Além dos grandes projetos para construir novas usinas, a chamada geração distribuída (GD), quando a eletricidade é gerada no próprio local do consumo, notadamente com a instalação de placas solares fotovoltaicas, tem incrementado, mas também tornado mais complexos os desafios do setor energético no Ceará e no Brasil. Soma-se isso a expansão do mercado livre, quando o cliente pode negociar diretamente com os fornecedores, as condições comerciais, incluindo preço, quantidade de energia contratada e período do suprimento, por exemplo.
Todos esses projetos em operação e outorgados, além dos novos modelos de geração e comercialização de energia, levam o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a estimar que o Brasil vai atingir, em 2028, uma oferta energética até duas vezes e meia maior que a demanda. Mais precisamente, 281,56 GW devem ser ofertados daqui a quatro anos para uma necessidade de 110,98 GW que será demandada.
"O que está acontecendo? As concessionárias são obrigadas a contratar a energia projetada para a sua área de concessão. Aí, se aumenta muito a quantidade de projetos de geração distribuída, o contrato que tem vai ficar sobrando. Agora, a energia não vai sobrar nunca porque a energia elétrica só é produzida na hora que é consumida", explica Jurandir Picanço, consultor de energia da Fiec.
"Os consumidores que saem para o mercado livre, reduzem a demanda das concessionárias. Então, se tem consumidores que saem da concessionária para o mercado livre também vai ficar sobrando, contrato ali da concessionária. Mas eu entendo o seguinte: no final todos os os projetos que são desenvolvidos são estudados com a sua base econômica", acrescenta.