O mercado imobiliário cearense atingiu a marca de R$ 8,5 bilhões em valor geral de vendas (VGV) em 2024 e alcançou o melhor resultado dos últimos oito anos, segundo informou o Sindicato da Construção no Ceará (Sinduscon-CE), por meio da Comissão de Pesquisas (CPES). O montante foi 23% maior do que os R$ 6,9 bilhões observados em 2023.
Fortaleza foi o município mais aquecido entre os cinco com dados levantados e registrou a marca de R$ 5.241,10 milhões em VGV. Já a Região Metropolitana movimentou R$ 3.271,90 milhões. As outras localidades avaliadas são Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Maracanaú.
Para o presidente do sindicato, Patriolino Dias de Sousa, o crescimento se deve tanto pelo momento pós-pandemia, com a diminuição da taxa de desemprego, quanto pelos programas de casas populares, como o Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, e o Entrada Moradia, do Estado.
Também demonstrou otimismo em relação ao desempenho do mercado em 2025 porque o "déficit habitacional é gigantesco", assim como a alta demanda das famosas "casas de praia". No entanto, é preciso se atentar à macroeconomia.
"O mercado continua otimista [...] A gente precisa só ficar de olho na macroeconomia, nas taxas de juros. E se o desemprego, que está refletindo justamente no apetite das pessoas em adquirir seus imóveis, continuará baixo."
Em dezembro, o levantamento adicionou aos dados o mercado de loteamentos, o qual Patriolino Dias aponta que houve um crescimento não só na Região Metropolitana como em todo o Estado. "Porque é no lote que a pessoa consegue ter a menor prestação para poder assumir e conquistar seu imóvel", explica.
Já o valor geral de vendas (VGV) dos empreendimentos imobiliários lançados no Ceará no ano passado atingiu um montante estimado em R$ 7,5 bilhões. O número representa uma alta de aproximadamente 12% em comparação com 2023.
Nesse sentido, Fortaleza também se destaca, com a maior fatia do VGV (R$ 4,7 bilhões). Por outro lado, a Região Metropolitana detém R$ 2,8 bilhões.
No total, foram 120 lançamentos no período, entre condomínios verticais (edifícios) e horizontais (casas), ou seja, uma queda de 4% ante 2023.
Apesar da diminuição no Estado, Fortaleza apresentou um crescimento de 27% no igual período, sendo alvo de 47 novos empreendimentos. O movimento foi impulsionado, principalmente, pelos imóveis de padrão econômico, que obtiveram um aumento de 45%.
Atualmente, há um crescimento de apartamentos entre 25 e 30 metros quadrados (m²) nas capitais brasileiras. O movimento, segundo a especialista em inteligência de mercado da Brain, Gisele Pereira, é uma tendência em locais com valorização do solo, porque impacta diretamente o custo da construção.
"Para viabilizar os preços finais dos imóveis, é preciso ajustar a metragem e as amenidades oferecidas. No caso do programa Minha Casa, Minha Vida, há um teto de R$ 350 mil. Para que as construtoras consigam manter os custos dentro desse limite, a alternativa é reduzir o tamanho das unidades."
No entanto, avalia que o mercado de locação para esse tipo de empreendimento é muito mais comum do que, por exemplo, o uso residencial.
"O mercado de locação ainda é muito forte em Fortaleza, e a cidade atrai muitos investidores pelo grande apelo turístico. Pessoas de outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, compram imóveis aqui com o objetivo de obter retorno rápido por meio da locação de curta temporada. Contudo, para moradia, as unidades compactas ainda não são uma realidade tão consolidada."
De acordo com a especialista, o fortalezense ainda valoriza espaços maiores, o que explica o crescimento do Eusébio, que oferece lotes e apartamentos com plantas mais amplas.
"Atualmente, quem ocupa esses imóveis menores são, em sua maioria, jovens que estão adquirindo sua primeira moradia, saindo da casa dos pais ou vindo estudar na cidade. Esse perfil de consumidor tende a preferir a locação em vez da compra."
Por isso, explica a expectativa é de que os imóveis compactos permaneçam majoritariamente voltados para aluguel — tanto de curta quanto de longa temporada — por um bom tempo. Contudo, as tendências do mercado mudam e, com o passar dos anos, esse comportamento pode se transformar.
Bairros com o metro quadrado mais caro
Meireles:
R$ 17.254
Mucuripe:
R$ 15.942
Praia de Iracema:
R$ 15.865
Aldeota:
R$ 14.805
Varjota:
R$ 14.223
Centro:
R$ 13.066
Edson Queiroz: R$ 12.997
Fonte: Sinduscon CE
Aluguel
A pesquisa mostrou que o perfil dos moradores de unidades compactas alugadas é, em sua maioria, jovens que estão indo para a 1ª moradia