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Paralisação em canteiros de obras compromete entrega de 3,2 mil unidades habitacionais
Economia

Paralisação em canteiros de obras compromete entrega de 3,2 mil unidades habitacionais

| 180 obras paradas | Sem acerto entre operários e construtoras na campanha salarial, empreendimentos localizados em Fortaleza e Região Metropolitana podem ter datas de entrega atrasada
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GREVE compromete andamento das obras em Fortaleza e Região Metropolitana (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA GREVE compromete andamento das obras em Fortaleza e Região Metropolitana

Depois do melhor ano dos últimos oito alcançado em 2024 e um início de 2025 promissor, o mercado imobiliário cearense enfrenta um impasse entre construtoras e operários que compromete a entrega de 3,2 mil unidades habitacionais em Fortaleza e Região Metropolitana, nas contas do Sindicato da Construção do Ceará (Sinduscon-CE).

Ao todo, são cerca de 180 canteiros de obras impactados e entre 10 mil e 14 mil operários envolvidos na greve que foi deflagrada na última segunda-feira, 12, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

O POVO apurou que há paralisações nos municípios de Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Itaitinga e Maracanaú. O impacto maior na conclusão das unidades, no entanto, deve ser nos empreendimentos em construção na Capital, onde existem mais lançamentos.

Dos R$ 8,5 bilhões em valor geral de vendas calculado no ano passado pelo mercado imobiliário, por exemplo, R$ 5,2 bilhões estavam localizados em Fortaleza. O setor vive um novo boom com carência, inclusive, de mão de obra.

Impasse

O motivo do fim das negociações mediadas pelo Ministério Público do Trabalho foi o pedido dos trabalhadores de ter o vale transporte convertido em vale combustível. Nestor Bezerra, coordenador geral do sindicato dos trabalhadores, afirma que “o vale transporte não condiz mais com a realidade do trabalhador”, acrescentando que a grande maioria dos sindicalizados possui uma moto ou um carro e por isso a defesa.

Ele ainda sugere que a insistência em manter isso como benefício “induz o operário a usar ele de forma ilegal, vendendo o cartão”. Nestor afirma que é possível converter o valor pago para o transporte em ônibus, topics e metrô em benefício no salário ou mesmo como é feito com a cesta básica e diz que o vale combustível não tem encargos sociais.

Já Marcelo Pordeus, vice-presidente da área trabalhista do Sinduscon Ceará, afirma que o vale combustível “não tem respaldo legal e pode trazer encargos trabalhistas imprevisíveis para as empresas”.

Sobre reajuste salarial, os dois lados não demandam conflito. O POVO apurou que as negociações começaram em 9% pedido pelos trabalhadores e 3% oferecido pelas empresas, que evoluiu para algo em torno de 5% equalizado entre as partes, assegurando ganho real aos operários.

Negociações

Sem acerto, os operários decidiram por paralisar as obras e deflagraram a greve. Nestor conta que a ida à Câmara Municipal e à Assembleia Legislativa do Ceará não gerou novos espaços de negociação.

A última negociação, acrescenta o Sinduscon, foi dia 9 de maio na Justiça do Trabalho. “O processo está agora nas mãos do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7), que deverá julgar o pedido de abusividade da greve apresentado pelo sindicato patronal”, acrescentou.

Mas, para Nestor, o encontro com o secretário estadual Vladyson Viana (Trabalho) nesta sexta-feira, 16, estimou esperança em uma nova rodada com a mediação direta do Governo do Estado.

O coordenador geral ainda disse que vai recorrer da decisão que impede o sindicato dos trabalhadores de se aproximar a menos de 200 metros dos canteiros de obras, bem como de impedir o acesso dos trabalhadores aos locais de trabalho ou incitar atos que resultem em danos materiais, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Depredações geram prejuízo de R$ 18 milhões

A forma como o movimento grevista agiu nos canteiros virou alvo de críticas. Além de paralisar a atividade no canteiro, foi observado ainda depredação de pontos de venda dos imóveis e destruição de equipamentos e construções feitas.

Para as construtoras, diz Pordeus, a preocupação é aumentar ainda mais os prejuízos. Nos cálculos do Sinduscon-CE, as depredações resultaram em perdas que giram em torno de R$ 18 milhões nesses primeiros dias de paralisação e greve.

“Nós estimamos um prejuízo, considerando essa mão de obra que está parando e alguns equipamentos locados, algo na ordem de R$ 600 mil por dia. Além disso, há materiais que são preparados para usar e não usa”, afirmou ao O POVO.

O número ainda pode aumentar porque a destruição de refeitórios, instalações sanitárias e estruturas já prontas em gesso ou tijolos ainda não foi calculada.

“Tem ainda a questão do prazo contratual com o banco ou o cliente com esse atraso. Há os custos financeiros porque parte das empresas usa financiamento da produção”, acrescenta.

Sobre as denúncias, o coordenador geral do sindicato dos trabalhadores classificou o relatado como “caso isolado nas mobilizações”. “E isso aconteceu porque, quando a gente passou com 4 mil homens no carro de som, a empresa estava com segurança armada e os seguranças pegaram em armas pra gente e isso a turma não engoliu”, completou.

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A forma como o movimento grevista agiu nos canteiros virou alvo de críticas. Além de paralisar a atividade no canteiro, foi observada ainda depredação de pontos de venda dos imóveis e destruição de equipamentos e construções feitas.

Marcelo Pordeus, vice-presidente da área trabalhista do Sinduscon Ceará, diz que, para as construtoras, a preocupação é aumentar ainda mais os prejuízos. Nos cálculos da entidade, as depredações resultaram em perdas que giram em torno de R$ 18 milhões nesses primeiros dias de paralisação e greve.

"Nós estimamos um prejuízo, considerando essa mão de obra que está parando e alguns equipamentos locados, algo na ordem de R$ 600 mil por dia. Além disso, há materiais que são preparados para usar e não usa", afirmou ao O POVO.

O número ainda pode aumentar porque a destruição de refeitórios, instalações sanitárias e estruturas já prontas em gesso ou tijolos ainda não foi calculada.

"Tem ainda a questão do prazo contratual com o banco ou o cliente com esse atraso. Há os custos financeiros porque parte das empresas usa financiamento da produção", acrescenta.

Sobre as denúncias, o coordenador geral do sindicato dos trabalhadores classificou o relatado como "caso isolado nas mobilizações".  "E isso aconteceu porque, quando a gente passou com 4 mil homens no carro de som, a empresa estava com segurança armada e os seguranças pegaram em armas para gente e isso a turma não engoliu", completou.

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