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Indústria de games projeta faturamento de R$ 10 milhões no Ceará em 2024
Economia

Indústria de games projeta faturamento de R$ 10 milhões no Ceará em 2024

Indústria de games difere dos "Bets", isto é, dos jogos de apostas esportivas, dos jogos do "tigrinho" e cassinos
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Somente no ano passado, foram investidos mais de R$ 1 milhão no setor cearense de games.
 (Foto: Dragos Condrea/DC Studio/Freepik)
Foto: Dragos Condrea/DC Studio/Freepik Somente no ano passado, foram investidos mais de R$ 1 milhão no setor cearense de games.

A indústria de games ou jogos eletrônicos projeta um faturamento de R$ 10 milhões e um investimento de R$ 1,65 milhão no Ceará em 2024.

A estimativa é que ocorram 58 projetos, 330 postos de trabalho – que não são de exclusividade cearense devido ao trabalho remoto –, 20 eventos, 50 profissionais formados, 30 empregados a cada seis meses, 16 propriedades intelectuais e 20 empresas fazendo negócios no Estado.

Os dados foram apresentados pelo diretor-executivo da Associação Cearense de Desenvolvedores de Jogos (Ascende Jogos) e CEO do Instituto Bojogá, Daniel Gularte.

O gestor palestrou sobre “Oportunidades na indústria de jogos do Ceará” na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), nesta sexta-feira, 30.

"A ideia é que o dinheiro circule dentro do Estado", conforme o presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio-CE, Ranieri Medeiros.(Foto: Lucas Diniz/Fecomércio-CE)
Foto: Lucas Diniz/Fecomércio-CE "A ideia é que o dinheiro circule dentro do Estado", conforme o presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio-CE, Ranieri Medeiros.

Daniel destaca, em primeiro lugar, que a indústria de games é completamente diferente dos “Bets”, isto é, dos jogos de apostas esportivas, dos jogos do “tigrinho” e cassinos.

“Os jogos de que estamos falando são aqueles com natureza cultural, o jogo de entretenimento. É aquele que você jogava no videogame quando criança e que hoje seu filho brinca no celular ou no console de computador”, explica.

“É um jogo de divertimento, que ensina a pessoa a viver, a ser gente. Nesse jogo, você está com o controle na mão e é o dono das suas próprias ações, participando ativamente daquilo que o jogo propõe”, o que difere dos jogos de apostas.

A partir disso, o especialista pontua que o Ceará tem um grande potencial no mercado nacional e até mesmo mundial de games, inclusive com a criação do Plano Setorial da Indústria de Jogos do Ceará 2023-2028 (Progames-CE).

O documento foi promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no contexto de execução do Programa Sebrae de Games, e realizado pela Ascende Jogos, que disse buscar financiamentos com o Banco do Nordeste (BNB).

O contexto de faturamento dos games no Estado tem se expandido de forma considerável desde a pandemia de covid-19.

Em 2020, por exemplo, o faturamento das empresas cearenses girava em torno de R$ 1 milhão, passando para R$ 3 milhões em 2021 e R$ 7 milhões em 2022, segundo Daniel.

Somente no ano passado, o CEO informa que foram investidos mais de R$ 1 milhão no setor cearense de games.

“Nossa meta é criar um ambiente de produção mais independente, capaz de se abrir para o mundo, com a possibilidade de Fortaleza se tornar um polo relevante de produção de games. Tudo isso é muito possível, pois o que se faz aqui é o que se faz no mundo”, diz.

Parcerias e cursos

Daniel também pontua que o Ceará, assim como outros locais, tem feito um caminho interessante para tornar os jogos em produtos viáveis, menos complexos ou caros por meio de parcerias multissetoriais.

Empresas de diferentes áreas buscam o desenvolvimento tecnológico de jogos para facilitar a aplicação de determinado conceito com seus clientes de forma divertida.

O gestor do portfólio de tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no Ceará (Senac Ceará), Clayton Moura, afirma que a organização já foi procurada pelo mercado nesse intuito, por oferecer cursos na área de programação em jogos digitais.

“Temos sido surpreendidos por empresas nos procurando para desenvolver aplicações que resolvam dores específicas que elas têm. Hoje, nossos alunos têm desenvolvido aplicações, inclusive já prontas, para essas empresas”, detalha.

O Senac Ceará dispõe de um curso técnico em programação de jogos digitais e está lançando uma qualificação para desenvolvedor de games, além de planejar uma graduação e uma pós-graduação nessa área no primeiro e segundo semestres de 2025, respectivamente.

Impactos em jovens

Quem também tem olhado para os games é o Serviço Social do Comércio do Ceará (Sesc Ceará).

Leni Oliveira, gerente de educação da instituição, explica que o portfólio de ensino do Sesc Ceará inclui um curso de programação de jogos digitais para os jovens do ensino médio.

“Acreditamos que, sendo os nossos alunos nativos digitais, precisamos desenvolver neles competências digitais”, o que pode despertar o interesse em carreiras voltadas à tecnologia, na sua visão.

O presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio-CE, Ranieri Medeiros, espera que esses jovens tenham mais acesso a apresentações sobre os games, mercado e indústria no Ceará daqui para frente.

“Eu sou muito otimista em relação ao Ceará. Acredito que podemos nos tornar um hub de tecnologia incrível”, pontua Ranieri, citando a possibilidade de exportação da produção de jogos para outros países.

“Temos uma conexão global forte, e nossa academia também é robusta”, acrescenta o especialista, que vê fomentos também para a economia local. “A ideia é que o dinheiro circule dentro do Estado.”

Uma indústria cearense de games | O POVO Tecnologia

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