A Brisanet oficializou ontem o lançamento do 5G "puro" na Grande Fortaleza, com cobertura de 100% dos bairros. Durante a cerimônia, o CEO da empresa, José Roberto Nogueira, destacou que o Brasil pode praticamente universalizar a cobertura dessa tecnologia em seu território, notadamente nas áreas rurais, com aproximadamente de R$ 50 bilhões, ante R$ 1 trilhão necessários para fazer o mesmo na Europa.
Isso representaria 20 vezes menos investimentos para levar o 5G a cerca de 90% da população da zona rural que o necessário para fazer o mesmo no chamado Velho Continente, que tem dimensões territoriais similares, excluindo a Rússia dessa conta.
Apesar disso, ele chamou a atenção para a necessidade de os governos estaduais e federal ampliarem as políticas de incentivos e aplicação de recursos públicos e citou como exemplo o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que arrecada R$ 1 bilhão por ano e restrições legais de utilização.
"É um problema que tem de ser resolvido junto com a iniciativa do governo porque o investimento em qualquer cidade do Interior para cobrir a área rural é várias vezes maior que o investimento em uma sede de município. Não dá para fazer com recurso privado, a custo de mercado, uma implementação de tecnologia 5G na zona rural", disse Nogueira, complementando que o volume de investimento necessário para levar a tecnologia ao campo é cerca de 12 vezes maior que o necessário para levar a uma zona urbana.
Na prática, ter um 5G "puro", também conhecido como standalone, significa que a infraestrutura da empresa para a essa nova tecnologia utiliza apenas antenas e núcleos da própria rede 5G. E não mais aproveitando aquela ancorada em tecnologias anteriores. Ou seja, proporciona uma melhor experiência ao cliente.
Segundo Nogueira, no caso da Brisanet, a implantação do 5G no Ceará começou pelas cidades do Interior, sendo a Grande Fortaleza a última a receber esta infraestutura. "A maior dificuldade na Capital foi a negociação com topo dos prédios, foi uma negociação longa, mas estamos concluindo agora com 100% das torres de 5G. Hoje a Brisanet tem mais torres que as três outras operadoras juntas, é algo expressivo."
Ele também comparou o custo médio da internet no Brasil ao dos Estados Unidos. Segundo o empresário, a "internet está variando de US$ 10 a US$ 18, a cada 500 MB, enquanto nos Estados Unidos ela custa US$ 60. Isso é uma evolução gigante que a Brisanet influenciou. O Brasil hoje está nesse estágio superando em telecom países desenvolvidos, com capilaridade e preço".
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (UB-MA), elogiou o processo de implantação da rede 5G pela Brisanet, que arrematou, em 2021, lotes do Nordeste e do Centro-Oeste para a implantação da tecnologia em leilão promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O gestor disse, contudo, que considerando o País como um todo, ainda há muito o que ser feito pelas vencedoras do certame.
"Houve um cronograma de implantação feito na gestão anterior, que hoje deixa um pouco a desejar e gerou uma expectativa muito grande de que isso estivesse disponível para população de forma mais célere. A implantação do 5G carece de muito investimento por parte das grandes operadoras e a gente tem que ponderar que essa não é uma operação barata", pontuou.
Ele enfatizou que "o ministério das Comunicações, no que tange à sua parte, já fez a limpeza da faixa de frequência para implantação em mais de 4 mil municípios no Brasil e hoje a gente tem em torno de menos de 400 municípios que já estão com operação 5G ativa parcialmente, ou seja, apenas um pedaço daquela cidade tem o 5G disponível para a população".