O ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, afirmou que o Brasil é carente de inúmeras reformas econômicas, inclusive a que evite o endividamento. A declaração foi dada nesta segunda-feira, 12, em entrevista exclusiva ao O POVO News 2ª edição.
A análise foi em relação ao artigo “O Sequestro da Imaginação”, do economista André Lara Resende, sobre estabilização econômica.
Armínio também pontuou a atual situação econômica do Brasil. Segundo ele, o tripé macroeconômico está “capenga” na área fiscal, mas se apresenta sólido do ponto de vista cambial, visto que a taxa de câmbio flutua.
“A inflação está um pouco alta, mas está dentro de um sistema, no geral, eu diria bem. Mas o Brasil vem crescendo muito pouco, pelos motivos que eu já citei aqui (taxa de juros, endividamento). É uma situação mais sólida do que foi no passado, não por crescer de forma acelerada e justa, mas por aguentar o tranco”.
No que se refere à atuação do governo Lula no cenário econômico, Fraga compara os mandatos do presidente e a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Ele (Haddad) teve o grande mérito de colocar em pauta a situação fiscal. Ele fez isso se colocando em oposição ao chefe dele (Lula). Então ele merece respeito por isso. O presidente Lula, embora tenha sido fiscalmente prudente nos seus primeiros mandatos, não foi ali no terceiro mandato com a Dilma, no quarto também não”.
Dentro do mesmo debate, o ex-presidente do BC ainda sinalizou que, apesar do debate intenso no Congresso, a Reforma Tributária está caminhando.
Durante a entrevista, Armínio Fraga reafirmou sua posição política.
“Sou liberal. Acredito em igualdade e oportunidade. É que às vezes eu me vejo reclamando de subsídios malucos para rico, isso é um absurdo. E se isso me coloca à esquerda, beleza, eu fico à esquerda”.
Perguntado sobre uma possível volta à vida política, a possibilidade não foi descartada caso esteja alinhada com os valores e crenças do economista.
Fraga relembrou suas duas passagens pelo Banco Central. A primeira como diretor de assuntos internacionais, de 1991 a 1992, e a segunda como presidente da entidade, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), de 1999 a 2002.
“Esse trabalho foi extremamente desafiante e gostoso de trabalhar”.
Armínio ainda comentou sobre o legado deixado pelo ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, Delfim Netto, que faleceu nesta segunda-feira, aos 96 anos.
De acordo com ele, Delfim comandou a economia de uma "forma ajeitada" durante os primeiros anos da ditadura militar. Mas a estratégia de desenvolvimento adotada não tinha disciplina na área fiscal, com pouca atenção para pontos como a educação, para a questão da falta de oportunidades, além de ser uma economia fechada e com uma atitude ultra intervencionista do estado. "A história vai ser dura com ele."
Atuação
Além de
ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga é sócio-fundador da Gávea Investimentos