O Banco do Nordeste registrou um lucro líquido de R$ 1,02 bilhão no primeiro semestre de 2024, referente a um aumento de 11% em relação a igual período do ano anterior.
No Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), foram mais de R$ 21 bilhões em desembolsos nos primeiros seis meses deste ano.
Um volume histórico para o período, que representa um aumento de 25,8% na base anual. Os resultados foram adiantados pela jornalista Beatriz Cavalcante.
O presidente do banco, Paulo Câmara, vê a expansão dos desembolsos e do volume de novas contratações estarem em linha com a melhoria da concessão de crédito.
Tais recursos foram fundamentais para a geração ou manutenção de, aproximadamente, 282 mil empregos, segundo estimativa do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene).
Os impactos econômicos do FNE geraram, ainda, uma adição de R$ 3,59 bilhões na massa salarial do Nordeste e R$ 901,8 milhões na arrecadação tributária.
"Além disso, os financiamentos do FNE elevaram o Valor Bruto da Produção em R$ 18,62 bilhões e adicionaram R$ 8,69 bilhões à economia regional", detalha o presidente nas demonstrações financeiras.
Houve, ainda, aumento na carteira de crédito administrada pelo BNB. Com alta de 15,4% no ano a ano, o volume foi de R$ 143,3 bilhões.
Segundo o diretor financeiro e de crédito do Banco do Nordeste, Wanger Alencar Rocha, a instituição atua fortemente onde outras não chegam, como no semiárido nordestino, que cobra mais de 70% da Região.
"Nosso objetivo é desenvolver, elevar o nível de consumo e melhorar a qualidade de vida da população. Essa é a missão do Banco do Nordeste, e temos muito orgulho disso. Nós estamos colocando alimento, emprego e renda junto às famílias", pontua Wanger.
Já o resultado operacional do BNB foi de R$ 1,9 bilhão no período, equivalente a uma alta de 15% em relação ao primeiro semestre de 2023.
"Esses resultados são decorrentes de um trabalho contínuo e dedicado, focado na promoção do desenvolvimento sustentável, na melhoria dos indicadores sociais e econômicos em nossa região", segundo Paulo.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio ficou em 18,9% ao ano no primeiro semestre deste ano, uma queda de 1,4 ponto percentual em comparação a igual período de 2024.
Isso foi reflexo do cenário de elevação do patrimônio líquido devido à incorporação de crescimentos do lucro líquido no período, segundo o BNB.
A inadimplência acima de 90 dias da carteira própria do BNB contou com redução de 0,6 ponto percentual na base anual, em 2,6%.
O Ceará contratou R$ 4,32 bilhões em financiamentos no primeiro semestre com FNE, do total de R$ 23 bilhões gerais contratados pelo BNB. O montante cearense equivale a 18,8% do total.
O Estado ficou atrás somente da Bahia, com R$ 5,41 bilhões e 23,5% em participação total. Logo após do Ceará, está o Maranhão, com R$ 2,12 bilhões e 9,2%.
Wanger Alencar Rocha, diretor financeiro e de crédito do BNB, explica que o resultado demonstra o porte econômico diferente dos Estados, tendo em vista que o estado da Bahia é o maior do Nordeste em território e está na liderança devido a mais demandas.
"E olhe que o Ceará é um demandante incrível para a área de crédito do banco. O que acho importante destacar é se as demandas do Ceará são atendidas, e são atendidas plenamente", disse.
O especialista explica que o Banco tem uma prática de equilíbrio e uma política de atendimento que leva em consideração as demandas de cada Estado.
Portanto, o Ceará, apesar de ser uma potência com muita demanda, está relativizado pelo porte da Bahia, comenta.
A área de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte contratou R$ 2,84 bilhões em créditos, resultando em 21,6% a mais no número de operações contratadas em relação ao primeiro semestre de 2023.
O programa de microcrédito rural Agroamigo fez 383 mil operações, com R$ 4,56 bilhões em recursos. O banco destacou a inclusão das mulheres no cenário, que representam 50,92% do total de contratos.
"A predominância feminina reverte uma tendência histórica de que os
homens tinham mais acesso aos financiamentos na zona rural", conforme Paulo Câmara.
Especificamente no agronegócio, foram mais de R$ 5 bilhões em financiamentos, voltados a produtores rurais de diferentes portes e áreas.
Já o programa de microcrédito urbano Crediamigo foi responsável por 1,81 milhão de operações, desembolsando R$ 5,46 bilhões. Dos quase dois milhões de clientes contemplados, 68,2% eram mulheres.
O Banco foca no chamado "porte prioritário", com micros, pequenos e médios empresários, de acordo com a própria política do Governo Federal.
Cerca de 62% de todo o crédito do BNB é destinado à categoria, conforme o diretor financeiro e de crédito do Banco do Nordeste.
O BNB participou ativamente do Plano Safra 2023/2024 com R$ 20 bilhões aplicados, contemplando agricultores de menor porte e, até mesmo, agricultura empresarial.
Os programas Desenrola Brasil, Acredita e Nova Indústria Brasil também foram mencionados pelo BNB como determinantes em sua atuação no período. Este último considerado como um marco para a retomada do crescimento.
Os Centros Culturais Banco do Nordeste realizaram 1,3 mil atividades, com atração de 125 mil pessoas, enquanto o Programa Banco do Nordeste Cultural alcançou 141 mil pessoas no período.
O diretor Wanger Rocha destaca que o Nordeste tem demonstrado um crescimento maior do que outras regiões do País, fruto dos investimentos feitos no passado, o que pode impulsionar o cenário econômico a seguir.
"A gente tem feito investimentos significativos e o governo também tem um olhar especial para o Nordeste. Os desafios é que a gente continue colocando recursos onde são mais necessários", detalha.
Uma das inovações que deve propiciar melhorias no cenário, na visão de Wanger, é a plataforma Financia BNB. O intuito é "facilitar a vida do empresariado" desde a entrada do crédito até sua contratação, com uso de inteligência artificial (IA).
*Atualizado às 13h53min com comentários do diretor financeiro e de crédito do Banco do Nordeste, Wanger Alencar Rocha.
Crediamigo
O programa de microcrédito urbano Crediamigo foi responsável por 1,81 milhão de operações, desembolsando R$ 5,46 bilhões. Dos quase dois milhões de clientes contemplados, 68,2% eram mulheres
Atraso
Inadimplência acima de 90 dias da carteira própria do BNB caiu 0,6 ponto percentual na base anual, em 2,6%