O Ceará segue como pioneiro no hidrogênio verde (H2V) no Brasil, segundo atesta levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV). O Estado conta com os dois maiores projetos mais próximos da confirmação de investimento, de responsabilidade da australiana Fortescue e da brasileira Casa dos Ventos.
Somados, os dois representam a geração de 9 mil empregos diretos na construção das unidades e mais R$ 32 bilhões em investimentos. A localização de ambos é o Complexo do Pecém, onde se desenvolve o projeto do hub de H2V.
Apenas a Fortescue projeta um aporte de R$ 20 bilhões na planta projetada para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará e que deve produzir 175 mil toneladas de hidrogênio verde anualmente. A decisão final de investimento da empresa é em 2025.
Já a Casa dos Ventos prevê 4 mil empregos e aplicação de R$ 12 bilhões também em uma área da ZPE, na qual vai produzir 900 mil toneladas de amônia verde por ano. A decisão final de investimento da empresa também é em 2025.
No total, o Brasil pode ser alvo de um investimento de R$ 188,7 bilhões, de acordo com cálculo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) citado pela ABIHV.
Hoje, oito estados (Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco e Piauí) e o Distrito Federal contam com projetos em curso.
“Eles (os projetos) representam uma verdadeira transformação econômica e ambiental, consolidando o Brasil como protagonista da transição energética global, com impacto em geração de empregos, inovação tecnológica e atração de novos negócios”, afirma Fernanda Delgado, diretora executiva da ABIHV.
O entendimento no mercado é de que a confirmação dos projetos estão mais próximas depois que o marco legal do H2V foi aprovado no Congresso no fim do ano passado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seguida.
Para assegurar os investimentos, destaca a ABIHV, o marco legal instituiu "o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC), mecanismo de incentivo que concederá até R$ 18,3 bilhões em créditos para a indústria de hidrogênio entre 2028 e 2032".
O objetivo é aumentar a competitividade do combustível, tornando-o menos caro, e incentivar o consumo do H2V no mercado brasileiro sem descartar a exportação.
As projeções indicam que, "se o Brasil atender 4% da demanda mundial de H2V em 2050, cada R$ 1 de incentivo vai gerar até R$ 10,56 de arrecadação, até R$ 37,72 de incremento no PIB e mais R$ 22 de investimentos privados.
É neste contexto que a diretora executiva da ABIHV ressalta o potencial do Brasil para liderar esse mercado globalmente, aproveitando a matriz energética limpa e os incentivos.
Ciente do impacto econômico, o governador Elmano de Freitas (PT) emprega esforços para assegurar a infraestrutura de operação do hub de H2V com o governo federal. No fim de 2024, revelou que serão precisos R$ 5 bilhões para a construção de novas linhas de transmissão.
Na última quarta-feira, 8, esteve com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), em Brasília, onde voltou a debater o tema. "O objetivo é garantir as condições necessárias para a instalação de empreendimentos na área de Hidrogênio Verde no Ceará, que, com os pré-contratos assinados até agora, têm estimativa de investimentos de US$ 24 bilhões e expectativa de geração de 80 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos", afirmou o governador.
“Temos conversado sobre iniciativas que podemos fortalecer no Ceará, que é uma potência quando falamos sobre energias renováveis, especialmente eólica e fotovoltaica, e hidrogênio de baixa emissão de carbono. O Ceará é um dos estados com o maior número de projetos nesta área. Todo esse nosso esforço e diálogo constante reforça o nosso compromisso com a transição energética justa e inclusiva, gerando empregos e oportunidades para a população cearense e a de todo o país”, disse Silveira em nota ao O POVO.