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Ceará acumula crescimento de 6% na produção industrial no primeiro trimestre de 2024
Economia

Ceará acumula crescimento de 6% na produção industrial no primeiro trimestre de 2024

| TRANSFORMAÇÃO | Principal destaque do Estado ficou com setor de vestuário, com alta de 27,5%; já o segmento de produtos químicos registrou o maior recuo (42,2%)
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Perspectivas futuras para economia cearense são positivas, de acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale. (Foto: José Sobrinho)
Foto: José Sobrinho Perspectivas futuras para economia cearense são positivas, de acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale.

A produção da indústria de transformação do Ceará cresceu 6% no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior, ante alta nacional de 1,4% no período. O setor de vestuário foi destaque positivo no Estado, com avanço de 27,5%, enquanto o segmento de produtos químicos apresentou recuo expressivo de 42,2%.

A maior parte dos setores teve variação positiva na produção cearense. Couro e calçados, com alta de 19,5%; bebidas,14,9%; metalurgia, 14,2%; coque e derivados do petróleo, 13,8%; produtos de metal, 13,5%; e minerais não metálicos, 4,5%. Ao passo que alimentos (-0,7%), máquinas e materiais elétricos (-5,4%) e têxteis (-7,1%) recuaram.

O cenário de produção industrial atrelado à recuperação do mercado formal de empregos impulsionou o desempenho estadual acima da média brasileira, de acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale. Os dados foram divulgados pelo Observatório da Indústria da entidade ontem, 29.

“O setor de confecções e calçados, que não apresentou resultados tão positivos em 2023, tem uma base de comparação que facilita resultados positivos. Esses setores juntos empregam mais de 100 mil pessoas, e a expectativa é positiva devido ao aumento do consumo e à redução da inadimplência, que abre mais renda para as famílias”, detalhou Guilherme.

A área de moda pode ser impactada positivamente com a taxação de 20% das compras internacionais abaixo de US$ 50, aprovada na Câmara dos Deputados nessa semana, já que a falta dos impostos afeta a competitividade da indústria. “Muitas vezes, pequenos empresários têm dificuldade em competir com produtos importados sem impostos”, disse.

Já o desempenho negativo dos produtos químicos não reflete em perdas de empregos no setor, de acordo com Guilherme. “Ele tem se mantido estável, o que mostra que pode ser uma base de comparação, ou uma questão específica de um movimento captado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas que, pelo menos a priori, não tem preocupado a gente com o que as demais estatísticas têm mostrado no setor.”

No acumulado de 2024, entre janeiro e fevereiro, a atividade econômica do Ceará registrou um índice de 105,7, em uma trajetória contínua de crescimento desde agosto do ano passado. O avanço estadual de 5,4% ficou acima tanto da média nordestina (3,9%) quanto da nacional (2,9%). O Estado ficou, ainda, na quarta posição das Unidades Federativas com maior crescimento.

A recuperação econômica ocorre em um contexto de redução das taxas reais de juros, que foi de 11,4% ao ano (a.a.) em junho de 2023 para 6% a.a. em março de 2024, relacionada à redução da inadimplência dos consumidores, conforme análise do Observatório. “Isso faz com que o consumidor consiga respirar e ganhar força para ter o seu consumo.”

Por outro lado, a taxa de juros real permanece em um patamar elevado em relação ao cenário mundial, o que desincentiva investimentos no setor produtivo e o consumo de bens duráveis – devido ao crédito caro ainda –, mesmo em um contexto de recuperação. Os investimentos são necessários para potencializar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), muito baseado em consumo, na avaliação de Guilherme.

A carga tributária, a taxa de juros e a demanda ainda são desafios para a indústria, segundo o especialista. “Vemos a reforma tributária em vias de regulamentação, com uma expectativa positiva de redução da carga tributária para a indústria, uma recuperação do consumo e um espaço para uma possível redução acelerada das taxas de juros.” Algo que reforçaria o crescimento do setor industrial à frente.

As perspectivas futuras para a economia são, ainda assim, positivas. “Nós somos otimistas em relação à evolução do Brasil, e mais otimistas ainda em relação à evolução da economia do Ceará, porque nós temos setores emergentes como o hidrogênio verde (H2V), a energia renovável, a economia do mar, o nosso turismo (...) e os setores tradicionais, como o têxtil, a confecção”, o assessor econômico da Fiec, Lauro Chaves Neto.

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Cenário de exportações é desafiador em diversos setores no Ceará

No âmbito das exportações, o primeiro trimestre do ano registrou uma desaceleração expressiva em diversos setores, com destaque negativo para a metalurgia – com uma participação de 32% do mercado –, a partir de queda de 64,6% nos valores exportados e de 68,8% na quantidade exportada, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O resultado negativo pode ser explicado pela baixa demanda internacional, de acordo com análise do Observatório da Indústria. No caso do setor metalúrgico, responsável pelo aço, o mercado externo não tem sido positivo para o Ceará, conforme o economista-chefe da Fiec, Guilherme Muchale.

A justificativa é que houve recuo do alto consumo de aço do setor de construção da China, “isso fez com que a China levasse esse aço que está sobrando dentro do seu mercado para o mercado externo, e aí iniciamos uma série de países adotando medidas de defesa comercial”, explicou o especialista.

“As medidas brasileiras que foram tomadas recentemente vieram com meses de diferença das principais economias mundiais, o que se reflete, obviamente, no espaço também que a nossa indústria siderúrgica brasileira, e cearense não é diferente, teve para exportar os seus produtos”, acrescentou sobre o cenário.

Com participação de 26,3%, o setor de couro e calçados recuaram 23% no valor e 16,9% na quantidade exportada no período. Já alimentos – com 20,6% do mercado – teve crescimento nos valores exportados, de 15,2%, mas a quantidade caiu 11,8%.

Extração de minerais não metálicos caiu 29,1% e 31,8% no valor e na quantidade exportada, respectivamente. Produtos minerais não metálicos recuaram 52,5% e 59,5% no valor e quantidade exportada. Enquanto o setor têxtil cresceu 2,7% e 21,1% nas respectivas categorias no mesmo período. Os dois segmentos têm 3% e 2,2% do mercado, nesta ordem.

As perspectivas futuras são incertas nesse contexto, já que há projeção de baixo crescimento nas principais economias mundiais nos próximos anos, além da elevação da taxa de juros dos Estados Unidos, que deverá desincentivar investimentos, contraindo a demanda mundial, analisou o Observatório.

Desempenho da produção industrial no 1º trimestre de 2024

Confecção:  27,5%
Couro e Calçados: 19,5%
Bebidas:14,9%
Metalurgia: 14,2%
Coque e derivados do petróleo: 13,8%
Produtos de metal: 13,5%
Indústria de transformação: 6%
Minerais não metálicos: 4,5%
Alimentos: -0,7%
Máquinas e materiais elétricos: -5,4%
Têxteis: -7,1%
Produtos químicos: -42,2%

Exportação dos principais setores industriais do Ceará

Setores / Participação (%)
Metalurgia: 32%
Couro e Calçados: 26,3%
Alimentos: 20,6%
Extração de minerais não metálicos: 3%
Têxteis: 2,2%
Produtos minerais não metálicos: 1,8%
Indústria total: 100%

Fonte: Observatório da Indústria

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