Apesar de concentrar a maior parte da produção econômica do Ceará, a participação da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) no Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 caiu em relação a 2010.
O movimento, contudo, foi inverso para os municípios do interior. Isso porque, em 2021, a RMF era responsável por R$ 124,05 bilhões, o equivalente a 63,66% do PIB cearense, de R$ 194,8 bilhões, e o Interior por R$ 70,82 bilhões (36,34%).
Já em 2010, a RMF tinha uma participação de 65,45% do indicador, o equivalente a R$ 51,92 bilhões, e o interior por R$ 27,41 bilhões, ou seja, 34,55%.
Os dados estão no trabalho Produto Interno Bruto Municipal (Nº 02 – Agosto/2024) – PIB das Regiões de Planejamento do Estado do Ceará, publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
A título de exemplo, em 2020, o total da RMF somava R$ 102,93 bilhões, o equivalente a 61,67% do PIB geral do estado, de R$ 166,91 bilhões, e o Interior por R$ 63,98 bilhões (38,33%).
Em 2002, os números eram de R$ 18,61 bilhões (64,48%) e de R$ 10,2 bilhões (35,52%) na mesma análise, respectivamente.
De acordo com o estudo, o ganho de participação de 1,99 ponto percentual (p.p.) da RMF verificado no ano de 2021, com relação ao ano de 2020, é explicado pela recomposição das perdas verificadas no ano de 2020.
Estas foram "advindas dos efeitos negativos causados pelas restrições sanitárias relativas à pandemia da Covid-19, que afetou negativamente grande parte das atividades econômicas pertencentes aos setores dos serviços e indústria, no qual apresentam grande concentração nos municípios pertencentes a RMF."
Conforme o analista de políticas públicas e um dos autores do trabalho, Daniel Suliano, historicamente é possível observar uma perda de participação da RMF.
No que se refere a análise dos dados do PIB do Ceará das Regiões de Planejamento, o trabalho mostra que 75,55% de tudo que foi produzido no Ceará, em 2021, está concentrado nas seguintes regiões de planejamento:
Na análise da evolução da estrutura produtiva por regiões de planejamento, as que registraram maiores ganhos de participação, na comparação do ano de 2021 em relação ao ano de 2002, foram:
Em direção oposta, as regiões que apresentaram maiores perdas de participação, para a mesma base de comparação foram: Grande Fortaleza, com perda de 0,82 p.p., Sertão de Sobral (-0,45%) e Litoral Oeste / Vale do Curu (-0,33 p.p.).
Sobre o PIB per capita, a RMF, em 2021, apresentou valor de R$ 29.764, sendo este aproximadamente 2,13 vezes maior do que o PIB per capita do Interior do estado, que era de R$ 13.963.
"Analisando a evolução da relação entre o PIB per capita do Interior e RMF para o período de 2002 a 2021 percebe-se uma gradual redução da diferença entre elas na medida em que relação Interior/RMF passa de 0,42 em 2002 e 2010 para 0,47 em 2021", frisa Daniel Suliano.
Ele explica que a relação entre o PIB per capita da RMF e o Interior encontra-se acima de 1, o que indica a existência de uma desigualdade econômica.
Assim, essa relação é em parte explicada pelo fato de que os seis municípios com maior PIB per capita do Ceará estarem localizados na RMF, possuindo, inclusive, um PIB per capita superior ao do Estado.
O estudo mostra também que em 2021 as seguintes cinco regiões com maior PIB per capita:
"É importante observar que apenas a Grande Fortaleza (R$29.763) apresentou um PIB per capita superior ao do Estado (R$ 21.090) no ano de 2021. Adicionalmente, a região de planejamento da Grande Fortaleza vem mantendo-se como a maior de PIB per capita desde o início da série, em 2002."
Regiões
As cinco regiões com maior PIB per capita são: Grande Fortaleza, Litoral Leste, Vale do Jaguaribe, Sertão de Sobral e Serra da Ibiapaba