A partir da próxima segunda-feira, dia 30, o Google só aceitará anúncios de bets (companhias de apostas virtuais) de empresas registradas no Ministério da Fazenda. A plataforma atualizou ontem a política de anúncios para jogos de azar no Brasil.
Com a mudança, o Google adequou-se à portaria do Ministério da Fazenda que suspenderá, a partir de 1º de outubro, a operação das bets que ainda não pediram autorização para funcionar no país.
A companhia que tiver pedido a licença até o fim de setembro, mas ainda não atuava no Brasil, terá de continuar a esperar para iniciar as operações em janeiro, se a pasta liberar a atividade.
Segundo o Ministério da Fazenda, a suspensão das bets que não pediram a autorização servirá como um instrumento temporário para separar as companhias sérias das que atuam de forma criminosa, especialmente após recentes operações policiais.
As empresas de apostas estão no centro das atenções nos últimos dias, após a divulgação de um relatório do Banco Central (BC), que informou que os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets apenas em agosto. O montante equivale a 21,25% dos R$ 14,12 bilhões desembolsados pelo governo no mês passado com o programa social.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu providência de todos os ministérios envolvidos na regulamentação de apostas eletrônicas. Segundo Haddad, a regulamentação proposta pelo governo prevê a coibição da lavagem de dinheiro e do endividamento das famílias por meio de apostas.
Também destacou que as ações para "botar ordem" nas 'bets' passam por um monitoramento individualizado sobre o comportamento dos cidadãos em jogos de apostas online. A supervisão "CPF por CPF", como citou o ministro, é viabilizada pela regulamentação já editada pela Fazenda sobre esse tema, uma vez que as regras obrigam as empresas a manter um controle individualizado de quem aposta em seus sites.
"O presidente já pediu providências de todos os ministérios envolvidos, Fazenda, Saúde, Desenvolvimento Social, Esporte, para coibir a lavagem de dinheiro, que vai ser possível, o tratamento da questão da dependência, quando for o caso, o monitoramento CPF por CPF, de quanto a pessoa está apostando, de quanto ela está recebendo em prêmios, para verificar se alguma providência tem que ser tomada", disse Haddad, cuja manifestação foi divulgada em áudio pela assessoria de imprensa da pasta. "Eu acho importante você saber toda a verdade sobre as bets", começa o ministro, que está em São Paulo.
Ele também citou, dentre outros pontos, que a ação contará com a participação do sistema bancário brasileiro na questão dos meios de pagamento usados nas bet. Além do banimento de empresas não credenciadas e a regulamentação da publicidade sobre o tema. "Fique certo de que o governo está atento e, apesar desse enorme atraso, desse descaso, chegou a hora de colocar ordem nisso e proteger a família brasileira (...) O Brasil vai sair na frente em relação a esses tópicos tão importantes para todos nós", afirmou o ministro. (Agência Brasil e Agência Estado)
MPF
O Ministério Público Federal abriu procedimento administrativo para investigar a epidemia das apostas, sobretudo, entre a camada da população mais vulnerável social e economicamente no Ceará