A Angola Cables avalia a necessidade de instalar mais três cabos submarinos de fibra óptica em Fortaleza nos próximos anos.
A informação foi dada pelo CTO (sigla inglesa para diretor de Tecnologia) da multinacional angolana, Lucenildo Lins, durante o seminário Ceará Tech Hub, realizado ontem pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira (FCNB).
“Essa afirmação vem do fato de termos cabos de uma primeira geração, instalados por volta de 2011 e o tempo de vida médio de um cabo é da ordem de 25 anos. Alguns podem ser estendidos por um pouco mais de tempo, mas vai ser necessário mais investimento, porque esses cabos estão ficando antigos, e a tecnologia está evoluindo”, disse.
“O projeto Firmina, por exemplo, é um novo cabo (do Google). Temos chances, no futuro, de trazer um investimento para que esse cabo seja instalado aqui. Mas, no final das contas, atrair investimentos passa por facilitar o processo. Quando queremos atrair investimento internacional, temos que ter um ambiente regulatório que, sim, ofereça as devidas garantias para o Estado brasileiro, para a população brasileira”, acrescentou.
O evento reuniu empresas, representantes do setor público e parlamentares para discutir o futuro das novas tecnologias nas esferas municipal, estadual, nacional e global. Um dos desafios é a questão energética tanto do ponto de vista da produção quanto da transmissão.
Em janeiro, por exemplo, a Casa dos Ventos, que planeja a instalação de um data center na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, teve a conexão negada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), por questões técnicas e estruturais.
“Os projetos realmente são de grande porte. Então, é natural que haja essa discussão técnica com o ONS, para poder viabilizar que seja uma conexão adequada”, afirmou o diretor de Inovação da Casa dos Ventos, João Caldas.
“Eu acredito que será dada alguma solução. A gente vê que existem vários atores com interesse em resolver isso. Até porque estamos falando de investimentos relevantes e o próprio Estado tem sido muito atuante”, disse.
Já o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, confirmou que há algumas restrições de acesso à energia e às linhas de transmissão, mas avaliou que não se tratam de “gargalos graves”.
“No setor de telecomunicações, porém, não há gargalos atualmente. Todos os projetos de data centers estão em andamento e, especialmente o Ceará, está se consolidando como um centro de referência”, citou.
Por fim, o presidente da FCNB, Daniel Braga, ressaltou que o Estado “tem todos os elementos para dar certo (a consolidação como hub tecnológico) — só precisamos saber juntar tudo isso e aproveitar”.
“Temos energia, temos conexão, temos cabeças pensantes — que, hoje em dia, são o recurso mais valioso e difícil de encontrar. Todo mundo sabe que o cearense é muito inteligente”, concluiu.