Uma paralisação nos envios terrestres dos Correios, iniciada no dia 30 de abril, resultou em atrasos na entrega de mercadorias em diferentes regiões do País.
Segundo O POVO apurou diretamente com o atendimento em duas agências, os funcionários indicam que o problema logístico afetou especialmente o transporte de encomendas pelas rodovias, gerando impacto direto nos prazos previstos.
Além dos atrasos, usuários também se queixam da falta de informações no sistema de rastreamento. Em um dos casos reportados ao O POVO, uma mercadoria foi adquirida no dia 28 de abril e tinha previsão de chegar no dia 8 de maio.
Porém, até esta quinta-feira, 15 de maio, a plataforma dos Correios permanece sem atualizações. A última se deu no dia 6. Sem retorno, o consumidor, que não quis se identificar, foi informado presencialmente que o sistema deve ser atualizado ao longo desta semana, sem detalhes em relação à localização do pacote.
Ou seja, nem mesmo os funcionários da estatal têm informações sobre a mercadoria.
Na área de rastreamento do site, apenas há o recado “Para obter mais informações sobre o objeto, clique aqui e registre uma manifestação”. Isso significa que o cliente pode abrir uma reclamação e pedir até mesmo ressarcimento.
Diante do exposto, o leitor informou que a empresa responsável pela mercadoria afetada pelo atraso entrou em contato, explicando que está tentando obter um posicionamento da gerência nacional dos Correios.
Ainda segundo o relato, os funcionários comunicaram que a situação poderia ser resolvida até o dia 15 (esta quinta-feira).
Na mensagem, a empresa afetada pelos Correios frisou que caso não houvesse retorno até esta data, o pedido, que estava na modalidade PAC, seria reenviado por Sedex.
Este tipo de entrega é uma sigla para Prático, Acessível e Confiável e consiste no envio de encomendas com preços mais baixos e prazos de entrega maiores. É uma opção para quem não requer urgência.
A vendedora do produto também teria estipulado um novo prazo estimado de entrega, até o dia 20 de maio, e disponibilizado a opção de cancelamento e reembolso caso a estatal não tivesse uma solução.
No primeiro contato com os Correios, no dia 10 de maio, a empresa admitiu não estar pagando as terceirizadas em dia, mas descartou indicativos de greve, cogitados pelos empreendedores que usam o serviço. Não houve menção a atrasos e nem a problemas no rastreamento. Porém, até aquele dia, a mercadoria do consumidor estava atrasada apenas dois dias.
Com a continuidade do atraso, O POVO entrou em contato novamente com os Correios para saber atualizações.
A resposta veio por meio de nota: "O serviço de entrega dos Correios segue operando em todo o país. Para algumas situações pontuais e temporárias, a empresa está adotando medidas que estão garantindo a continuidade das entregas."
balanço
Balanço dos Correios referente ao ano de 2024 apontou prejuízo de R$ 2,6 bilhões. O déficit é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, quando o prejuízo registrado foi de
R$ 597 milhões
Trabalhadores pedem diálogo sobre corte de despesas
Após uma série de medidas de cortes de despesas anunciadas pela direção dos Correios, os trabalhadores querem a instalação de um comitê de crise para tratar da situação da empresa. Na última sexta-feira, dia 9, a estatal divulgou um relatório mostrando um prejuízo de R$ 2,6 bilhões no ano passado.
Para reverter a situação, os Correios anunciaram que pretendem economizar R$ 1,5 bilhão este ano. Para tanto, a diretoria determinou, entre outras medidas: suspensão de férias em 2025; redução nas jornadas de trabalho com redução salarial; transferência voluntária e temporária de carteiros e atendentes comerciais para centros de tratamento; e retorno obrigatório ao trabalho presencial.
Entre as medidas estão também a prorrogação do programa de desligamento voluntário (PDV) até 18 de maio, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade; a revisão da estrutura da sede da empresa, com corte de pelo menos 20% no orçamento de funções; lançamento de novos formatos de planos de saúde, com economia estimada de 30% para a empresa e para os empregados.
"Com a implementação das medidas e a captação de investimento do NDB, a previsão é reduzir 12% dos custos operacionais e aumentar o lucro operacional da empresa em cerca de R$ 3,1 bilhões ao ano", diz comunicado dos Correios.
Com o anúncio, a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findetec) diz que se tornou indispensável a abertura de um canal de diálogo. "Mudanças estruturais só têm efetividade quando debatidas com quem opera a empresa diariamente. A transparência nos dados econômicos, operacionais e atuariais, compartilhados previamente com representantes dos empregados, evita retrocessos e permite a construção de soluções alinhadas à realidade da base", disse a Fentec. (Agência Brasil)