A Casa dos Ventos, empresa à frente do projeto de data center que recebeu aval do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para conexão na rede básica de energia, informou nesta sexta-feira, 30, que o equipamento, a ser instalado no Complexo do Pecém, será abastecido com energia própria e tecnologia embarcada para garantir um baixo consumo de água.
O projeto, que tem investimento estimado em R$ 50 bilhões, prevê a conexão de 300 megawatts (MW) na primeira etapa.
Essa energia, segundo a empresa, será fornecida por novos parques eólicos e solares a serem instalados no Nordeste e dedicados exclusivamente para alimentar essa atividade, sem influenciar na oferta atual do País.
De acordo com o comunicado, o data center adotará ainda sistemas de refrigeração em ciclo fechado, reduzindo significativamente a utilização hídrica em comparação a tecnologias tradicionais.
A previsão é que o uso de água na primeira fase seja de 30 metros cúbicos (m³) por dia, volume equivalente à demanda média de 72 residências do município de Caucaia, representando aproximadamente 0,045% da demanda residencial total da cidade, que possui aproximadamente 160 mil residências, conforme informações da empresa.
“O aumento da demanda pela inteligência artificial requer energia e água em qualquer lugar do mundo, e o Brasil está muito bem posicionado. A escolha pelo sistema fechado é estratégica e reforça o compromisso do projeto com a preservação dos recursos naturais, principalmente do uso da água”, explica Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos.
Além do parecer favorável do ONS, o empreendimento também obteve a habilitação nas Normas Brasileiras de Serviços (NBSs) pelo Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Essa classificação é necessária para regulamentar a prestação de serviços de armazenagem, processamento e tráfego de dados voltados exclusivamente para exportação.
Lucas reforça que a escolha do Ceará como local para o projeto não é aleatória. Dentre os fatores que pesaram para isso, segundo ele, está a presença da Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará), a proximidade das estações de cabos submarinos em Fortaleza, que conectam o Brasil aos principais hubs globais, além da oferta de energia renovável disponível no Nordeste.
O empreendimento tem o potencial de mais do que dobrar a capacidade instalada de data centers no Brasil. A estimativa é de que mais de 20 mil empregos diretos e indiretos sejam criados no Estado, além do estabelecimento de um novo polo de infraestrutura digital que promete impulsionar a economia do País e, em particular, a região Nordeste e o Ceará.
Ainda segundo a empresa, o projeto apresenta viabilidade para execução a curto prazo, com previsão de início da construção no segundo semestre de 2025 e operação programada para o segundo semestre de 2027.
"O Brasil tem os atributos certos para liderar esse novo mercado: matriz energética renovável, conectividade robusta, estabilidade elétrica e capital humano qualificado. Essa é uma oportunidade concreta para exportar serviços de alto valor agregado e acelerar a transição energética", frisa Lucas Araripe.
O POVO procurou o Governo do Estado e o Complexo do Pecém para se manifestar sobre o tema, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Prazos
Início da construção do data center está prevista para o segundo semestre de 2025, com operação programada para o segundo semestre de 2027