Logo O POVO+
Nova política industrial do Brasil destina R$ 300 bilhões em financiamentos; veja detalhes
Economia

Nova política industrial do Brasil destina R$ 300 bilhões em financiamentos; veja detalhes

Plano prevê linhas de crédito, compras governamentais, investimento público e mais
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
22.01.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. Brasília - DF.



Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR 22.01.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. Brasília - DF.

 Foto: Ricardo Stuckert / PR

A Nova Indústria Brasil, nome dado à nova política industrial do país, destinará R$ 300 bilhões em financiamentos. Elaborado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), a iniciativa vai estimular o desenvolvimento, ampliar a competitividade, nortear investimentos e fornecer créditos até 2033.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) destacou que R$ 106 bilhões já haviam sido anunciados em reunião do CNDI em julho do ano passado. Os outros R$ 194 bilhões foram incorporados através de fontes distintas de recursos, no intuito de financiar as prioridades do planejamento até 2026.

De forma detalhada, R$ 271 bilhões serão desembolsados por crédito reembolsável, outros R$ 21 bilhões em modalidade não reembolsável e R$ 8 bilhões via participação no mercado de capitais. É o que informou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Os recursos serão geridos pelo BNDES, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Algumas linhas de crédito contam com taxa referencial (TR) + 2% ao ano, os menores juros de financiamento em inovação no país, segundo o MDIC.

No evento de lançamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os R$ 300 bilhões
são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. “É muito importante para o Brasil que a gente volte a ter uma política industrial inovadora, totalmente digitalizada, como o mundo exige hoje, e que a gente possa superar de uma vez por todas esse problema de o Brasil nunca ser um país definitivamente grande e desenvolvido”, afirmou o presidente.

“O nosso problema era dinheiro. Se dinheiro não é problema, então nós temos que resolver as coisas com muito mais facilidade”, disse Lula, ao cobrar os ministros para que apresentem resultados pelo novo programa.

A fala do presidente chama a atenção num contexto de grande incerteza em relação ao cumprimento da meta de déficit zero neste ano, com a equipe econômica debruçada sobre o Orçamento.

A expectativa é promover uma nova indústria “inovadora, verde, sustentável, exportadora e competitiva", afirmou o vice-presidente e ministro da pasta, Geraldo Alckmin (PSB). “Esta política representa uma visão de futuro. Uma declaração de confiança em nossa capacidade de competir e liderar áreas estratégicas diante do mundo”.

As metas do “Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026” deverão ser submetidas à avaliação do CNDI nos próximos 90 dias, e sua divulgação ocorreu na última segunda-feira, 22, em solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros e entidades do setor.

Setores incluídos na Nova Indústria Brasil

Agroindústria; complexo industrial de saúde; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade; transformação digital; bioeconomia; e tecnologia da defesa estão entre os setores incluídos nas metas e diretrizes propostas.

O presidente do Conselho de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Leonardo de Castro, comentou que a Nova Indústria Brasil é um plano em construção, com muito trabalho pela frente.

"Também sabemos que planos de desenvolvimento industrial só têm sucesso quando construídos com intensa participação dos setores envolvidos e, principalmente, conectados aos anseios da sociedade de forma ampla", pontuou Castro.

Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vê o lançamento da nova política industrial como a "demonstração de que o governo federal reconhece a importância da indústria de transformação para colocar a economia brasileira entre as maiores do mundo, e isso deve ser aplaudido". 

A expectativa é positiva para o Ceará, analisou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa. “Esperamos que as ações propostas contribuam para fortalecer a indústria cearense, gerando empregos e estimulando o crescimento econômico”.

O setor de saúde não teve a importância que esperava a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo). “O plano, agora, precisa ser realizável. Nós só vamos aplaudir quando entendermos todas as ferramentas”, de acordo com o diretor-presidente Paulo Henrique Fraccaro.

Presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC) e diretor de relações industriais do Sindicato das Indústrias Químicas do Estado do Ceará (Sindquímica), Marcos Soares também citou que, antes, existiam obstáculos burocráticos, a exemplo de documentações. “São empecilhos que o governo deve abordar (com o plano), visando induzir o desenvolvimento e desburocratizar o processo”.

Nova Indústria Brasil e arrecadação tributária

As indústrias têm, ainda, um importante papel na arrecadação tributária por integrarem o primeiro elo da cadeia produtiva. Com a Nova Indústria Brasil, há muito a ser desenvolvido, segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Carlos Pinto.

“O mundo ideal seria que o governo conseguisse cumprir os seus planejamentos econômicos sociais, a partir do desenvolvimento da economia produtiva, e não do aumento do aumento da taxação fiscal. Se compreendemos que a produção industrial, somada a outras medidas, é capaz de movimentar a economia interna, é muito salutar ao Brasil”.

Governo Lula lança nova política industrial; entenda o plano


Mais notícias de Economia

Entenda o que prevê a nova política de industrialização

  • Plano prevê R$ 300 bilhões para financiamento de ações da neoindustrialização até 2026
  • Projetos de inovação terão linhas de crédito com taxas TR+2% ao ano
  • O Governo vai assinar um decreto com definições sobre exigência de aquisição ou margem de preferência para produtos nacionais nas compras públicas
  • Foi criado um plano de ação, o Nova Indústria Brasil, com metas a serem cumpridas em seis missões para nortear os esforços até 2033

Metas a serem cumpridas até 2033

Meta 1 : Cadeia Agroindustriais

Para garantir a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros serão fortalecidas as cadeias agroindustriais. A meta é que na próxima década 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar sejam mecanizados. Atualmente, o percentual está em 18%. Além disso, 95% dessas máquinas devem ser produzidas nacionalmente.

Meta 2: Indústria da Saúde

A meta é ampliar a participação da produção no país de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, entre outros, o que contribuirá para fortalecer o Sistema Único de Saúde e melhorar o acesso da população à saúde.

Meta 3: Bem-estar das pessoas nas cidades

Entre as metas está a de contribuir para reduzir em 20% o tempo de deslocamento das pessoas de casa para o trabalho. Atualmente esse tempo é, em média, de 4,8 horas semanais no País.
A política propõe ampliar em 25 pontos percentuais a participação da produção brasileira na cadeia da indústria do transporte público sustentável. Hoje a participação nacional representa 59% da cadeia de ônibus elétricos, por exemplo.

Meta 4: Transformação digital da indústria

O objetivo é que 90% das empresas industriais brasileiras sejam digitalizadas (hoje, são 23,5%) e que o Brasil consiga triplicar a participação da produção nacional nos segmentos de novas tecnologias

Meta 5: Bieconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas

Ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes, que hoje está em 21,4%. Também se espera aumentar o uso da biodiversidade pela indústria e, ainda, reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional

Meta 6: Indústria da Defesa

Meta é alcançar a autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas de maneira a fortalecer a soberania nacional. Será dada prioridade para ações voltadas ao desenvolvimento de energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento, sistemas de propulsão e veículos autônomos e remotamente controlados.

Fonte: MDIC

Entenda o que prevê a nova política de industrialização

O que você achou desse conteúdo?