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Ceará realiza estudo de viabilidade para abatedouro de carnes para o mercado islâmico
Economia

Ceará realiza estudo de viabilidade para abatedouro de carnes para o mercado islâmico

Governo do Estado promove pesquisas em três frentes, analisando as melhores raças de ovinos e caprinos para abate, locais para instalação e mercados no Oriente Médio
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CRIAÇÃO de ovinos e caprinos para corte precisa seguir as normas alimentares islâmicas (Foto: Arquivo/SDE)
Foto: Arquivo/SDE CRIAÇÃO de ovinos e caprinos para corte precisa seguir as normas alimentares islâmicas

O Governo do Ceará promove estudo de viabilidade para a criação de um cluster econômico de exportação de carnes para o mercado islâmico. A iniciativa ocorre em três frentes, analisando as melhores raças de ovinos e caprinos para abate, locais para instalação de um abatedouro e prospecção de mercados no Oriente Médio.

O prazo estimado para a conclusão dos estudos é em até quatro meses. A iniciativa é liderada pela Secretaria Executiva de Agronegócio (pasta do Desenvolvimento Econômico), que já negocia há meses a implantação do primeiro aglomerado de exportação para o mercado halal de caprinos e ovinos no Brasil.

O corte halal é um procedimento de abate de animais conforme as leis alimentares islâmicas.

A empresa interessada na instalação da operação industrial faz parte do Grupo Vicunha, que já possui outros investimentos no Ceará, como indústrias têxteis e fazendas de manga.

O grupo empresarial possui um abatedouro de caprinos no estado de São Paulo, onde exporta parte da produção para o Oriente Médio. Na negociação, o Ceará quer se viabilizar com base nos estudos como opção viável para o início de uma operação industrial.

Em novembro de 2024, O POVO informou sobre a iniciativa e a negociação em andamento. Segundo o secretário executivo do Agronegócio, Sílvio Carlos Ribeiro, atualmente o grupo importa a carcaça de caprinos do Uruguai ou do Rio Grande do Sul para realizar o processamento.

No Ceará, o principal diferencial seria a tradição na criação de ovinos e caprinos, com rebanho já estabelecido.

Sílvio enfatiza que os estudos são realizados em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), a Embrapa e universidades locais, que tem auxiliado nas pesquisas da realidade local.

Outra entidade que contribui para esse processo de atração é a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), que é a principal certificadora halal do País, com mais de 5 mil certificações emitidas e reconhecida no mercado árabe.

O secretário ainda destaca que existe ainda a possibilidade de exportação de animais vivos ao Oriente Médio, além da produção via frigorífico.

"O Governo do Estado está financiando estudos e dando todo o suporte. O Grupo Vicunha está nos ajudando diretamente e outras empresas também estão interessadas em montar frigoríficos e criar rebanhos", explica.

Regiões do Estado cotadas para receber o investimento

Em relação aos locais avaliados para a instalação do abatedouro, três regiões do Estado são analisadas: O Sertão dos Inhamuns (que inclui cidades como Tauá), o Sertão de Crateús (Crateús e Independência), e o Sertão Central (Quixadá, Quixeramobim, Pedra Branca e Senador Pompeu).

Um consultor tem viajado os municípios para identificar o potencial do rebanho. O POVO apurou que prefeituras já entram em contato com a SDE interessadas em sediar a instalação do projeto.

"O mercado halal é impressionante e cresce a cada ano. Estima-se que em 2050, 3 bilhões de pessoas no mundo serão muçulmanas. Hoje, há cerca de 1,8 bilhão. E é um mercado com ticket médio superior à maioria dos mercados tradicionais", afirma.

Em outra frente, a comercial, o Governo do Ceará também atua no Oriente Médio, nas cidades de Doha (Catar) e Dubai (Emirados Árabes Unidos) para prospectar possíveis importadores da carne cearense.

Para Silvio, o investimento feito pelo Estado nesses estudos deve ser recompensado com a criação dessa cadeia econômica, ainda incipiente no Estado.

"Vai beneficiar o Ceará, criando uma nova oportunidade e, possivelmente, atraindo outros investidores. Como o Maia (Jr, ex-titular da SDE - que iniciou as negociações para instalação do projeto no Estado) gostava de falar, vai criar um novo cluster para a pecuária. A gente já cria ovinocaprinocultura há muitos anos, mas o que falta é organizar a cadeia. Esse projeto vai fazer isso".

Logística para exportação

O secretário ainda comentou sobre a questão logística. Ele destaca as rotas marítimas já disponíveis pelo Porto do Pecém e o diferencial da Zona de Processamento de Exportações (ZPE).

Ainda assim, destaca que não certo dizer que a melhor alternativa será a implantação do projeto dentro da ZPE por conta das distâncias em relação aos polos de criação de animais. Esse ponto ainda deve ser mais bem estudado até que se chegue ao denominador comum.

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