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Agronegócio cearense cresceu 25,8% em seis anos, aponta novo indicador
Economia

Agronegócio cearense cresceu 25,8% em seis anos, aponta novo indicador

|SEGUNDO IPECE| Setor ampliado, inclui agroindústria e agrosserviços também começou a reverter tendência de queda de participação no PIB do Estado em 2020
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INDICADOR foi apresentado durante a PEC Nordeste 2024  (Foto: JoaoFilho Tavares)
Foto: JoaoFilho Tavares INDICADOR foi apresentado durante a PEC Nordeste 2024

O agronegócio cearense cresceu 25,8% em um espaço de seis anos, passando de um valor de R$ 31 bilhões para R$ 39 bilhões entre 2013 e 2019. Embora aponte para o período pré-pandemia, esse é o primeiro indicador ampliado para aferir a riqueza produzida pelo setor que inclui a agropecuária, a agroindústria, os agrosserviços, bem como a produção de insumos relacionados.

O estudo foi encomendado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) com objetivo de auxiliar na elaboração de políticas públicas para o setor e incluiu a apresentação do o sistema de contas ambientais de recursos hídricos do Estudo. Apesar do crescimento no período analisado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio seguia tendência de queda com redução de 28,7% de participação no PIB do Estado para 23,9%.

Com dados já consolidados de 2020 e de 2021 acrescentados à pesquisa, é possível observar, contudo, uma reversão do movimento de queda, com essa participação do agronegócio aumentando para 25,4% do total do PIB cearense. De acordo com uma das autoras do estudo, a pesquisadora do Núcleo de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-IBRE), Juliana Trece, em 2022 essa tendência de recuperação do segmento seguiu.

“A agropecuária do Ceará em 2022 teve um bom desempenho. Obviamente, a gente ainda tem que ver o que aconteceu com o setor agroindustrial, mas pelo indicador agropecuário a gente já consegue ver que essa retomada deve continuar ou, pelo menos, estabilizar”, explicou a pesquisadora. Sobre 2023, Juliana Trece disse que é possível ter alguns indicativos indiretos, observando o que aconteceu no cenário nacional.

“Ano passado a gente sabe que o agronegócio puxou a economia brasileira como um todo. Só a agropecuária, sem contar o agronegócio inteiro, foi de quase um 1% percentual do PIB, que foi de 2,9%. Então, o agronegócio com certeza foi muito mais do que isso e no Ceará essa dinâmica também não é muito diferente dessa”, pontuou.

Quanto ao ano de 2024, o que preocupa produtores rurais e representantes do governo foi o impacto das chuvas acima da média registradas entre os meses de fevereiro e maio, contrariando as previsões meteorológicas iniciais que apontavam para uma quadra chuvosa abaixo da média em
decorrência do fenômeno El Niño.

“Isso assustou um pouco os produtores, até porque em janeiro houve escassez da chuva e, de repente, você se depara com um clima com muita chuva. Os agricultores afirmam que não começaram o plantio mais cedo por conta da perspectiva de seca”, explicou Cristina Paiva, analista de políticas públicas para agropecuária do Ipece.

Nesse sentido, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, corroborou a avaliação sobre esse panorama. “Muita gente deixou de plantar porque o prognóstico era de seca severa e na verdade veio um inverno (quadra chuvosa) maravilhoso”, disse.

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 29-04-2019: Bandeja de açaí. Estabelecimento Puro Açaí. Comes e Bebes. (Foto: Júlio Caesar/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 29-04-2019: Bandeja de açaí. Estabelecimento Puro Açaí. Comes e Bebes. (Foto: Júlio Caesar/O POVO)

Produção de açaí no Ceará pode ser melhor do que a do Pará, diz consultor

Com um forte mercado de consumo que cresce 15% ao ano, o açaí cultivado no Ceará tem o potencial de ser melhor do que o do Pará, conforme explicou Eliseu Belort, consultor técnico em fruticultura irrigada, durante o evento da PEC Nordeste 2024.

Isso porque o fruto precisa de três áreas para a escolha do local de plantio: infraestrutura, solo e clima. Neste último quesito, o Ceará se destaca em relação ao Pará, visto que a luminosidade do primeiro é de 4380 hl/ano enquanto a do segundo é de 2389 hl/ ano. "Aqui a gente tem capacidade de produzir o açaí com muito mais qualidade."

Além disso, Eliseu Belort afirma que a segurança hídrica é fundamental para o cultivo de açaí, ou seja, é importante procurar regiões que tragam essa garantia. Há também a questão da temperatura. No Estado, existe uma plantação há mais de cinco anos em Paracuru, na Fazenda Agropar. "A temperatura é um fator limitante para o cultivo do açaí. No Ceará, as condições são favoráveis, com temperaturas que raramente caem abaixo de 15 graus. A suplementação hídrica é crucial, pois o açaí não tolera bem o excesso de água e pode travar seu crescimento", ressalta.

Antes de iniciar o plantio, é necessário fazer um preparo adequado do solo, análise e correção, sendo que a tecnologia de aumento de fertilidade é essencial para maximizar a produção. "A correção do solo, especialmente em relação ao pH, é vital. Um pH adequado melhora a disponibilidade de nutrientes e reduz a toxicidade de elementos como o alumínio, que pode ser prejudicial às plantas."

Portanto, o consultor técnico em fruticultura irrigada reforça que o foco deve estar em garantir a segurança hídrica, qualidade do solo e genética das plantas, além de um bom entendimento do mercado e das competências profissionais necessárias.

Pensando nisso, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Ceará quer estimular a plantação de açaí no Estado, segundo o secretário-executivo do agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro. "O açaí é uma cultura que eu acredito que tem um grande potencial e pode dar grande salto na produção no Estado. É uma cultura que tem uma demanda gigante no Brasil", afirmou.

Além do açaí, existem outros projetos de estímulo a culturas como o cacau, mirtilo, caju, café e a acerola orgânica. Esta, especificamente, o secretário afirmou que muita gente quer comprar, porém, não tem o suficiente. (Fabiana Melo)

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