A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou ontem, em Fortaleza, um estudo intitulado “Panorama da Infraestrutura - Região Nordeste”, no qual foram apontadas, entre outros aspectos, as 23 obras mais importantes para o desenvolvimento do setor no Ceará.
As principais necessidades de intervenção apontadas no levantamento para o Estado estão relacionadas às rodovias, sendo oito no total, e à segurança hídrica, que totalizam cinco.
Foram propostas pela indústria no documento, ainda, a necessidade de três obras relacionadas aos portos cearenses e à infraestrutura de energia, além de duas relacionadas a ferrovias. Aeroportos e mobilidade urbana aparecem, por fim, com um item cada.
Dois aspectos citados foram relacionados de forma indireta ao Ceará. O primeiro é a contratação de projetos executivos e básicos de trecho da ferrovia Transnordestina, em território pernambucano que vai de Salgueiro até o Porto de Suape, no limite entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. O segundo é relacionado à melhoria das instalações aeroportuárias em cidades-polo do Interior de Pernambuco, dada a proximidade com a região do Cariri cearense.
Além das propostas do setor industrial para melhorar a infraestrutura, o estudo da CNI apontou ainda um panorama atual dos equipamentos, complexos e sistemas já existentes ou em construção na região, bem como a percepção dos empresários industriais sobre as condições estruturais e prioridades de investimento a serem realizadas na região Nordeste.
Reforçando a importância de avançar na construção ou conclusão de obras de infraestrutura no Nordeste, o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, destacou que “quando falta estrada, energia, porto, aeroporto e os meios para que a gente possa prover a infraestrutura e produzir mais, a gente perde competitividade”.
“Competitividade é você ter os instrumentos para produzir mais, melhor e com menor custo. A gente viu alguns programas importantes do governo na questão das energias renováveis. Uma ideia muito interessante foi incentivá-las, principalmente, a eólica e a solar e hoje, o Nordeste produz 90% de toda a energia eólica do País”, exemplificou Muniz.
Mais cedo, antes da apresentação do estudo, o presidente da CNI, Ricardo Alban, e o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, visitaram o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em São Gonçalo do Amarante, e a siderúrgica ArcelorMittal Pecém, que tem um projeto para produzir aço verde.
“Nós temos algumas vantagens competitivas para aproveitar a transição energética, produzir amônia e hidrogênio verde para os demais países e o Nordeste ainda tem a proximidade do Norte Global”, destacou Alban em coletiva à imprensa, logo após a apresentação do levantamento.
Além desse tema, os presidentes das federações industriais reunidos, em Fortaleza, vão discutir hoje pautas como a reforma tributária e as eólicas offshore. O presidente da CNI citou ainda como tema importante para o desenvolvimento econômico do País uma rediscussão sobre a Previdência.
Por fim, o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, disse que, nesse processo, o Ceará quer reter talentos e citou a importância da construção do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) para conseguir alcançar tal objetivo.
Infraestrutura do Nordeste vai de regular a péssima para 7 em cada 10 empresários, diz estudo
O sistema de infraestrutura do Nordeste é visto como regular, ruim ou péssimo por 74% dos empresários industriais, o equivalente a sete em cada dez pessoas.
As rodovias, a malha ferroviária, o acesso aos portos e problemas no transporte aéreo estão entre os desafios citados na região.
O levantamento foi divulgado no Panorama da Infraestrutura - Edição Nordeste, lançado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na noite desta segunda-feira, 26, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em Fortaleza.
O custo dos combustíveis e o investimento em infraestruturas tecnológicas também foram mencionados no estudo como gargalos no Nordeste.
Além da área de transportes, o documento traz perspectivas sobre energia e saneamento básico na região.
A ideia é que o trabalho se una a outros cinco produzidos pela CNI fornecendo um retrato das condições de infraestrutura pelo País, no intuito de identificar necessidades de investimentos e pleitos do setor industrial, informa a entidade.
O estudo foi viabilizado por meio de uma articulação com empresários e federações das indústrias pelo Nordeste, olhando para o contexto de preparação e fortalecimento da infraestrutura em meio à neoindustrialização, segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“Se de um lado o Nordeste possui grande potencial de geração de energia e produção agrícola, por outro, a deterioração das malhas rodoviária e ferroviária representa um problema crônico que limita severamente a eficiência logística na região”, cita o diretor de relações institucionais da CNI, Roberto Muniz.
Isso gera a perda de competitividade do setor produtivo em relação a outros mercados, pois a infraestrutura deficitária afeta a segurança viária, eleva a emissão de poluentes, gera engarrafamentos e pressiona os custos logísticos, detalha o diretor da CNI.
A CNI avalia, ainda, que refletir sobre soluções para diminuir as ineficiências locais do segmento é uma necessidade urgente, pois a infraestrutura é crucial à viabilização do crescimento econômico, do aumento da produtividade e da redução de custos produtivos.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, comenta que o motor da infraestrutura exerce também um papel significativo na geração de valor à cadeia produtiva, potencializando a redução de desigualdades regionais.
“No Nordeste, o avanço das energias renováveis, como a produção de hidrogênio verde (H2V), representa um grande impulso para a região”, pontua Ricardo, que vê, ademais, a conclusão da ferrovia Transnordestina facilitar a integração local e a dinamicidade da produção.
“Em um país continental como o Brasil, a ampliação da infraestrutura logística tem papel determinante para acelerar o crescimento de setores inovadores, como também ampliar a competitividade da indústria tradicional, bem como sua inserção internacional”, diz.
A CNI e a Fiec veem, no entanto, que o Governo Federal tem feito esforços para diminuir o déficit de infraestrutura do Brasil, citando o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê R$ 700 bilhões em obras, serviços e empreendimentos no Nordeste.
O estudo reúne três pontos principais. O primeiro retrata a infraestrutura (dados descritivos do setor), o segundo analisa a percepção do empresário industrial (diagnóstico sobre condições e prioridades de investimentos) e o terceiro traz propostas para minimizar os desafios do segmento.
Confira os destaques formulados pela CNI:
Apesar do cenário mais difícil em relação à infraestrutura, as energias renováveis são vistas de forma mais positiva pelo relatório da CNI, sendo classificadas como o destaque do Nordeste, em contraste à deterioração das rodovias e ferrovias.
“Com a expressiva expansão da geração eólica e solar, o Nordeste passou de tradicional importador de energia das demais localidades do país, para importante exportador”, detalha o Panorama da CNI.