Os programas sociais são responsáveis por 78,8% da renda familiar da população extremamente pobre do Nordeste. Essa participação foi a maior entre as regiões do Brasil e representou um aumento de 18,4 pontos percentuais (p.p.) em comparação com o registrado em 2021 (60,4%).
Os dados são da pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que utilizou informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2021 e 2023.
Em relação à força de trabalho, a atuação na renda das famílias em situação de extrema pobreza do Nordeste é a menor do País, com 18,1%. No Brasil, a contribuição das duas fontes monetárias é de 73,3% e 21,6%,respectivamente.
A pesquisa considera extremamente pobres os indivíduos residentes em domicílios com renda domiciliar per capita inferior à linha de pobreza de R$ 209 mensais.
No Ceará, o índice de participação dos programas de transferência de renda foi o menor entre os estados do Nordeste, com 75,6%, enquanto a contribuição do trabalho foi a maior, com 22,3%.
O estudo mostra que, no Nordeste, a principal fonte de renda advém do trabalho, 65,7%, enquanto os programas sociais se responsabilizam por 9,7%.
Entretanto, a dependência em relação aos auxílios do Governo permanece como a maior do Brasil. Vale ressaltar que na Região 40,5% dos domicílios eram beneficiados por pelo menos um programa social. No País esse percentual era de 23%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, a menor participação das atividades remuneradas na renda familiar dos nordestinos representa a “dificuldade de inserção no mercado de trabalho”.
“A capacidade de acessar bons empregos e de gerar renda através do trabalho determina, em grande medida, as condições de vida das famílias”, destaca.
No Nordeste, 54,4% dos indivíduos maiores de 14 anos, que possuem ou estão à procura de um emprego, estão no mercado de trabalho. A Região possui o menor índice de ocupação do Brasil, além de ser 7 p.p. menor que o índice nacional (62,4%).
A taxa de ocupação diminuiu para 29,5%, no Nordeste, e para 31,6%, no Brasil, sendo considerada apenas a população extremamente pobre. Desse montante, 96,3% e 93% são informais, respectivamente.
Desta forma, segundo o Ibre FGV, mesmo quando ocupados, “os mais pobres possuem uma participação bastante precária no mercado de trabalho. Seja pelas dificuldades de se qualificar para postos de trabalho melhores ou pela falsa ideia de perder benefícios sociais a partir da obtenção de um vínculo de trabalho formal”.
Em relação à parcela desocupada, que representa quem estava sem trabalho na semana da pesquisa, mas estava em procura de emprego no período de referência de 30 dias, o percentual é de 11%. Porém, chega a 57,6% para os extremamente pobres.
No Ceará, considerando a população geral, a taxa de ocupação é de 53,6% e a de desocupação é de 8,5%. Porém, no recorte da população mais pobre, os índices são de 28,5% e 46,6%, respectivamente.