, chegando até 80% em alguns períodos do ano; (...) chega a abastecer os mercados do Brasil, principalmente do Nordeste. E esse tipo de arroz é o tipo 1 e o tipo 2, mas o tipo 1 é o mais comercializado, tanto o arroz branco como o arroz parboilizado. Na região gaúcha, os principais municípios produtores do grão foram devastados”, detalhou o analista.

De forma global, um relatório do Bradesco BBI – divulgado em agosto de 2023 – já previa alta no preço do arroz também por causa dos impactos das mudanças climáticas nas safras, como o fenômeno El Niño – aquecimento das águas do Oceano Pacífico. “Esse cenário de alta para os preços do arroz deve continuar com o El Niño aumentando de intensidade nos próximos meses e reduzindo as safras de arroz na Ásia”, disse o banco na ocasião.

A expectativa é que os valores permaneçam em patamares elevados e estáveis, mesmo com perspectivas positivas de importação pelo Governo Federal, que podem baratear os preços, segundo Odálio. “Vai demorar para esse preço chegar no mercado. No momento, não estão sendo muito bem aceitas essas importações pelos nossos grandes produtores de arroz, porque pode haver um desequilíbrio no mercado local”.

Questionado sobre a possibilidade de escassez de arroz no mercado, o especialista da Ceasa esclareceu que não há risco de desabastecimento. “Com essa perda de safra (no Rio Grande do Sul), outras regiões produtoras também não podem suprir todo o mercado do Brasil”, afirmou Odálio. No entanto, “acredito que temos uma boa reserva até que chegue a nova safra de outros Estados produtores”.

O assessor técnico de Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), Sérgio Baima, também não acredita em risco de desabastecimento.

"Estima-se que, da safra total, 80% do arroz já havia sido colhido, mas uma parte que ainda estava na terra ficou debaixo d'água e silos (sistemas de armazenagem) também tiveram impacto com as enchentes. Ainda não se sabe exatamente quanto foi perdido, mas as fábricas e o governo planejam importar arroz. No entanto, o presidente da Farsul – Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul não vê risco de desabastecimento do grão no Brasil pelos próximos 10 meses."

O departamento municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) esclareceu, também, que os supermercados não podem limitar a quantidade de compras para o arroz ou outros itens e que não há informações oficiais de escassez do produto. “Ao contrário, existe por parte de setores atacadistas e do Governo pronunciamentos de estoque garantido do produto", afirmou a presidente do órgão, Eneylândia Rabelo.

Eneylândia pontuou que, apesar do órgão não possuir o papel de avaliar aumentos ou reduções de preços, as altas sem justificativas podem ser consideradas como uma prática abusiva e são passíveis de penalidades, com multas de até R$ 17 milhões. Tais questões podem ser denunciadas pelos consumidores para averiguação do órgão.

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Conab realiza hoje primeiro leilão para compra de arroz

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza hoje, dia 21, o primeiro leilão para a compra de arroz. Serão importadas até 104.034 toneladas da safra 2023/2024. A entidade prevê que o preço do quilo ao consumidor brasileiro fique, no máximo, em R$ 4.

O Ceará e os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará e Bahia receberão a primeira remessa de arroz comprada pelo órgão, em operação de R$ 416,1 milhões.

Tais informações estão na portaria Nº 3/2024 do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Ministério da Fazenda.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, informou que o arroz comprado contará com uma embalagem especial do Governo Federal, na qual será informado o preço de até R$ 4, que deverá ser repassado aos consumidores.

Além da logomarca padronizada para o cereal empacotado, nas embalagens de 2 quilos, "o produto deverá ser descarregado nos portos de Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Itaqui (MA)", conforme a Conab.

A importação dos produtos foi autorizada pela Medida Provisória Nº 1.217/2024, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 9 de maio deste ano, "com o objetivo de enfrentar a calamidade pública e as suas consequências sociais e econômicas derivadas de eventos climáticos no estado do Rio Grande do Sul".

A Conab poderá comprar, em caráter excepcional, até 1 milhão de toneladas de arroz beneficiado ou em casca, no ano de 2024, via leilões públicos a preços de mercado, no intuito de recompor estoques, especialmente de pequenos varejistas nas regiões metropolitanas, com base em indicadores de insegurança alimentar, exceto no Rio Grande do Sul.

Como denunciar

Os consumidores podem denunciar possíveis práticas abusivas pelo aplicativo Procon Fortaleza ou pela central de atendimento (no número 151), além do site da Prefeitura de Fortaleza (www.fortaleza.ce.gov.br), na área de defesa do consumidor.

Panorama dos preços do arroz

Preços do quilo do arroz no atacado do Ceará em 2024  (R$/kg)
Janeiro -  R$ 6,15
Fevereiro - R$ 6,42
Março - R$ 6,08
Abril - R$ 5,92
Maio* - R$ 6,90
*Primeira quinzena

Preços dos fardos de arroz com 30 kg, comercializados em pacotes de plástico, no atacado do Ceará

Janeiro - R$ 184,50

Fevereiro - R$ 193,56

Março - R$ 182,50

Abril - R$ 177,63

Maio* - R$ 207,00

Fonte: Ceasa

Comparativo de preços no Supermercado

Cometa Supermercados (Parquelândia)

  • Alteza branco: R$ 6,79
  • Tio Urbano branco: R$ 7,19
  • Célia branco: R$ 6,69
  • Emoções branco: R$ 7,29
  • Emoções integral: R$ 7,79
  • Camil branco: em falta
  • Tio João branco: R$ 8,39
  • Tio João integral: R$ 9,29

São Luiz (site)

  • Camil Branco - R$ 7,29
  • Camil Integral - R$ 8,99
  • Tio João Branco - R$ 8,39
  • Tio João Integral - R$ 9,79

Frangolândia (Parquelândia)

  • Camil branco: R$ 7,99
  • Camil integral: R$ 9,69
  • Tio João branco: R$ 8,29
  • Tio João integral: R$ 11,49
  • Emoções branco: R$ 7,89
  • Tio Urbano branco: R$ 7,99
  • Urbano integral: R$ 8,99
  • Célia branco: R$ 6,99
  • Elite branco: R$ 6,89
  • Elite integral: R$ 10,09
  • Bom no Prato branco: R$ 6,99
  • Bom no Prato integral: R$ 8,39

Assaí Atacadista (Farias Brito)

  • Camil branco: R$ 7,49
  • Camil integral: R$ 7,79
  • Tio João integral: R$ 7,99
  • Emoções branco: R$ 6,99
  • Tio Urbano branco: R$ 7,19
  • Tio Urbano integral: R$ 7,19


Fonte: checagem O POVO no dia 20/05/2024

 

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