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Mudança no diesel é adiada para evitar novas altas
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Mudança no diesel é adiada para evitar novas altas

| DILEMA | Percentual de mistura do biodiesel no produto passaria para 15% em 1º de março. Aumento, embora mais sustentável, pressionaria inflação
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NO Ceará, por exemplo, o diesel comum teve alta de 4,6% do início do ano para cá (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves NO Ceará, por exemplo, o diesel comum teve alta de 4,6% do início do ano para cá

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, confirmou ontem, a manutenção do percentual mínimo obrigatório de biodiesel ao óleo diesel em 14%, seguindo decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

A mesma entidade havia definido, ainda em 2023, a elevação dessa mistura para 15%, a partir de 1º de março de 2025.

O preço do produto, tanto em suas versões comum (B S500), quanto na versão S10, tiveram altas expressivas neste início de ano, devido, principalmente, ao aumento na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e ao reajuste de R$ 0,22 por litro no preço aplicado pela Petrobras às distribuidoras.

No Ceará, por exemplo, os dois produtos tiveram elevações em seus preços médios de, respectivamente, 4,6% e 4%, entre o primeiro levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), concluído em 4 de janeiro, e o mais recente, divulgado no último dia 15 de fevereiro. Já no âmbito nacional, as altas foram ainda mais expressivas, de 5,4% no caso do diesel comum, e de 5,5% no caso do diesel S10.

Os aumentos também já se refletem no preço dos fretes. Em janeiro, por exemplo, o preço médio do frete por quilômetro rodado em janeiro foi de R$ 6,97 no País, uma alta de 2,35% ante dezembro, segundo o Índice de Frete Edenred Repom (IFR). O aumento foi puxado pelo impacto do preço do diesel, que no mês passado teve alta média de 0,48% na comparação com a média do mês anterior.

Para este mês, quando houve aumento duplo sobre o diesel - do ICMS e da Petrobras a partir do dia 1º -, a expectativa é que a tendência de alta do frete permaneça. O IFR é um índice do preço médio do frete e sua composição, levantado com base nas oito milhões de transações anuais de frete e vale-pedágio administradas pela Edenred Repom.

"O aumento do preço médio do frete por quilômetro rodado em janeiro reflete principalmente o impacto do preço do diesel comum que, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), teve em janeiro valor médio de R$ 6,23, registrando alta de 0,48% na comparação com a média do mês anterior, e do tipo S-10, que registrou preço médio de, que R$ 6,31 no primeiro mês de 2025, após alta de 0,64% na mesma comparação", disse em nota

Segundo o diretor da Edenred Repom, Vinicios Fernandes, o cenário macroeconômico também influenciou os custos do transporte, uma vez que a elevação da taxa básica de juros (Selic) encarece o crédito e pressiona o valor de outros insumos fundamentais para as operações de transporte.

"Fatores como a tributação sobre o setor, principalmente o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e a revisão para cima da tabela de frete também devem pressionar ainda mais os custos do transporte nas próximas semanas", disse Fernandes.

Nesse contexto, para o consultor de petróleo e combustíveis, Bruno Iughetti, em entrevista ao Guia Econômico, na rádio O POVO CBN, o impacto da adição de um ponto percentual na adição de biodiesel ao diesel seria significativo. Ele cita o quanto a composição atual do produto já é influenciada por ela.

“Hoje, com 14% de mistura, nós temos um impacto no preço final de R$ 0,86, o que realmente alavanca o aumento considerado para esse produto”, afirma o especialista. Ele pontua, porém, que o adiamento não deve durar muito.

“Com a pressão dos produtores de biodiesel, não demorará muito para que isso seja efetivado”, conclui Iughetti. (Com Agência Estado)

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Brasil se junta a fórum da Opep para cooperar em energia

O Brasil anunciou ontem a sua adesão a um fórum da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados no qual se discutem temas energéticos, uma decisão que gerou críticas de organizações ambientais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia anunciado em dezembro de 2023 uma participação do maior produtor latino-americano de petróleo na Opep , mas os detalhes sobre o teor da relação não tinham sido formalizados.

A Opep é formada pelos 12 membros da Opep e outros dez produtores de petróleo, liderados pela Rússia.

Ao aderir à Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC) da Opep e Opep , o Brasil "pode promover discussões sobre o uso de tecnologias limpas e alternativas para o financiamento de projetos de descarbonização", afirmou o Ministério de Minas e Energia em nota.

O papel do Brasil na CoC será consultivo, e o país não vai contribuir na estratégia de cotas de produção dos maiores exportadores mundiais de hidrocarbonetos.

"Diferente da Opep e da Opep , a carta não tem compromisso com cortes de produção ou regulação de preços, consistindo em um fórum de discussão sobre temas relacionados à transição energética e avanços tecnológicos", disse à AFP um porta-voz do Ministério de Minas e Energia.

Isso não diminuiu as críticas de ONGs ambientalistas, como a rede Observatório do Clima. Este anúncio é "mais um prego no caixão da transição energética" no Brasil, disse a ONG em comunicado.

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