A economia brasileira cresceu 0,9% na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano, empurrada pela indústria e pelo setor de serviços, na 13ª expansão consecutiva. Em relação ao terceiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou alta de 4%.
O resultado de 0,9% no trimestre é o quarto maior entre os países do G20, empatando com a taxa registrada pela China e ultrapassando os Estados Unidos, que ficou em 0,7%, segundo comunicado do Ministério da Fazenda. Brasil e China estão atrás de Indonésia e México.
No acumulado de quatro trimestres, o crescimento da economia do país soma 3,1%. Os dados foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB chega a R$ 3 trilhões de reais.
Em um recorte setorial, os serviços e a indústria cresceram 0,9% e 0,6% respectivamente, na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Já a agropecuária foi o único setor que registrou queda, de 0,9%.
Com os resultados divulgados, o PIB e o setor de serviços renovam patamares recordes. Por outro lado, a indústria se encontra 4,7% abaixo do pico, alcançado no 3º trimestre de 2013. A alta de 0,9% no trimestre ficou abaixo do crescimento de 1,4% apurado na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2024.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, atribui o resultado positivo do trimestre a fatores relacionados a emprego e renda. "A gente continua com vários efeitos positivos, como o mercado de trabalho, a inflação está acima da meta, mas não está em níveis altíssimos, e o governo continua com a política de transferência de renda", enumera, lembrando que a taxa de desocupação atingiu patamares mínimos historicamente.
Palis pondera que a desaceleração frente o crescimento apurado no segundo trimestre (1,4% para 0,9%) não é ainda impacto do aumento, em setembro, da taxa básica de juros, por parte do Comitê de Política Monetária (Copom), passando de 10,5% para 10,75% ao ano.
"Demora um tempo para ter um efeito maior sobre a atividade economia. O terceiro trimestre não tem tanto esse impacto, apesar de o juro estar em um patamar elevado", diz.
Ela acrescenta que a base de comparação é alta, o que faz com que aumentos sejam menos expressivos.
Nas atividades de serviços - setor com maior participação no PIB - as altas ficaram por conta de Informação e comunicação (2,1%); outras atividades de serviços (1,7%); atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%); atividades imobiliárias (1%); comércio (0,8%); transporte, armazenagem e correio (0,6%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%).
Na indústria, houve alta de 1,3% nas indústrias de transformação - seguimento que transforma matéria-prima em um produto final ou intermediário, que vai ser novamente modificado por outra indústria. Em contrapartida, caíram construção (-1,7%); eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e indústrias extrativas (-0,3%).
Os técnicos do IBGE calcularam que o investimento no terceiro trimestre, chamado de formação bruta de capital fixo, cresceu 2,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Os consumos das famílias (1,5%) e do governo (0,8%) também tiveram expansão. As exportações apresentaram queda de 0,6%, enquanto as importações cresceram 1%. (Agência Brasil)
Resultado deve elevar projeção para alta de 2024, diz Fazenda
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, de 0,9%, é superior à projeção do boletim Macrofiscal do Ministério da Fazenda para o período e deverá ensejar revisão do dado de 3,3% para o ano, de acordo com nota divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
"Dessa maneira, a projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços", diz o texto divulgado .
A pasta também explicou que esse resultado aumentou o carrego estatístico para 2024, que passou de 2,5% para 3%.
"Se realizada dessazonalização pela metodologia adotada pelo IBGE, de forma a se obter variação nula na margem no quarto trimestre, o carrego para o ano fica em 3,3%", diz o texto.
A avaliação da SPE é de que o desempenho do terceiro trimestre mostrou que a economia seguiu em "ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais". Pela ótica da demanda, o resultado reflete a expansão do consumo das famílias e do investimento.
Em relação ao desempenho projetado para os setores pela secretaria, houve uma queda mais acentuada na atividade agropecuária e menor expansão da indústria, em função do recuo na produção extrativa e da construção. Já o setor de serviços foi uma surpresa positiva.
"A taxa de investimento aumentou de 16,6% no segundo trimestre para 17,6% no terceiro, refletindo a maior expansão da formação bruta de capital fixo comparativamente ao avanço do PIB em valores correntes", diz a nota.
A avaliação da SPE é de que a política monetária mais contracionista deverá restringir o ritmo de expansão de concessões de crédito e investimentos, mas impulsos do mercado de trabalho, resiliente, vão estimular a produção e o consumo das famílias.
"Para 2025, destaca-se a boa perspectiva para setores menos cíclicos, como a agropecuária e a produção extrativa. O bom desempenho dessas atividades deve ajudar a mitigar a desaceleração esperada para as atividades cíclicas, mais impactadas pelo aumento dos juros e pelos menores estímulos fiscais", diz a nota.(Agência Estado)