É dos 290 mil metros quadrados nos quais 1.289 permissionários trabalham na Central de Abastecimento do Ceará SA (Ceasa) que os preços dos principais alimentos da mesa de cearenses e até de estrangeiros são balizados.
Isso porque o alcance do entreposto chega a 184 municípios, 5 estados (Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte) e até dois países (Argentina e Uruguai).
Os valores são referência para consumidores, na busca dos menores gastos, e para os produtores, ao colocar os itens à venda nos galpões da Ceasa.
"Nós somos os entrepostos. Juntamos os produtores que vem trazer a mercadoria e os permissionários que fazem a logística e as quitandas e supermercados que vão se abastecer. Acaba funcionando como regulador de preços porque temos o boletim de preços que fornecemos indicando os preços praticados e tem informação do preço médio do produto comercializado. Isso permite saber se estamos vendendo determinado item, de onde ele vem, e por quanto", afirma José Leite, diretor-presidente da Ceasa-CE.
Representar esse peso econômico tem explicação na movimentação de 527,09 milhões de toneladas e R$ 1,8 bilhão movimentados no ano passado - a maior em pelo menos 27 anos.
Para 2022, a Central ainda caminha para superar essa marca. Até setembro, já foram 374,58 milhões de toneladas e R$ 1,58 bilhão movimentados.
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Apenas nos dias das chamadas grandes feiras, entre domingo e segunda-feira e quarta e quinta-feira, a Ceasa tem filas de carretas entre 1h e 5h da manhã, além de ter cerca de 35 mil pessoas circulando.
"É a quantidade de habitantes de um município e são poucos, no Ceará, que tem 30 mil habitantes", compara Leite.
Os números demonstram a importância proporcional em cada macrorregião onde estão os demais entrepostos também.
Em Tianguá, na Serra da Ibiapaba, a movimentação durante as grandes feiras atrai 12 mil pessoas, enquanto que Barbalha, no Cariri, conta com 10 mil. Os dois são administrados pela sede, em Maracanaú.
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Mesmo com a grande movimentação, se abrir mais espaço para venda de produtos, haverá interessados, garante José Leite. O presidente da Ceasa conta que não tem uma lista de espera, mas recebe pedidos de mais boxes e quadras constantemente.
No último ano, por conta das obras da Rodovia Anel Viário, a Central precisou passar por ajustes porque a entrada mudou de lugar, e um novo espaço para permissionários foi aberto. Um novo galpão e outro estacionamento foram construídos e já ocupados.
De um total de R$ 21 milhões, o Governo do Estado promoveu a modernização da estação de resíduos orgânicos e a reforma total da subestação do entreposto de Maracanaú, além ampliação das vias de tráfego, requalificação da infraestrutura, manutenção corretiva e preventiva dos galpões e a construção da nova portaria de entrada e do novo galpão, que devem ser inaugurados até março do próximo ano.
O montante ainda foi destinado para a construção do galpão removível da Ceasa de Tianguá.
"Essa ampliação já foi muito importante e o Estado assegurou, no Mapp (Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários), um galpão a mais, além de termos projetos para mais dois galpões. Mas isso deve ficar para gestão do governador Elmano (de Freitas, do PT)”, acrescentou Leite.
Com um galpão dedicado a cereais e também contando com os maiores frigoríficos do Estado nas instalações de Maracanaú, a Ceasa tem na hortifruti o maior volume de itens comercializados.
Neste ano, até setembro, foram 22,06 milhões de toneladas de frutas, que giraram R$ 75,18 milhões. Desse total, 21,85 mil toneladas foram de itens nacionais, enquanto 171 mil toneladas foram importadas.
As hortaliças movimentaram R$ 69,70 milhões a partir de 17,18 milhões de toneladas. No mesmo período, os cereais foram responsáveis por 712,26 mil toneladas e R$ 4,11 milhões e as carnes somam 1,57 mil de toneladas e R$ 24,91 milhões.
Os itens vêm de pelo menos 26 microrregiões do Ceará, com liderança absoluta da Ibiapaba: 26,8% do total movimentado, chegando a 5,9 milhões de toneladas e R$ 27,98 milhões.
O Baixo Jaguaribe (18,9%; 4,17 mil toneladas e R$ 11,71 milhões) vem em segundo lugar, seguido por Baturité (16,9%; 3,72 mil toneladas e R$ 8,51 milhões) e Fortaleza (16,9%; 3,71 mil de toneladas e R$ 33,70 milhões).
Diante de tanta relevância para a economia cearense, o Governo do Estado enxergou a necessidade de um novo entreposto para atender o Vale do Jaguaribe e Russas foi a cidade escolhida para sediar a nova Ceasa.
José Leite conta que Camilo Santana, ainda enquanto governador, garantiu R$ 15 milhões para a construção - recursos garantidos por Izolda Cela (Sem partido).
“O projeto está pronto, aguardando a definição do terreno. A prefeitura de Russas está vendo uma parceria com o Dnocs para ver a área”, acrescenta sobre a nova unidade que também deve ser administrada por Maracanaú.
No dia 9 de novembro, quando completou 50 anos, a Ceasa recebeu homenagem da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), no mesmo dia, em Sessão Solene às 18h.
Na ocasião, serão homenageados funcionários, permissionários e famílias de permissionários mais antigos, que ajudaram a construir a história da Ceasa-CE.
Ainda dentro da programação pelos 50 anos da Ceasa-CE, foi realizado no dia 10 de novembro, das 8h às 18h, no Hotel Oásis Atlântico, o Encontro Flama/Abracen/BR-Brastece*.
Reuniu presidentes e permissionários de Ceasas de todo o Brasil e de países como o México, Argentina, Colômbia, Uruguai e Paraguai, além de representantes da FAO e Conab*, para discutirem as principais demandas e temas ligados ao setor.
Os produtores de alimentos têm na Central de Abastecimento do Ceará um dos principais equipamentos da cadeia produtiva do agronegócio por dar o alcance aos produtos, ressalta Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec).
"É um local de muita comercialização. É um ponto de referência, inclusive, para formação de preços a partir do boletim diário para os produtos agrícolas", destacou, falando ainda em um "sentimento de muita gratidão pela Ceasa".
A menção de Amílcar diz respeito a umas das metodologias empregadas pela Ceasa e das mais aceitas pelo mercado local. O boletim de preços é publicado diariamente com dados sobre todos os itens vendidos do entreposto.
Setembro de 2022
Como parte da comercialização sofre influência das safras, é possível observar quais dos itens têm em grande quantidade e quais são mais raros de serem encontrados.
Daí, saber qual o preço de venda por aqueles produtores que ainda dispõem de uma safra ou não é mais fácil estabelecer.
O presidente da Faec diz ainda que, apesar da oferta maior em hortifruti, a Ceasa tem relevância igual aos demais segmentos do agronegócio.
A concentração de inúmeros itens do setor balizam os preços, servindo de referência. Além de frutas, verduras e legumes, há comércio de carnes e cereais nos entrepostos cearenses.
Perguntado sobre os desafios para ampliar toda a importância da Ceasa para o setor agropecuário do Ceará, Amílcar aponta a necessidade de ampliação como principal ação nesse sentido.
Com novos boxes e galpões, o presidente da Faec acredita que o produtor rural deve ter mais oportunidade de vender a produção em oferta nos entrepostos sem a necessidade de atravessadores.
"A Ceasa (de Maracanaú) está ficando pequena. A localização é preciosa, mas o espaço é pequeno e precisa ser maior. Abrindo para mais produtores, entram mais pessoas e, quando tem concorrência, fica melhor para todo mundo. Então, a gente espera sempre que a Ceasa cresça, dobre de tamanho", afirma.