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Preço do quilo do peixe em Fortaleza pode aumentar até 25% na Semana Santa
Economia

Preço do quilo do peixe em Fortaleza pode aumentar até 25% na Semana Santa

| Oferta e demanda | O valor no local varia entre R$ 40 a R$ 45 para os peixes vermelhos, porém, segundo os vendedores, pode chegar a R$ 50 em épocas de escassez
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MERCADO dos Peixes já teve aumento após o início da Quaresma (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal MERCADO dos Peixes já teve aumento após o início da Quaresma

Passa o Carnaval e chega um período importante para pessoas religiosas: a quaresma. Nesta época do ano litúrgico que antecede a Páscoa, uma das tradições é não consumir ou evitar carne vermelha. Assim, o consumo do peixe aumenta. Em Fortaleza, por exemplo, o preço do produto pode aumentar até 25% na Semana Santa. 

A pesquisa de preço foi realizada pelo O POVO no Mercado dos Peixes, que há mais de 50 anos funciona como ponto turístico de vendas de frutos do mar. O valor no local varia entre R$ 40 a R$ 45 para os peixes vermelhos, porém, segundo os vendedores, pode chegar a R$ 50 em épocas de escassez.

Já a pescada amarela, que não é nativa do Ceará, é comercializada por R$ 60, o quilo. Por outro lado, a cavala custa R$ 45 e o sirigado cerca de R$ 40.

Levando em consideração outros produtos como o camarão, o preço varia de R$ 25 a R$ 70, a depender da gramatura para os de cativeiros. Os de mar ficam em torno de R$ 80. No caso do polvo, a oscilação é de R$ 60 a R$ 70.

Segundo a comerciante Larissa dos Anjos, de 29 anos, normalmente os mais procurados são os peixes vermelhos, como cioba e pargo. 

No entanto, o último está em período de defeso - época crítica para a reprodução da espécie - e segue proibido tanto de ser vendido quanto de ser pescado até o dia 30 de abril. Uma saída é procurar outros peixes que possam substitui-lo.

"Na falta do pargo, temos os chamados "irmãos" dele, como a cioba, a carapitanga, o guaiuba e o ariacó. São todos da mesma família. Claro que o pargo se sobressai, mas esses outros o substituem", explica.

Nesse sentido, o vendedor conhecido como Dentinho, de 46 anos, alerta para os consumidores de abastecerem o mais rápido possível, com estoque.

"O importante é se abastecer logo porque na Semana Santa o preço do peixe vai subir. A tendência é de alta nesse período. A procura aumenta muito, e algumas bancas vão ficando sem peixe. Aí, com menos oferta, o valor sobe."

Questionada sobre o motivo da escassez de tempos em tempos, a comerciante Nira Guedes, 32, afirmou não saber explicar. "É algo do mar mesmo. Por exemplo, ontem chegou muito peixe, conseguimos 50 kg. Mas hoje já não temos muito disponível."

Na Ceasa, preços podem ser até 73% menores

Além disso, O POVO comparou os preços encontrados no Mercado dos Peixes e na Ceasa e há uma variação de 21% a 73%, a depender da espécie.

A maior diferença foi encontrada no quilo do sirigado, comercializado a R$ 23 na Ceasa e a R$ 40 no Mercado dos Peixes. Por outro lado, a menor é do pargo, vendido a R$ 33 no primeiro e a R$ 40 no segundo. 

Conforme o analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, a tendência para as próximas semanas é de alta nos preços dos peixes tanto de água salgada quanto de água doce.

"Já identificamos aqui um acréscimo para os peixes. No caso da cioba, o preço saiu de R$ 27 para R$ 30, com um aumento de 11,1%. A sardinha, que já tinha um preço elevado, subiu de R$ 9 para R$ 10, com um acréscimo de 11%. E a tilápia, que atualmente custa R$ 15, mas pode chegar a R$ 18 o quilo."

De acordo com Odálio Girão, na época de quaresma há uma maior distribuição para restaurantes, hotéis, feiras livres e supermercados, que já começam a se abastecer, e, por isso, a demanda aumenta.

"Os frigoríficos, principalmente, vão estocando peixes que vêm de outros estados, preparando-se para o aumento do consumo na Semana Santa. Com isso, os preços já estão elevados e, à medida que a Semana Santa se aproxima, tendem a subir ainda mais."

Outro item consumido nesta época é o ovo, que já está enfrentando uma crise. Para o analista de mercado da Ceasa, o produto continua com o preço elevado devido a dois fatores: aumento do consumo interno e a alta demanda de exportação para os Estados Unidos, devido à gripe aviária.

"O ovo extra grande saiu de R$ 19,5 e chegou a R$ 22,5 no atacado, enquanto no varejo pode chegar a R$ 30. Todos os tipos de ovos tiveram acréscimos."

Consumo de peixes e frutos do mar deve aumentar cerca de 30%

O consumo de peixes e frutos do mar deve aumentar cerca de 30% durante o período da Semana Santa de 2025, segundo a presidente da Associação Cearense de Supermercados, Claudia Novais.

"Durante a Quaresma, a venda de peixes e frutos do mar nos supermercados do Ceará tende a aumentar significativamente [...] Os supermercados e peixarias costumam reforçar seus estoques para atender à demanda crescente, especialmente de bacalhau e tilápia, que são os mais procurados."

Além disso, pontua que no período também há um crescimento na venda de leite de coco, molhos e conservas. Ou seja, itens que acompanham as receitas.

Por isso, vários fatores influenciam as vendas de peixes e frutos do mar nos supermercados na quaresma. Por exemplo, muitos supermercados frequentemente lançam promoções especiais em produtos alternativos à carne vermelha, como peixes.

"A oferta de uma ampla variedade de peixes frescos, enlatados e congelados, bem como de frutos do mar, atrai mais consumidores. Além disso, supermercados que compartilham receitas e dicas de preparo de pratos à base de peixe e incentivam os consumidores a experimentar novos pratos."

Por fim, acredita que a implementação de sinalização específica nas gondolas para destacar itens adequados para a Quaresma facilita a identificação dos produtos pelos consumidores. Assim, esses fatores combinados ajudam a impulsionar as vendas durante esse período.

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