No Ceará, 297 mil cearenses saíram da situação de pobreza e da extrema pobreza em um ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados que integram a Síntese dos Indicadores Sociais divulgada ontem mostram que o percentual da população que sobrevive com renda per capita de até R$ 209 por mês, os extremamente pobres, caiu de 10,9%, em 2022, para 9,4% em 2023.
Já a proporção de pessoas em situação de pobreza, que viviam com até R$ 665 por mês, recuou de 50,7% para 48,7% na mesma base de comparação.
O estudo leva em conta a chamada pobreza monetária, ou seja, a família não ter rendimentos suficientes para prover o bem-estar. Para traçar as linhas limites, o IBGE utilizou o critério do Banco Mundial de US$ 2,15 por pessoa por dia (ou R$ 209 por mês) para a extrema pobreza e de US$ 6,85 por pessoa por dia (ou R$ 665 por mês) para a pobreza.
Apesar do avanço, o Estado possui o terceiro maior percentual de pessoas extremamente pobres, ficando atrás apenas do Acre (13,2%) e do Maranhão (12,2%). Por outro lado, as unidades federativas com os menores percentuais são Goiás e Rio Grande do Sul que possuem 1,3% da sua população nesta situação.
No Brasil, em um ano, 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza no país. De 2022 a 2023, o percentual da população do país com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza caiu de 31,6% para 27,4%. Foi a menor proporção desde 2012. Numericamente, essa população recuou de 67,7 milhões para 59 milhões, seu menor contingente desde 2012.
No mesmo período, a proporção de pessoas na extrema pobreza recuou de 5,9% para 4,4%, também a menor proporção desde 2012, o que representou uma redução de aproximadamente 3,1 milhões, passando de 12,6 milhões para 9,5 milhões de pessoas.
De acordo com estudo, caso os programas sociais do Governo não existissem, a extrema pobreza no Ceará teria aumentado para 24,2%, 14,8 p.p. maior do que o registrado. Já a pobreza ultrapassa a marca dos 50% da população, chegando a 55,6%, 6,9 p.p. mais alto.
Em relação ao índice Gini, que mede a desigualdade na distribuição de renda, ele teria sido 16,7% maior, passando dos atuais 0,513 para 0,599.
Vale destacar que o IBGE aponta que, a região Nordeste foi impactada de forma significativa pelos programas sociais, que são !importantes instrumentos para a redução da desigualdade econômica nessas Regiões”.
Apenas no Nordeste, quase 10% da renda dos domicílios advém de programas sociais, sendo 72,3% do Bolsa Família, 25,7% do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e 1,9% dos demais.
O pesquisador do IBGE, Bruno Mandelli Perez, afirma que dois fatores explicam as reduções da pobreza e extrema pobreza: o emprego e os benefícios sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência.
“Tanto o mercado de trabalho quanto benefícios de programas sociais são importantes para explicar a redução na pobreza, mas o mercado de trabalho é mais importante no caso da pobreza; e os benefícios de programas sociais, na extrema pobreza”, explica.
“O aumento dos valores médios dos benefícios concedidos pelo Bolsa Família, em 2023, quando comparado com o Auxílio Brasil 2022, certamente teve impactos sobre a manutenção da trajetória de redução da pobreza e da extrema pobreza em 2023”, ressalta o texto da Síntese de Indicadores Sociais.
Situação melhorou, mas desigualdades permanecem
No Brasil, cerca de 28,4% das mulheres vivem abaixo da linha da pobreza, essa proporção cai para 26,3% nos homens. Já na extrema pobreza, por mais que a diferença entre os percentuais seja menor, de 0,2 p.p. (Mulheres: 4,5%/ Homens: 4,3%) as mulheres ainda apresentam uma maior proporção.
Essa disparidade aumenta quando observada a questão da raça. No País, 34,6% das pessoas pretas e pardas são pobres, enquanto 5,8% são extremamente pobres. Para os brancos essa taxa é de 17,7% e 2,6%, respectivamente.
Se compararmos o percentual de mulheres pretas e pardas, as mais vulneráveis, com o de homens brancos, encontramos uma disparidade de 19 p.p. na pobreza e de 3,3 p.p. na extrema pobreza.
Em relação à localização, quase metade da população da área rural possui renda menor do que a determinada na linha da pobreza (48,9%) e 9,9% abaixo da extrema pobreza. Na área urbana, o índice é de 24,2% e 3,6%, respectivamente.
Analisando por faixa etária, percebe-se que a população jovem tem taxas superiores à média nacional (27,4%). Entre os que têm até 15 anos, são 44,8%. Entre 15 e 29 anos, 29,9%.
O pesquisador Bruno Perez destaca que tanto a pobreza quanto a extrema pobreza são menores em pessoas com mais de 60 anos, proporção de 11,3% e 2%, respectivamente.
"É a população que, no geral, está coberta por acesso à aposentadoria, pensões, que têm (os rendimentos) vinculados ao salário mínimo", justifica. (Com Agência Brasil)