A Usina de Dessalinização (Dessal) vai ser construída em novo endereço na Praia do Futuro.
O local é distante cerca de 1 quilômetro (Km) de onde estão localizados os cabos submarinos e pouco mais de 500 metros do local em havia sido anunciado o licenciado pelos órgãos ambientais.
Agora será preciso novo estudo do local em terra, mas a parte aquática não necessita mais de aval.
O movimento ocorre após o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), negociar com as empresas de telecomunicações.
Estas pressionavam desde o ano passado afirmando que a Dessal colocava a cobertura de internet do Brasil em risco.
Conforme O POVO apurou, a ideia diminui o risco de prejuízo para as empresas já instaladas na localidade. O POVO ainda apurou que o terreno então licenciado para Dessal agora será sede de um centro tecnológico.
A previsão é que na sexta-feira, 14, haja reunião com os envolvidos para formalização do acordo, em Brasília, junto ao Governo Federal.
Conforme o Governo do Estado, esse equipamento deve servir para formação de profissionais para os setores de telecomunicações e tecnologia e para abrigar startups e que proporcionará "um ambiente favorável para atrair mais empresas tecnológicas."
Vale lembrar que o movimento representa uma mudança de posição de Elmano que, em setembro do ano passado, criticou duramente as empresas que se levantaram contra a instalação da usina.
À época, o governador, em entrevista à rádio O POVO CBN, afirmou que as teles queriam "ser donas da Praia do Futuro".
Foi também no mesmo período que um representante de telecom afirmou ao O POVO que a construção de uma usina de dessalinização geraria "risco de apagão da internet" no Brasil, pela proximidade com os cabos submarinos da região que ligam à Europa e aos Estados Unidos.
A usina é um projeto consorciado pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) que se desenrola desde setembro de 2022, mas que ganhou notoriedade nacional após empresasdefenderem o argumento de risco àinternet do Brasil.
Mesmo em meio às polêmicas, desde o ano passado o projeto da Dessal avançou nos órgãos ambientais.
Em novembro passado, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) deu aval à construção, posicionamento que foi seguido pela Superintendência do Patrimônio da União no Ceará (SPU-CE).
O empreendimento tem investimentos previstos de R$ 3 bilhões, ao longo de 30 anos.
A usina terá capacidade de produzir mil litros/1 metro cúbico de água potável por segundo e deve beneficiar cerca de 720 mil pessoas.
Fica perto de 17 cabos submarinos de fibra óptica, ligam a Capital às Américas Central e do Norte, à Europa e à África.
Essas estruturas são revestidas de borracha, cobre e gel de silicone instaladas nos fundos dos oceanos.
As teles argumentam que a proximidade de estruturas de captação da água do mar próxima dos equipamentos poderiam causar algum prejuízo à conexão.
Cagece e Anatel dialogavam desde 2022 para que o projeto andasse sem contestações.Os planos chegaram a ser alterados para ampliar a distância da planta de dessalinização para os cabos de 50 metros para 500 metros.
Quando as teles se levantaram contra o projeto em 2023, contando depois com o apoio da Anatel, a Cagece já assumia que isso impactaria no prazo de entrega da Dessal, que estava prevista para iniciar a operação em 2025. (Colaborou Révinna Nobre)
Atualizado às 9h45min