O aumento de preços do café já tem afetado o comportamento dos consumidores do produto em restaurantes e cafeterias de Fortaleza. O tradicional cafezinho tem sido substituído por bebidas alternativas, como chocolate quente e chás.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, destaca que os estabelecimentos que achatado suas margens de lucro, pois não é possível repassar todo o aumento de preço ao consumidor final.
Mas, apesar de acreditar que o consumidor é influenciado pelo quesito preço, não entende que as opções de "cafake" ganhem muito espaço no mercado.
A expressão "cafake" surgiu na indústria, que vem buscando alternativas para a alta da matéria-prima, assim como o setor lácteo oferta misturas lácteas para o leite condensado.
Daí cresce a perspectiva de lançamentos de produtos similares que terão a indicação na embalagem os dizeres "sabor café". A mistura seria um pó aromatizante produzido a partir de cascas, folhas, paus ou qualquer outra parte da planta, exceto a semente de café.
A questão foi levantada, em janeiro, pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters. Ele rechaça a alternativa é diz que é "uma clara e evidente tentativa de burlar e enganar o consumidor".
Taiene Righetto pontua que nos restaurantes os pedidos por cafezinhos após as refeições caíram de forma sensível. E que tem sido observado que as cafeterias comercializam agora outros produtos para manter o fluxo de clientes.
A aposta, em alguns casos, tem sido no café cearense - ainda que não exista escala para substituir o café trazido de outros estados. "No que diz respeito aos grandes fornecedores, não temos muita margem de negociação. O aumento de preço tem sido simplesmente repassado".
"Já sentíamos aumentos gradativos (do preço do café), mas agora o preço explodiu. Houve aumentos de até 40% no valor do café, o que impacta diretamente os custos dos estabelecimentos".
Sócio-proprietário do recém-inaugurado Florena Café & Brunch, Rodrigo Guilhon, afirma que o negócio contou com investimento de aproximadamente R$ 600 mil. A cafeteria aposta em cardápio completo para todos os momentos do dia.
Ele conta que possui um fornecedor exclusivo, o Grupo Três Corações, com a linha Especial Reserva da Família, da Santa Clara.
Sobre preços, diz que deve segurar. Mesmo com as altas, acredita que o consumo de café não deve diminuir bruscamente, pois é um produto que faz parte do dia a dia dos brasileiros.
"De fato, essa variação nos prejudica, pois não podemos repassar cada aumento diretamente para o cliente. O café é uma commodity, e seu preço oscila bastante, assim como o dólar."
"Muitas vezes, absorvemos pequenos reajustes para manter a estabilidade dos preços. Só quando há aumentos consecutivos muito significativos é que precisamos repassá-los", disse.