Com 150 micro e pequenas empresas, o Ceará bateu a meta anual estabelecida pelo novo Brasil Mais Produtivo, programa que visa aumentar em 20%, no mínimo, a produtividade de micro, pequenas e médias empresas no Brasil e fomentar a transformação digital no setor industrial, com coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e envolvimento de diferentes entidades setoriais.
No Brasil, serão destinados R$ 2 bilhões para o engajamento digital de 200 mil indústrias, contando com atendimento presencial a 93 mil empresas até 2027. Linhas de crédito e editais serão disponibilizados durante os quatro anos do programa para beneficiar o segmento. Dados detalhados do Ceará não foram divulgados durante apresentação do programa na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) ontem, 6.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) são parceiros do MDIC no novo Brasil Mais Produtivo.
De acordo com o diretor de inovação e desenvolvimento tecnológico da ABDI, Carlos Geraldo, a primeira apresentação voltada à regionalização do Brasil Mais Produtivo ocorreu no Ceará devido à “perceptível organização” e força econômica do Estado. “A gente precisa usar essa inteligência que existe aqui no Nordeste para o benefício da indústria, o benefício do Brasil.”
“O Ceará foi escolhido justamente pela sua capacidade de engajamento do setor industrial com os parceiros do programa Brasil Mais Produtivo. As metas atribuídas ao estado do Ceará foram cumpridas em apenas três meses, então isso se destacou dentro do Brasil e virou referência para todo o programa. O Brasil todo está vindo ao Ceará para conhecer como é que funciona essa dinâmica”, acrescentou o diretor de operações da Embrapii, Marcelo Prim.
A ideia é que o Senai e o Sebrae, em parceria com outros entes, identifiquem e façam diagnósticos sobre os eventuais gargalos na gestão e produção industrial das micro, pequenas e médias empresas. “Esperamos ter mais recursos para atingir essas metas e ajudar mais empresas a aumentar a produtividade, não deixar essas empresas morrerem por falta de qualificação da indústria”, segundo o diretor do Senai Ceará, Paulo André Holanda.
O programa visa ofertar, ainda, ações gratuitas de inovação e melhoria da gestão a 50 mil micro e pequenas empresas industriais. Outras 30 mil micro e pequenas indústrias, bem como 3 mil médias indústrias, contarão com consultorias especializadas e assessoria em educação profissional para os trabalhadores.
As áreas de alimentos, moda, metalmecânica, construção civil e segurança do trabalho deverão ser, especialmente, beneficiadas com o programa no Estado, projetou Paulo André, do Senai Ceará. A expectativa do gestor é que o número de micro, pequenas e médias empresas participantes do Brasil Mais Produtivo no Estado chegue a 200 até o fim do ano.
Um dos focos é a transformação digital, alinhando-se às diretrizes da nova política industrial brasileira. As companhias irão ser submetidas a um diagnóstico da maturidade para a adoção de tecnologias industriais inteligentes e, depois disso, será feito um projeto customizado, que poderá contar com financiamento e acompanhamento da implantação, segundo as entidades envolvidas.
Projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, desenvolvidos por 360 provedores de soluções tecnológicas, serão aplicados a 8,4 mil micro, pequenas e médias empresas no setor industrial. Outras 1,2 médias companhias contarão com consultoria para um plano de transformação digital e descontos em cursos de pós-graduação.
A geração de empregos deverá, também, ser impulsionada com o programa. O diretor superintendente do Sebrae Ceará, Joaquim Cartaxo Filho, comentou sobre a importância das micro, pequenas e médias empresas nesse cenário. “Em 2023, 88% dos empregos gerados no Estado foram pelos pequenos negócios, então, olha o impacto disso. O pequeno negócio é o grande gerador de emprego no Brasil.”
Como participar do programa?
O Brasil Mais Produtivo – lançado no dia 16 de novembro de 2023 – possui um site (www.brasilmaisprodutivo.mdic.gov.br/) para cadastro das micro, pequenas e médias empresas interessadas desde o dia 31 de janeiro deste ano. Lá, além da inscrição, as companhias poderão visualizar conteúdos de produtividade e digitalização de forma virtual na plataforma, como cursos, materiais e outras ferramentas. O acesso é gratuito.
Setor de moda se beneficia em dobro
Especialistas do setor de moda veem benefícios em dobro por causa do Brasil Mais Produtivo e da taxação de 20% em compras internacionais de até US$ 50, aprovada pelo Senado Federal nesta semana. "Deveria ser uma alíquota maior, de 60%, esse seria o ideal para a gente, mas é um bom começo", na visão do presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário no Estado do Ceará (Sindroupas), Paulo Rabelo Pinheiro.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas no Ceará (Sindconfecções), Daniel Gomes, disse estar animado e acredita que a alíquota de 20% é satisfatória, assim como os benefícios do programa governamental. "A indústria cearense vai se tornar mais competitiva. Então, foi importante esse passo. (...) O Estado está voltando a se desenvolver muito no setor."