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Avanço feminino no trabalho exige fim de estereótipo
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Avanço feminino no trabalho exige fim de estereótipo

| 'BÁRBARAS' | Evento realizado pelo O POVO reuniu mulheres que se destacam no mercado para discutir desafios em termos de inserção e ascensão profissional no Ceará
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IRVINA Sampaio rebateu a ideia de que atividades relacionadas ao cuidado dependem do gênero  (Foto: João Filho Tavares)
Foto: João Filho Tavares IRVINA Sampaio rebateu a ideia de que atividades relacionadas ao cuidado dependem do gênero

A ideia de que mulheres são mais aptas a atuar em atividades profissionais relacionadas ao cuidado é o principal estereótipo a ser quebrado para que haja avanço feminino no mercado de trabalho.

Essa é a avaliação da psicanalista e professora universitária, Irvina Sampaio, corroborada por outras profissionais que se destacam em seus ramos de atividade e que participaram na tarde ontem da segunda edição do evento “Bárbaras”, promovido pelo O POVO, cujo tema em 2024 foi "A mulher e o mercado de trabalho".

O nome do projeto é alusivo à comerciante e revolucionária Bárbara de Alencar nascida na cidade pernambucana de Exu, mas que teve atuação política relevante na cidade cearense do Crato, sendo um dos nomes mais fortes do movimento republicano chamado Confederação do Equador, sendo ainda avó do escritor José de Alencar.

Além dos debates, durante o “Bárbaras”, foram homenageadas: a jornalista Adísia Sá; Tarcila Sousa, fundadora da Cajuína São Geraldo (representada na cerimônia pela filha Virgínia Sousa); a ex-governadora do Ceará, Izolda Cela; a secretária estadual dos Direitos Humanos, Socorro França; e a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Daciane Barreto.

“O que mais escuto no consultório é justamente esse sofrimento relacionado ao motivo pelo qual as mulheres são historicamente colocadas nesse lugar de cuidado. Existe um imperativo, praticamente, que diz que as mulheres nascem para cuidar, que são cuidadoras por natureza. Só que isso não é natural, isso é imposto culturalmente”, destaca Irvina Sampaio.

“Por exemplo, no mercado de trabalho, em uma entrevista de emprego, ela é questionada se tem filhos, se pretende ter, como se isso fosse atrapalhar. Então, recebo muitas queixas no consultório de mulheres que estão em sofrimento psíquico, ou por não ganharem o mesmo que os homens, ou, por não conseguirem ascender dentro do trabalho que já desempenham, vendo homens incompetentes sendo promovidos. Isso acaba trazendo um sentimento de frustração e de injustiça”, analisa.

Ciente de que ainda é exceção quando se trata do mercado de um trabalho, como um todo, mas também carregando a experiência de um segmento em que as mulheres têm conseguido avançar mais rapidamente que a média, a CEO da Advance, publicitária e colunista do O POVO, Eliziane Alencar, lembra que apesar disso o universo publicitário ainda tem seus gargalos para o desenvolvimento da mão de obra feminina. “Há um espaço a ser conquistado pelas mulheres na área de criação”, exemplifica.

“Percebo que muitas mulheres que estão entrando, têm vontade de escrever, de ser redatoras, de ingressar no universo criativo, mas, ainda assim, é um território dominado por homens. Precisamos trazer mais equilíbrio para esse setor. Agora, quando você vai para outras áreas, como as de atendimento, de mídia, de produção, do RH, as mulheres já dominam Ou seja, a publicidade é um mercado que tem se reinventado”, comemora.

Por sua vez, a embaixadora do Movimento Plus Size do Ceará, Jacky Queiroz, lembra que para além das atividades associadas a determinado gênero, outros tipos de preconceito, como a gordofobia, também são desafios para a inserção da mulher no mercado de trabalho.

“Eu acho que já demos o primeiro passo, estamos avançando, estamos incomodando, porque muitas pessoas ainda não aceitam pessoas gordas. Mas as marcas e o mercado, estão vendo que nós somos consumidoras. Então, agora, nós interessamos para eles”, pontua.

No evento, as três profissionais participaram de painel da tarde, moderado pela colunista de ESG do O POVO, Carol Kossling. “Somos maioria na população e no mercado de trabalho, mas, infelizmente, ainda somos minoria em cargos de liderança e ainda ganhamos menos que os homens”, lamenta.

“Então, é fundamental que continuemos com esses debates, com esse tipo de encontro. Devem ser políticas públicas. Precisamos falar sobre esse tema até o dia em que todos, homens e mulheres, estejam no mesmo nível”, defende a jornalista.

Ampliando o debate, a poetisa e atriz capixaba Elisa Lucinda cita também o racismo como obstáculo no mercado de trabalho e defendeu o fim da escala 6x1, vista por ela como herança do passado escravista e colonial brasileiro.

“Uma pessoa tem que ter um sábado também para ela, pelo amor de Deus. Quem acha que não deve ser (adotada a escala 5x2) é o mesmo pessoal que acha que a escravidão não deveria ter acabado”, critica.

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