Diante do cenário de queimadas registradas no País nas últimas semanas, o Preço Comparado deste mês, em parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), analisou os alimentos mais impactados pelas ocorrências que constam na lista do órgão.
E a maior variação encontrada foi a de 267,6% do quilo da batata-inglesa, comercializada a uma média de R$ 8,73 nos supermercados observados em Fortaleza.
A pesquisa completa do Procon traz 100 produtos em cada um de 36 estabelecimentos na Cidade.
E O POVO compara as variações de preços de um mesmo item no levantamento realizado de 2 a 13 setembro, mas com o recorte dos 13 principais supermercados da Capital e 20 mercadorias dentro de um tema.
Com isso maior preço da batata-inglesa dentro do recorte do impacto das queimadas no agronegócio e seus derivados foi registrado no Guará Supermercado, da Praia de Iracema, a R$ 10,99, enquanto o mais barato, de R$ 2,99, no Centerbox Supermercados, do Jangurussu. Uma diferença de R$ 8.
Para Eneylândia Rabelo, presidente do Procon Fortaleza, o ideal é comprar somente o que vai utilizar, principalmente, quando a opção for frutas, legumes ou hortaliças.
"Evitar o desperdício é uma grande ferramenta para economizar, principalmente, em itens que sofrem influência do clima e do meio ambiente", orienta.
Seguindo a lista, o quilo da batata-doce variou 183,4% em setembro. O alimento foi encontrado mais caro no GBarbosa, do Edson Queiroz, a R$ 8,39.
Já o valor mais em conta, de R$ 2,96, foi captado no Super Mercadinhos São Luiz, localizado na Aldeota.
Também no grupo dos legumes, o quilo da cenoura sofreu elevação no preço médio de 167,2%. O valor mais caro foi de R$ 7,99, no Nidobox Supermercado, do Passaré.
O mais barato, a R$ 2,99, foi registrado no Centerbox Supermercado, do Jangurussu.
Por outro lado, dentre os 20 produtos selecionados pelo O POVO, o quilo do arroz branco tipo um, da marca Camil, foi o produto que sofreu a menor variação de 12,7%, com um preço médio de R$ 7,48.
A maior precificação, de R$ 7,99, foi encontrada em três estabelecimentos diferentes: GBarbosa (Edson Queiroz), Guará Supermercado (Praia de Iracema) e Supermercado Pinheiro (Messejana).
No mesmo grupo, o mucilon de 400 gramas (g) da Nestlé, apresentou uma diferença de 17,4% nos preços.
A precificação mais em conta foi captada no Cometa Supermercados (Cidade dos Funcionários), a R$ 4,25, enquanto a mais cara, de R$ 4,99, no Centerbox Supermercados (Jangurussu).
Também no quesito, o biscoito doce "Maria", de 350g, da marca Fortaleza, registrou uma variação de 23,6%, com um preço médio de R$ 7,58.
O menor valor, a R$ 6,79, foi captado no Super do Povo Supermercados (Henrique Jorge) e o mais caro, a R$ 8,39, no Guará Supermercado (Praia de Iracema).
Outra análise é que, dos 13 supermercados que o Preço Comparado Seleciona, a unidade do Pão de Açúcar, localizada no bairro Aldeota, foi o estabelecimento com a maior quantidade de produtos que atingiram o preço máximo em setembro.
Foram seis picos de valores dentre os 20 analisados: feijão carioca - Kicaldo 1 kg (R$ 8,49); farinha de trigo tradicional - Dona Benta 1 kg (R$ 5,79); pão francês - 1 kg (R$ 22,9); achocolatado em pó - Nescau 200 g (R$ 9,29); mucilon meu primeiro lanchinho - Nestlé 35 g (R$ 5,99).
Por outro lado, o Centerbox, no Jangurussu, foi o que mais apresentou itens em conta: óleo de soja - Soya 900 ml (R$ 6,19); pão francês - 1 Kg (R$ 14,29); mucilon sachê - Nestlé 180 g (r$ 4,19); café em pó - Santa Clara 250 g (R$ 9,29); batata inglesa - 1 kg (R$ 2,99); cenoura - 1 kg (R$ 2,99).
Para Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, a depender dos estoques e prolongamento das ocorrências, pode haver ocorrência de elevação nos preços de outros itens alimentares.
“A alíquota zero ajudou a segurar os preços da carne temporariamente, mas com a devastação das áreas de pastagem, o aumento no custo de produção pode sobrepor esse benefício e refletir no preço final do consumidor”.
A solução para o problema, segundo o profissional, passa pela adoção de políticas mais robustas de prevenção e combate às queimadas, além de incentivos ao manejo sustentável das áreas de produção.
“A fiscalização de queimadas ilegais e o uso de tecnologias agrícolas avançadas para aumentar a resiliência das pastagens são caminhos sugeridos para amenizar os efeitos da crise. O desmatamento desenfreado e as queimadas descontroladas afetam negativamente a fertilidade do solo, a disponibilidade de água e o equilíbrio climático, afetando os custos de produção”, pontua Defendi.
Enquanto isso, a expectativa é de que o setor de alimentos, especialmente hortaliças, enfrente desafios no controle de preços, com possíveis impactos diretos na inflação, além do custo de vida.
“Nesse ritmo, corremos o risco de enfrentar sérios problemas na produção de alimentos essenciais, o que afeta diretamente os preços e a disponibilidade dos itens da cesta básica”, finaliza.
Em relação ao acumulado do ano, o café em pó de 250 g, da Santa Clara, variou 35,2%.
No recorte do Preço Comparado de setembro, o item variou 40,9%, sendo vendido a uma média de R$ 11,18.
A maior precificação, de R$ 13,09, foi encontrada no Super Mercadinhos São Luiz (Aldeota), enquanto a menor, de R$ 9,29, no Centerbox Supermercados (Jangurussu).
Seguindo a lista, o quilo da batata-doce, entre janeiro e setembro, teve uma variação de 17,4%. No primeiro mês do ano, a média registrada foi de R$ 3,96, já neste mês, de R$ 4,65.
Em contrapartida, o quilo da cenoura, dentre os 20 itens, foi o item que ficou mais barato no período, com uma variação de -63,5%.
O alimento passou de R$ 12,38, em janeiro, para R$ 4,52, em setembro.
Também quem acompanhou o barateamento foi o quilo da beterraba, com uma variação de -46,2%. Em janeiro, o legume era encontrado a R$ 8,32. Neste mês, a R$ 4,48.
Dos 100 produtos, entre agosto e setembro, quem apresentou a maior variação foi o quilo do abacate, com 25%.
Na lista, quem aparece é o quilo do maracujá, que encareceu 15% de um mês para o outro.
A fruta passou de R$ 7,97 para R$ 9,95. A precificação foi de R$ 8,48, no mês passado, para R$ 9,73, em setembro.