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Desoneração passa com regra mais dura para INSS e sem alta de tributo
Economia

Desoneração passa com regra mais dura para INSS e sem alta de tributo

Relator incluiu em seu texto vários capítulos com medidas de compensação que vão repor a perda de R$ 25 bilhões aos cofres da União este ano
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NOVO texto foi apresentado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)
Foto: Jonas Pereira/Agência Senado NOVO texto foi apresentado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA)

O Senado aprovou, ontem, o projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores e dos pequenos e médios municípios em 2024, mas reonera gradualmente a cobrança entre 2025 e 2028.

O relator da proposta, Jaques Wagner (PT-BA), retirou do texto dispositivo que aumentava a cobrança do Imposto de Renda sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP), instrumento para distribuição de lucro a acionistas de empresas, de 15% para 20% e incluiu regra para facilitar o corte de benefícios do INSS com suspeita de irregularidade. O texto segue agora para a Câmara.

A votação foi simbólica, ou seja, sem que o voto dos congressistas fosse computado. A negociação em torno da proposta levou mais de três meses e causou desgaste ao Planalto, até o texto final ser formulado em acordo entre o governo, setores econômicos, prefeitos e parlamentares.

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas.

A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a votação foi "um avanço". Ele minimizou o fato de o relator ter retirado a previsão de aumento da alíquota de imposto - que seria usado para reforçar as fontes de receita que vão compensar a desoneração. "Vamos trabalhar diligentemente para o melhor resultado possível com as propostas do Senado", disse ele.

"Ao final do processo, verificado o resultado, (se) há necessidade de uma compensação adicional, nós vamos levar à consideração do Supremo Tribunal Federal e do presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco." O aumento de imposto sobre o JCP exigiria um período de noventena e só valeria a partir do próximo ano.

Por isso, era encarada pelo governo como uma "garantia", mas foi criticada pela oposição, o que levou ao recuo. O relator incluiu em seu texto vários capítulos com medidas de compensação para repor a perda de R$ 25 bilhões aos cofres da União neste ano.

Dentre elas: atualização de bens no Imposto de Renda; repatriação de ativos mantidos no exterior; renegociação de multas aplicadas por agências reguladoras; pente-fino no INSS e programas sociais; uso de depósitos judiciais esquecidos; uso de recursos esquecidos; e o programa de cadastro dos benefícios fiscais concedidos pelo governo.

Segundo o relator, as medidas devem gerar entre R$ 25 bilhões e R$ 26 bilhões e resolvem, especificamente, o buraco fiscal nas contas de 2024, já que muitas dessas propostas são limitadas e não trarão efeitos nos exercícios seguintes. Em relação ao Orçamento de 2025, Jaques disse que o assunto deverá ser discutido no Projeto de Lei Orçamentária Anual, que deve ser enviado ao Congresso na sexta-feira, 23.

O texto aprovado também prevê um endurecimento nas regras de adesão e atualização de cadastros do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e do seguro-defeso (auxílio pago a pescadores artesanais durante o período em que ficam proibidos de exercer a pesca). Ambos os programas são alvo de pente-fino do governo federal para aliviar em R$ 25,9 bilhões a peça orçamentária de 2025.

Na versão aprovada do parecer, Jaques também endureceu as normas para revisão de benefícios sociais por parte do INSS, permitindo um bloqueio cautelar dos recursos em caso de fraudes se não houver ciência do beneficiário em até 30 dias após notificação do órgão.

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COMO SERÁ A TRANSIÇÃO PARA OS 17 SETORES

2024
Contribuição previdenciária: 0% (folha desonerada)
Contribuição sobre faturamento: 1% a 4,5%

2025
Contribuição previdenciária: 5%
Contribuição sobre faturamento: 0,9% a 3,6%

2026
Contribuição previdenciária: 10%
Contribuição sobre faturamento: 0,6% a 2,7%

2027
Contribuição previdenciária: 15%
Contribuição sobre faturamento: 0,4% a 1,5%

2028
Contribuição previdenciária:
20% (folha reonerada)

Contribuição sobre faturamento: 0%
(não haverá)

COMO SERÁ A
TRANSIÇÃO PARA OS PEQUENOS MUNICÍPIOS

2024
Contribuição previdenciária:
8% (folha desonerada)

2025
Contribuição previdenciária: 12%

2026
Contribuição previdenciária: 16%

2027
Contribuição previdenciária: 20%
(folha reonerada)

Cálculo

Segundo o relator da matéria no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), as medidas devem gerar até R$ 26 bilhões e resolvem o buraco fiscal nas contas deste ano

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