O varejo cearense deve apresentar crescimento da ordem de 6% no mês de dezembro, aquecido pelas vendas de Natal e pelo 13º salário, conforme avaliaram representantes do segmento ouvidos por O POVO.
A preocupação, contudo, é com as pressões inflacionárias e com o impacto do ciclo de alta na taxa de juros iniciado em setembro deste ano e que deve seguir, pelo menos até março de 2025, segundo indicou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na última reunião de 2024.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, “o varejo tem experimentado um aquecimento constante ao longo deste ano. Agora, em dezembro, temos uma expectativa de crescimento de até 6%, dependendo do segmento de atividade. Contudo, até agora, esse crescimento ainda não se concretizou”.
“Uma informação muito boa é que a CDL Fortaleza fez uma pesquisa que revelou um aumento no ticket médio. A expectativa é de R$ 300, enquanto no ano passado ficou em R$ 243. Outro dado importante dessa pesquisa é que 73% das pessoas estão propensas a fazer suas compras de Natal, enquanto no ano passado, esse número era de apenas 65%. Isso mostra que as pessoas realmente estão dispostas a comprar e a adquirir produtos de maior valor agregado”, acrescentou Cavalcante.
Avaliação semelhante tem o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Ceará, Freitas Cordeiro. “Quanto ao cenário do varejo cearense em 2024, posso te assegurar que foi surpreendente. Eu não esperava que, em tão pouco tempo pós-pandemia, estaríamos celebrando resultados positivos. Eu realmente não esperava isso. Pensava que ainda passaríamos por um período bem difícil, mas os números mostram o contrário. O Ceará se destaca em relação ao restante do país em alguns indicadores; nós nos surpreendemos com isso”, exalta.
Por sua vez, o presidente do Pinheiro Supermercado, Honório Pinheiro, aponta que “com relação ao varejo alimentar, o fechamento do ano está sendo positivo. Estamos saindo da Black Friday com um aumento nas vendas de cerca de 20%, e agora estamos nos preparando para o Natal, que é outro período em que as vendas tendem a melhorar para o varejo, de um modo geral. A expectativa é fechar o ano muito bem, com crescimento bem acima da inflação”.
“Nossa esperança está voltada para o Ano Novo, com as políticas sociais, que, de certa forma, estão irrigando recursos para a base da população, ajudando as pessoas a melhorar sua qualidade de vida e a se alimentarem melhor”, acrescenta Pinheiro, pontuando, entretanto que “o cenário macroeconômico tem preocupado, porque temos juros altíssimos e o dólar também muito elevado”.
O mesmo temor aparece na análise de Assis Cavalcante. “O dólar alto é uma preocupação, especialmente para quem trabalha com produtos importados. Já a inflação se origina no descontrole dos gastos públicos e na emissão de moeda sem lastro. Além disso, estamos preocupados com a reforma tributária”, disse.
Por outro lado, o crescimento no nível de empregos anima Freitas Cordeiro. “Tivemos a maior taxa de empregos nos últimos 10 anos. Com esses números, estamos praticamente em pleno emprego, com uma taxa de 6,2% de desemprego. Portanto, estamos esperançosos para 2025”, conclui.
EMPREGO
Freitas Cordeiro ressalta também o avanço no nível de empregos. "Tivemos a maior taxa de empregos nos últimos 10 anos. Portanto, estamos esperançosos para 2025."