O Governo do Ceará deve oferecer três vantagens competitivas para manter os voos da Azul Linhas Aéreas no Aeroporto de Juazeiro do Norte. O secretário do Turismo do Ceará, Eduardo Bismarck, afirma que reunião a ser realizada em São Paulo (SP), nesta segunda-feira, dia 3, deve definir a situação.
Em entrevista à Rádio O POVO CBN Cariri, Bismarck destaca que a intenção do Estado é ampliar a atuação da empresa em todos os aeroportos cearenses e ampliar a participação de aproximadamente 10% que a companhia detém no mercado local.
Entre as ferramentas propostas pelo Estado e que estão em análise pela cúpula da Azul, existem três principais.
Segundo Bismarck, a primeira é a lei de incentivo ao querosene de aviação (QAV), que oferece faixas de isenção do ICMS. A Latam, por exemplo, já é beneficiada pelo Estado com a maior faixa de isenção. Já a Gol está em uma faixa superior, "mas estamos negociando uma redução para incentivar a ampliação da malha aérea em Juazeiro".
"No caso da Azul, a isenção do QAV não é tão significativa. Por isso, utilizamos a ferramenta da subvenção econômica".
Essa seria a segunda medida, baseada em uma lei aprovada recentemente pelo governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), que representa um repasse direto para a empresa, mas que ainda não regulamentada por decreto para a Azul.
"Essa subvenção funciona como uma garantia de receita mínima para a companhia, tornando a operação viável", explica.
Trata-se de um recurso financeiro para garantir um mínimo de voos, viabilizando economicamente a operação da companhia aérea.
Bismarck disse ainda que a terceira ferramenta é a promoção turística, "que é um eixo fundamental da nossa secretaria".
A intenção é desenvolver ações em parceria com a Azul Viagens, operadora de turismo da companhia, que movimenta grande parte das aeronaves.
"Se trabalharmos a promoção do Ceará diretamente nas agências que vendem pacotes turísticos, podemos aumentar a ocupação dos voos e, consequentemente, a oferta de rotas", afirma.
Bismarck diz ainda que manter a malha aérea de Juazeiro do Norte bem interligada é estratégico para o Estado. Em meio aos cancelamentos de rotas da Azul em todo Nordeste, apenas da rota Campinas-Juazeiro foi mantida.
"É uma rota estratégica, mas queremos mais. Para fortalecer a aviação regional, precisamos atrair aeronaves para o Ceará. Quanto mais voos tivermos em Fortaleza, Jijoca, Aracati e Juazeiro, mais fácil será estabelecer novas conexões regionais".
E explica que as companhias tem aberto mão de "rotas triangulares" e priorizado rotas diretas de ida e volta. Por isso, o fortalecimento da aviação regional depende da manutenção de aeronaves operando dentro do Estado, aponta.
"O principal problema que vivemos hoje na aviação é a falta de aviões disponíveis no mercado. As companhias estão priorizando rotas altamente lucrativas, e não apenas as que dão algum lucro. Isso fez com que a Azul revisse sua malha e encerrasse operações em 12 aeroportos do país, incluindo Mossoró, no Rio Grande do Norte", diz.
O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra, afirmou que conversou com o governador do Ceará sobre a situação dos voos da Azul no município e demonstrou preocupação com a situação.
"Ontem mesmo, quando discutíamos questões macro da região do Cariri, um assunto que ganhou destaque foi a questão dos voos diretos. A saída desses voos representaria um impacto catastrófico para nossa economia. Não conseguimos nem calcular o tamanho do prejuízo", declarou à Rádio O POVO CBN Cariri.
Glêdson diz que há interesse do Governo do Ceará de pleitear a instalação de um centro de conexões da Azul no Ceará - o que representaria uma transferência da estrutura que há em Recife.
O prefeito ainda acrescentou que Elmano confirmou que deve realizar "incursões ainda mais fortes" para fortalecer a malha aérea do Ceará, incluindo voos internacionais.
"Enfim, esses são passos futuros, mas, por ora, recebemos com bons olhos essa iniciativa do governo de oferecer subsídios para a manutenção dos voos", completa.