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Silvana Ramal: Posição da mulher no mercado de trabalho e na sociedade
Opinião

Silvana Ramal: Posição da mulher no mercado de trabalho e na sociedade

Existe uma maioria silenciosa de mulheres que precisa levar sozinha o sustento de suas casas e famílias e a formação dos futuros jovens, quem no futuro, serão os responsáveis pela prosperidade do país
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O debate sobre a mulher no mercado de trabalho ainda dá pouca importância para um problema urgente e injusto, que é o desafio das mães que trabalham. A mulher tem feito avanços no mercado de trabalho no Brasil. A diferença salarial com relação aos homens se reduziu de 32% em 2012 para 22% em 2021. Elas também ocupam 38% dos cargos de liderança em empresas.

No entanto, as mães ainda enfrentam preconceito, e é importante destacar que a decisão de trabalhar para muitas mulheres hoje não é motivada por ambição, mas por necessidade.

Segundo dados do IBGE, em 2019, a porcentagem de lares brasileiros chefiados por mulheres chegou a 48%. Ou seja, esses lares são sustentados no todo ou na maior parte por uma mulher.

Estudos mostram que o ato da gravidez não é bem-visto por alguns empregadores e colegas de trabalho, que demonstram pouca confiança na capacidade da mulher de retomar suas atividades com a mesma energia e dedicação depois do parto. Afinal, as atividades domésticas e de cuidado com o filho ainda são prioritariamente femininas.

Talvez seja por isso que, segundo pesquisa do site Trocando Fraldas, três em cada sete mulheres sintam medo de engravidar e serem demitidas. Esse medo é corroborado pelas estatísticas. Estudo da Fundação Getúlio Vargas com duzentas cinquenta mil mulheres mostra que 50% delas foi demitida até dois anos depois de cumprir licença-maternidade.

Existe uma maioria silenciosa de mulheres que precisa levar sozinha o sustento de suas casas e famílias e a formação dos futuros jovens. Jovens esses que, no futuro, serão os responsáveis pela prosperidade do país.

A questão da maternidade é a questão da continuidade de nossa espécie. É, portanto, um problema de todos: mães, famílias, empresas, sociedade, mas de nenhum desses entes isolados. As mães têm um papel fundamental na criação e cuidado dos filhos. Elas precisam contar com o apoio mais inteligente e esclarecido por parte da sociedade.

Os processos de evolução trouxeram o surgimento de uma nova estrutura familiar no país, e deve seguir-se uma mudança cultural equivalente em nossas estruturas, permitindo às mães criar seus filhos com mais qualidade, sem cair no paternalismo utópico, mas provendo apoio para que trabalhem e exerçam a maternidade com equilíbrio.

 

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Silvana Ramal

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