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Saída da Malwee do Ceará impacta 300 postos de trabalho diretos
Economia

Saída da Malwee do Ceará impacta 300 postos de trabalho diretos

| INDÚSTRIA | A empresa do setor de confecções anunciou a saída das suas operações no Estado para se concentrar em Santa Catarina
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INDÚSTRIA vê outros 
impactos na economia local (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS INDÚSTRIA vê outros impactos na economia local

Com a saída da indústria têxtil Malwee do município cearense de Pacajus, a 53 quilômetros de Fortaleza, cerca de 300 pessoas que eram contratadas via Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foram demitidas, segundo a companhia. Entidades veem impactos na economia local.

A Malwee declarou que a transferência das operações fabris integra um plano estratégico da empresa para otimizar operações e aumentar a eficiência produtiva. A concentração da produção ficará a partir de agora na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.

De acordo com a instituição, os colaboradores terão possibilidade de realocação, com acesso a treinamentos de preparação para entrevistas e elaboração de currículos. Cinco companhias de diversos setores, cujos nomes não foram divulgados, irão à fábrica apresentar oportunidades durante a semana.

A empresa destacou, neste cenário, um “compromisso com o pagamento de todos os direitos trabalhistas dos colaboradores”. O processo de homologação e pagamento das rescisões ocorrerá dentro de um cronograma informado aos trabalhadores, mas não disse datas.

O chefe da fiscalização do trabalho no Ceará, Luís Freitas, esclareceu que os processos de demissões em massa ocasionam repercussões graves à população em qualquer setor, sendo preciso observar, ainda, se a empresa irá cumprir com os direitos trabalhistas de fato.

“A economia local também é bastante afetada, assim como os chamados empregos indiretos. Esses empregos incluem pequenas empresas que dependem da atividade da indústria maior para sobreviver. Esse impacto é ainda mais sentido na renda geral da região”, detalhou Luís.

A secretária do Desenvolvimento Econômico de Pacajus, Elissandra Soares, afirmou que a empresa não deu esclarecimentos à Prefeitura, mas que o órgão municipal está em contato com o Sistema Nacional de Emprego (Sine) para ver processos seletivos aos trabalhadores.

A Malwee contatou a organização sindical dos trabalhadores responsável por Pacajus e Horizonte. O presidente do Sindicato da Indústria de Confecção de Roupas de Homem e Vestuário (SindRoupas), Paulo Rabelo, alinhou com a empresa desde setembro.

Quando soube da saída, Paulo e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) entraram em contato com o governo estadual. No entanto, “a decisão da empresa já estava consolidada e não havia nada que o Estado pudesse fazer”, na visão do presidente.

Algo que o assessor do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas no Ceará (SindConfecções), Mayke Alexandre, não concordou. Ele indicou uma falta de interlocução do governo estadual com o federal para buscar incentivos maiores à indústria.

“O Governo do Estado sabia do movimento, mas não conseguiu oferecer uma solução que atendesse às demandas do Grupo Malwee”, explicou Mayke. “Acho que falta uma política estadual mais sólida voltada para atrair indústrias e fortalecer as que já estão aqui”, pontuou.

Mayke indicou que a decisão da saída da Malwee está atrelada ao cenário econômico do País, citando que a matéria-prima do segmento é cotada em dólar e que havia uma instabilidade na moeda frente ao real. “A operação em Pacajus ficou muito cara”, explicou.

Além disso, as previsões de mudanças com a reforma tributária criaram um fator crítico, pois o Ceará e outros estados deixarão de contar com incentivos fiscais no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), afetando a competitividade, conforme Mayke.

O secretário de organização e política sindical da Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), Roberto Luque, citou, ademais, que a saída da indústria vai na contramão do que ocorre no Brasil e que a decisão trará consequências sérias para o Estado.

“O mais difícil é que essa empresa já usufruiu por tanto tempo de incentivos fiscais concedidos pelo Governo do Estado justamente para promover empregos. Agora, vira as costas e sai, no momento em que o País vive uma retomada na geração de postos de trabalho”, acrescentou.

O POVO demandou a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE) sobre o assunto, questionando quanto a empresa recebeu de incentivos fiscais e se o Estado cogita algum tipo de ressarcimento dos valores.

Por meio de nota, a SDE não responde a essas questões, mas informou que está trabalhando em parceria para minimizar prejuízos. "O Governo do Ceará, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e da própria Malwee, trabalham em parceria com objetivo de minimizar os impactos causados pelo encerramento das atividades da empresa no Ceará, após decisão administrativa de concentrar suas atividades na matriz".

A pasta reforça que a ação conjunta preza prioritariamente continuidade na geração de empregos e o aproveitamento da mão de obra qualificada existente no parque fabril em Pacajus. "Para tanto, o Governo do Ceará e a Malwee estão em contato com empresas interessadas em assumir a estrutura fabril e os postos de trabalho locais. Além de empresas do segmento têxtil e de confecções, investidores de outros setores têm demonstrado interesse na apropriação da fábrica."


A FORÇA DA INDÚSTRIA TÊXTIL

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