Com US$ 500,7 milhões, as exportações do Ceará no 1º quadrimestre de 2025 apresentaram avanço de 19,7% na comparação com período equivalente de 2024.
A alta ocorre após dois anos de quedas nesse comparativo. O resultado acontece mesmo considerando o cenário de guerra comercial entre Estados Unidos e China e do chamado 'tarifaço', promovido pelo presidente norte-americano, Donald Trump, em abril.
Os dados são do Ceará em Comex, estudo elaborado pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN-CE), vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Já o saldo comercial do Estado permanece negativo, em aproximadamente US$ 481 milhões, uma vez que o volume de importações, de US$ 981,8 milhões, foi superior ao de exportações. Porém, houve uma redução de 13,1% nesse déficit, no comparativo anual.
Em abril deste ano, o valor exportado também registrou crescimento, chegando a quase US$ 151,8 milhões, com alta de 24,2% e de 38% em relação a março de 2025 e a abril de 2024, respectivamente. O montante também foi o maior registrado neste ano, superando a marca de fevereiro, quando o Ceará exportou pouco mais de US$ 124,2 milhões em mercadorias.
“O desempenho positivo foi sustentado pela continuidade da recuperação nos embarques do setor de ferro e aço, que, apesar de ainda operar com instabilidade nos registros de averbação, vem mostrando avanço significativo desde o início do ano”, detalha o levantamento.
Essa instabilidade, conforme o apresentado pelo CIN-CE, vem impactando o setor de ferro e aço desde o início de 2024, o que resultou numa subnotificação dos dados, já que “muitas exportações realizadas fisicamente não foram registradas nos sistemas estatísticos oficiais”.
Em 2025, o levantamento aponta que se observa uma recomposição parcial dos volumes registrados, especialmente em abril, quando o setor exportou US$ 75,6 milhões.
No entanto, o acumulado do quadrimestre, de US$ 151,99 milhões, continua abaixo dos patamares registrados em anos anteriores, como 2022 e 2023. Os Estados Unidos respondem por 87,8% do total comercializado pelo Ceará, quando considerados ferro e aço.
Os Estados Unidos também lideram entre os destinos para os quais o Estado comercializa, de um modo geral, com 41,4% de participação nas exportações cearenses e um crescimento expressivo de 64,9% no acumulado do ano.
O comércio exterior do Ceará também alavancou com o crescimento das vendas para países como o Reino Unido (106,6%), os Países Baixos (26,9%), a China (13,8%) e a Itália (27,6%).
Para o CEO da Unipar-BR, Eduardo Neves, “a venda de aço para o mercado americano foi crucial para esse bom resultado das exportações, mas vale ressaltar o aumento da competitividade internacional e a conquista de novos mercados pelo Ceará”. Ele citou, por exemplo, a força do polo calçadista de Sobral, além do aumento expressivo na exportação de maquinário, que teve um salto de 789,6%.
Já a gerente do CIN, Karina Frota, ressaltou que além, desses produtos, setores como frutas, ceras vegetais e pescados seguiram contribuindo de forma relevante para a pauta exportadora do Estado", acrescentando que o crescimento das exportações para nações europeias e asiáticas, evidencia "o fortalecimento da presença internacional dos produtos cearenses em mercados estratégicos".
No que concerne às importações, em abril, a alta mensal foi de 14,9% e a anual foi de 6,6%, somando US$ 262,7 milhões. Entre as principais origens dos produtos importados pelo Estado em 2025 estão: China, que respondeu por 35,8% das compras cearenses. Vale destacar o crescimento expressivo das importações com origem no Japão, que subiram 530,8%.
As exportações cearenses neste ano continuam mantendo forte concentração geográfica, com apenas dez municípios respondendo por mais de 80% das vendas externas do Estado, dos quais seis estão localizados na Região Metropolitana de Fortaleza.
Na comparação com outros estados, o Ceará ficou na 17ª colocação em exportações no acumulado deste ano, respondendo por 0,47% do comércio exterior brasileiro. Já nas importações, o Estado ocupou o 13º lugar, com 1,1% de participação.
Em relação ao Nordeste, o Ceará ocupou, ainda, a quarta posição tanto em valores de exportação quanto em valores de importação no Nordeste nos quatro primeiros meses de 2024. (Colaborou Adriano Queiroz)
COMÉRCIO EXTERIOR
Exportações por município
1. São Gonçalo do Amarante: US$ 162 milhões
2. Fortaleza: US$ 77,9 milhões
3. Sobral: US$ 47,8 milhões
4. Icapuí: US$ 34,9 milhões
5. Maracanaú: US$ 25,7 milhões
6. Aquiraz: US$ 18,3 milhões
7. Eusébio: US$ 18,3 milhões
8. Caucaia: US$ 17,9 milhões
9.Quixeramobim: US$ 9 milhões
10. Itarema: US$ 8,6 milhões
Importações por município
1. Fortaleza: US$ 247,2 milhões
2. São Gonçalo do Amarante: US$ 211 milhões
3. Maracanaú: US$ 139,3 milhões
4. Caucaia: US$ 133,3 milhões
5. Aquiraz: US$ 56,5 milhões
6. Eusébio: US$ 53,4 milhões
7. Crato: US$ 46,1 milhões
8. Horizonte: US$ 28,9 milhões
9. Icó: US$ 9,2 milhões
10. Tianguá: US$ 8,1 milhões
Fonte: Ceará em Comex