Logo O POVO+
Dólar sobe para R$ 5,46 e atinge maior nível do governo Lula
Economia

Dólar sobe para R$ 5,46 e atinge maior nível do governo Lula

| Apesar do Copom| Bolsa tem valorização de 0,15% um dia após decisão sobre juros
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
COTAÇÃO do dólar subiu 0,38% (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil COTAÇÃO do dólar subiu 0,38%

O fim dos cortes da Taxa Selic (juros básicos da economia) acalmou pouco o mercado financeiro. O dólar subiu pela quinta vez seguida e atingiu o maior valor durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A bolsa de valores iniciou o dia em alta, mas perdeu força e fechou praticamente estável.

O dólar comercial encerrou o dia de ontem sendo vendido a R$ 5,462, com alta de R$ 0,02 ( 0,38%). A cotação começou o dia em baixa, chegando a R$ 5,39 por volta das 9h30, mas inverteu o movimento.

Além da alta no exterior, a moeda norte-americana foi pressionada pela entrevista em que o presidente Lula lamentou a decisão do Banco Central de manter a Selic em 10,5% ao ano. "Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juro, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro", afirmou o presidente, durante agenda no Ceará.

Com a alta de ontem, o dólar atingiu o mais alto nível desde 22 de julho de 2022, quando tinha fechado a R$ 5,49. A divisa acumula alta de 4,06% em junho e de 12,55% em 2024.

Mercado de ações

No mercado de ações, o dia foi marcado pela volatilidade. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 120.446 pontos, com alta de 0,15%. Apesar da alta das commodities (bens primários com cotação internacional) ter impulsionado ações de petroleiras e de mineradoras, o mercado foi afetado pela expectativa de que os juros altos estimulem a migração de investidores da bolsa para a renda fixa, aplicação menos arriscada.

Na B3, as empresas que mais sentiram foram as de varejo (Magazine Luiza -3 70%) e de construção (MRV -4,23%, na ponta perdedora do Ibovespa na sessão).

Na reunião de quarta-feira, dia 19, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerrou o ciclo de cortes na Taxa Selic e manteve os juros básicos da economia em 10,5% ao ano, indicando que não deve mexer na taxa nas próximas reuniões.

As declarações de Lula, no entanto, trouxeram instabilidade ao mercado financeiro por indicar a possibilidade de o próximo presidente do Banco Central sofrer interferências do Palácio do Planalto, apesar da autonomia formal da autoridade monetária.

O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina em dezembro deste ano. Além dele, em 2025, a maioria da diretoria do BC já será composta por nomes indicados por Lula.

Rodrigo Moliterno, chefe da área de renda variável da Veedha Investimentos, avalia que o cenário enseja cautela. "A decisão unânime do Copom é positiva. Mostrou independência das 'vontades do poder', mas as declarações do presidente Lula ainda suscitam cautela."

A alta do dólar, no entanto, não se deveu apenas a fatores domésticos. No dia seguinte a um feriado nos Estados Unidos, as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano, considerados os investimentos mais seguros do planeta, voltaram a subir. Juros altos em economias avançadas estimulam a migração de capitais de países emergentes, como o Brasil. (Com agências)

 

Mais notícias de Economia

O que você achou desse conteúdo?