O CFO da Aeris Energy, José Azevedo, disse ontem, em entrevista ao O POVO que a empresa espera retomar contratações de pessoal já a partir de 2026, embora condicione esse movimento à concretização de novos projetos no mercado interno e ao sucesso na estratégia de exportações de pás eólicas, principal produto da companhia
A empresa cearense chegou a fechar 700 postos de trabalho em fevereiro e cerca de 5 mil, ao longo dos dois últimos anos, e conta, atualmente, com cerca de 1.500 profissionais.
“Isso (novas contratações) vai depender da demanda. Então, vamos supor que fechemos mais exportações do que as previstas na modelagem financeira para este ano e para o próximo, obviamente, que a gente volta a contratar”, projetou, citando os mercados dos Estados Unidos e da América Sul.
“Existe essa probabilidade? Sim, existe. Ela é até grande, mais para o início de 2026 do que para agora. Porque, para agora, não tem como: quase todo contrato quando é fechado só começa a produzir nove meses depois. Esse é o ponto da situação. Agora, para quem está hoje operando na empresa, novas demissões estão totalmente descartadas. Nós acreditamos nisso, a família controladora acredita, os credores acreditam”, exaltou.
No 1º trimestre de 2025, a Aeris Energy registrou prejuízo de R$ 94,5 milhões. Apesar do número negativo, o resultado significa uma redução de 88,7% em relação ao que foi reportado no 4º trimestre do ano passado (- R$ 833 milhões).
Por outro lado, na comparação com o 1º trimestre de 2024 houve um aumento percentual de 129,2% no prejuízo registrado pela companhia. Já a venda de pás eólicas no mercado interno aumentou 105,6% no período analisado.
Combinadas as duas análises, o cenário permanece desafiador para a empresa, mas sinaliza para uma redução do ritmo das perdas. Segundo o CFO da Aeris Energy, o pior momento financeiro da companhia parece estar passando. “A gente espera voltar a crescer e, voltando a crescer, a gente precisa de capital. Então, estamos nos preparando para tudo isso: ir ao fundo do poço e voltar”, ressaltou.
“Não foi uma situação fácil. Tivemos que reduzir o nosso quadro e reduzimos bastante. Tivemos que pagar indenizações, fazer reestruturação e uma série de coisas extras que vieram por aí, mas enfim, no fim tudo deu certo. Agora é esperar a boa-fé da macroeconomia e dos fatores externos. Se a Selic baixar um pouco, isso ajuda a retomada dos projetos”, pontuou.
“Obviamente, nesse período, nos tornamos uma empresa menor. O que estamos fazendo agora, infelizmente, envolveu sacrifícios — e sempre alguém acaba sendo sacrificado nessa história, como foi o caso da quantidade de empregos que tivemos que cortar. Também precisamos pedir, realmente, a colaboração dos credores”, lembrou José Azevedo.
Nesse sentido, o executivo comemorou também o avanço nas negociações das dívidas da Aeris. “Nós praticamente temos toda a dívida renegociada. Anunciamos as debêntures, que representam mais ou menos 73% da dívida, no dia 28 de março", disse o executivo. Ele citou, por fim, negociação das dívidas com o Banco Votorantim e com o BNDES.
R$ 8,2 MI
Os investimentos da Aeris Energy totalizaram R$ 8,2 mi entre o meses de janeiro e março de 2025