O Ceará tem potencial de atrair mais de US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 163,6 bilhões) em investimentos na área de hidrogênio verde (H2V) até 2031. A capacidade de geração de energia é estimada em até 11 gigawatts (GW).
Os dados são de um mapeamento de oportunidades apresentados ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) em parceria com o Governo do Estado.
O estudo foi conduzido pela consultoria norte-americana IXL Center e contou com uma metodologia de construção coletiva, incluindo a participação de especialistas da Universidade de Harvard e do MIT (Instituto Massachusetts de Tecnologia, tradução em português).
O levantamento também contou com pesquisadores de mais de 15 nacionalidades diferentes, uma equipe de consultores seniores especializados em inovação e representantes de diversas organizações públicas e privadas locais.
A escolha do Ceará como impulsionador da ideia é explicada pela combinação do vento e do sol, detalhou Hitendra Patel, CEO da IXL. Patel analisou que a base industrial já estabelecida no Estado facilita o avanço para a nova tecnologia.
Outros fatores estão alinhados com as políticas ligadas à segurança jurídica, administrações públicas consistentes, infraestrutura logística eficiente e educação de qualidade, além da localização do Porto do Pecém, que oferece ao Ceará uma "vantagem estratégica para exportações e acordos internacionais".
Em relação ao cenário trabalhista, a projeção durante a fase de implantação é a criação de 50 mil ou mais novos postos de trabalhos ligados ao H2V, como especialista técnico em operação, instalador de sistemas de eletrólise, operador de logística de transporte de gases, dentre outros.
Já na “fase de cruzeiro”, ou seja, no ápice da operação, a estimativa de empregos diretos é entre 10 e 12 mil. O de indiretos fica entre 25 e 30 mil.
Segundo o estudo, a expansão da indústria do H2V no Estado demandará mais moradia e serviços, gerando oportunidades para setores, como serviços públicos, tecnologia e inovação, infraestrutura comercial, dentre outros.
Presente no evento, o governador do Estado, Elmano de Freitas, classificou o mapeamento apresentado como "especial e importante" para o Ceará, além do ênfase para seis pré-contratos já assinados para a efetivação dos investimentos.
“Nós estamos querendo transformar o Ceará no hub de hidrogênio verde do Brasil, da América Latina e esse estudo nos ajudará demais, porque fez o estudo de toda a cadeia global com especialistas de vários países de universidades reconhecidas e eu tenho segurança de que isso vai nos ajudar bastante no planejamento que viemos realizando para ter o Ceará como uma grande referência em produtor de hidrogênio verde”.
Acerca das oportunidades de trabalho, Elmano detalhou sobre a necessidade de qualificação da mão de obra. Para o cenário, o executivo afirmou que lançou um programa juntamente à Fiec, ao setor produtivo e às universidades para formar 12,5 mil jovens na área de energia, além da compra de material para laboratórios e formação de professores.
A cerimônia também contou com o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, que enfatizou a importância da união entre a indústria, o Poder Público, especialistas e investidores com o objetivo de fortalecer o tema da transição energética e do H2V no Estado.
“Nós iremos ter uma demanda de mão de obra espetacular, de altos salários e, o mais importante, vamos precisar qualificar esses profissionais. E essa qualificação a gente só consegue se tiver de mãos dadas, entendendo o que irá acontecer. O momento que o Estado do Ceará tem hoje é único. Nunca houve uma oportunidade como teremos agora com a transformação energética que está acontecendo", enfatizou.
Além de Patel, o evento teve a presença e apresentação dos professores de Harvard, Donald Lessar, especialista em transição energética, e do MIT, Gunther Glenk, especialista em competitividade de energias limpas.
Para José Barros Neto, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), o estudo apresentado tem importância para o setor acadêmico, já que há uma proximidade pelos projetos desenvolvidos na Universidade relacionados à energia renovável.
Também coordenador do Ceará 2050, plataforma colaborativa de planejamento estratégico de longo prazo, Barros Neto considera que é "muito importante porque nós estamos ligado diretamente a essa visão de um novo estado, de uma nova proposta e e ter essa questão do hidrogênio verde, que é uma alavanca que tá se trabalhando para a questão do desenvolvimento do estado, tem tudo a ver com a questão do Ceará 2050".
Impactos do hub de H2V na economia
Empresas com dimensionamento já anunciadas
Fortescue - Austrália - 2,1 - Eletrólise/Renovável - US$ 6 bilhões
Casa dos Ventos - Brasil - 2,4 - Eletrólise/Renovável - US 7 bilhões
Qair - França - 2,2 - Eletrólise/ Renovável - US$ 7 bilhões
Voltalia - França - 1 - Eletrólise/Renovável - US$ 3 bilhões
AES Brasil - Estados Unidos - 1 - Eletrólise - US$ 2 bilhões
Cactus - Brasil - 1,1 - Eletrólise - US$ 2 bilhões
FRV - Espanha - 2 - Eletrólise - US$ 5 bilhões
Infraestrutura necessária nos próximos 5 anos
(2024 a 2029)
Infraestrutura portuária:
700 milhões
Infraestrutura hídrica:
150 milhões
Água de reuso:
300 milhões
Linha de transmissão:
2,27 bilhões
Dutos e tancagens de amônia: a definir
Total: 3,42 bilhões
Fonte: Masterplan do Hidrogênio
Efeitos
Segundo o estudo, a expansão da indústria do H2V no Estado demandará mais moradia e serviços, gerando oportunidades para setores, como serviços públicos, tecnologia e inovação, infraestrutura comercial, dentre outros