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Apesar do crescimento, mulheres na indústria esbarram no preconceito
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Apesar do crescimento, mulheres na indústria esbarram no preconceito

A programação destacou temas como liderança feminina em setores industriais, desafios enfrentados no mercado de trabalho, networking e crescimento profissional
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LUDMILLA Campos reforça a importância de ações para promover a igualdade de gênero (Foto: João Filho Tavares)
Foto: João Filho Tavares LUDMILLA Campos reforça a importância de ações para promover a igualdade de gênero

Apesar de um maior número de mulheres empregadas na indústria, a participação feminina ainda esbarra em questões como o preconceito. Foi o que afirmou a diretora executiva da Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp), Ludmilla Campos.

A declaração foi dada durante a segunda edição do evento Elas Brilham nas Empresas do Pecém", em celebração ao Dia Internacional da Mulher, realizado nesta terça-feira, 11. A programação destacou temas como liderança feminina em setores industriais, desafios enfrentados no mercado de trabalho, networking e crescimento profissional.

"Hoje o nosso problema não é a falta de qualificação. O nosso problema hoje é: quais são aquelas profissões que ainda julgamos masculinas e que precisamos mudar essa forma de pensar? Nós temos que começar a desmistificar essa visão de que determinadas funções só podem ser exercidas por homens", ressalta Ludmilla Campos.

Por isso, pontua que o desafio é fazer isso acontecer. "Ainda temos muito discurso e poucas práticas para realmente incluir as mulheres no mercado de trabalho no volume que representamos, porque nós somos maioria." 

A secretária executiva da indústria do Ceará, Brígida Miola, avalia que as mulheres ainda têm muitos desafios, principalmente em cargos de liderança, no setor industrial. Também enxerga a questão dos turnos como um obstáculo.

"Por exemplo, muitas fábricas funcionam 24 horas, e há indústrias que evitam contratar mães por conta desses horários, já que elas precisam sair para buscar ou levar os filhos, amamentar, entre outras responsabilidades. Ainda existe uma barreira cultural na contratação de mulheres por conta da maternidade."

Além disso, explica que a indústria ainda tem enraizada a ideia de que a mulher não pode atuar em áreas que envolvem mais risco.

"Mas acho que estamos conseguindo mudar esse cenário, pois há cada vez mais mulheres aderindo a profissões e cursos tradicionalmente dominados por homens, como engenharias, tecnologia e áreas das ciências exatas. Então, a tendência é que vejamos uma transformação nesses setores industriais historicamente ocupados por homens."

Também afirmou que pretende apresentar um projeto ao governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), com o objetivo de incluir a equidade de gênero como critério de pontuação para as indústrias que aderirem aos incentivos, por exemplo, do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), gerido pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).

Nesse sentido, o presidente da Aecipp, Eduardo Amaral, destaca que a participação das mulheres é uma questão de equidade, fundamental para o desenvolvimento econômico. "Precisamos incentivar as empresas e o ambiente econômico a incluírem cada vez mais mulheres e a colocá-las em patamares de liderança dentro das organizações."

Uma dessas mulheres é Sandrine Mont'alverne, de 31 anos. Formada em engenharia de produção, hoje ela trabalha como coordenadora de projetos na Aecipp.  O desejo de seguir o ramo veio do pai, que é engenheiro mecânico. 

Porém, ao longo dos oito anos de profissão, precisou aprender a se relacionar com todos os tipos de públicos, já que a sua função exige isso. Assim, avalia que o evento é fundamental para se sentir representada. 

"É diferente quando estamos em um ambiente cheio de vida. A gente sente que pode. Sente que pode chegar onde quiser. E essa força se torna ainda maior quando vemos alguém que admiramos chegar lá também." 

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