Logo O POVO+
Bolsas despencam após reação da China a Trump e dólar vai a R$ 5,83
Economia

Bolsas despencam após reação da China a Trump e dólar vai a R$ 5,83

| Impacto | Estresse do mercado financeiro reflete acirramento da guerra comercial após tarifaço dos EUA
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
DÓLAR teve ontem a maior variação em um só dia desde 10 de novembro de 2022 (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA DÓLAR teve ontem a maior variação em um só dia desde 10 de novembro de 2022

As bolsas de valores mergulharam ontem em novo dia de fortes quedas, enquanto o dólar recuperou força em relação a outras moedas, depois que a China decidiu retaliar o aumento de tarifas comerciais anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Brasil também não escapou do estresse: o Ibovespa, principal referência da B3, recuou 2,96% no dia (e 3,52% na semana). Já o dólar disparou e bateu em R$ 5,83, uma alta de 3,68%. Foi a maior variação em um só dia desde 10 de novembro de 2022.

Segundo analistas, a intensificação da guerra comercial - além da China, dirigentes da União Europeia também já anunciaram que poderão reagir à pressão do presidente americano - amplifica a probabilidade de uma recessão global e dificulta eventuais acordos que possam minimizar o impacto das sobretaxas. E foi esse temor que abalou ontem os mercados em todo mundo.

Bolsas no mundo

As bolsas de Paris, Lisboa, Londres e Frankfurt despencaram quase 5%. A de Madri recuou 5,83% e a de Milão, 6,53%. Tóquio perdeu 2,8%. Em Nova York, a Nasdaq, que reúne os papéis das empresas de tecnologia, recuou mais 5,82%, levando para 10% a desvalorização na semana.

Tecnicamente, a plataforma entrou em território de "bear market" (mercado baixista), quando há risco de uma queda de 20% em relação ao pico mais recente.

Já no mercado de câmbio, o índice DXY, termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, subiu cerca de 1%. Entre as demais divisas, destaque negativo para o dólar australiano, com perdas de mais de 4%, seguido por dólar neozelandês, real e os pesos colombiano e mexicano.

"Foi mais um dia de grande incerteza, em que fatores externos falaram mais alto e deixaram o mercado dividido entre o risco inflacionário e o medo de uma freada brusca na economia global", disse Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

Impacto

No dia 2, Trump anunciou a imposição de tarifas a todos os parceiros comerciais. O tarifaço estabelece sobretaxa mínima geral de 10% - que vai valer, por exemplo, para os produtos brasileiros vendidos aos EUA -, mas alguns países tiveram alíquotas bem maiores. No caso da China, chega a 34%.

A resposta do governo chinês veio ontem, numa série de medidas de cunho retaliatório. Entre elas, uma tarifa também de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA. A medida vai entrar em vigor no próximo dia 10, segundo comunicado da Comissão Tarifária do Conselho Estatal.

Em outro movimento, o Ministério do Comércio da China disse ter adicionado 11 empresas americanas à sua lista de "entidades não confiáveis", impedindo-as de fazer negócios na China ou com empresas chinesas.

O ministério também impôs um sistema de licenciamento para restringir as exportações de sete elementos de terras raras que são minerados e processados quase exclusivamente na China, e usados em tudo, de carros elétricos a bombas inteligentes.

A China é a segunda maior fonte de importações dos Estados Unidos, depois do México, e o terceiro maior mercado de exportação dos EUA, depois do Canadá e do México. Em declaração assinada pelo Ministério das Finanças da China, o governo local afirma que a atitude dos EUA "não está de acordo com as regras do comércio internacional, prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos da China e é uma prática típica de intimidação unilateral".

"Eles (o governo chinês) entraram em pânico", escreveu Trump, em seu perfil na Truth Social. Entrar em pânico e retaliar os EUA era "a única coisa que eles não podem se dar ao luxo de fazer", completou ele.

As atenções do mercado também estiveram voltadas para discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell. Ontem, ele disse que as tarifas anunciadas podem provocar uma inflação ainda mais alta e um crescimento mais lento do que o inicialmente esperado. (Agência Estado)

 

Trump anuncia tarifas de 25% sobre automóveis fabricados fora dos Estados Unidos

Mais notícias de Economia

Danos

O aumento das tarifas aduaneiras no mundo "atingirá os vulneráveis e os pobres" com maior intensidade, denunciou ontem Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED)

O que você achou desse conteúdo?