Com a Conferência do Clima, COP30, marcada para ocorrer em novembro desse ano, em Belém, o Brasil ganha ainda mais relevância no centro das discussões globais sobre clima e desenvolvimento sustentável.
O protagonismo exige mais do que discurso e demanda ação concreta. É nesse contexto que cresce a pressão por modelos industriais mais limpos, eficientes e inclusivos.
O economista e vice-presidente da Academia Cearense de Economia, Célio Fernando, coloca o Brasil no epicentro das discussões globais sobre sustentabilidade, criando uma oportunidade única para acelerar a transição industrial verde.
“Para as indústrias brasileiras, este momento representa não apenas uma pressão por conformidade ambiental, mas uma janela estratégica para liderar a neoindustrialização sustentável no cenário mundial, fundamentada na educação transformadora como elemento central de inclusão social e desenvolvimento tecnológico”, defende o economista.
Segundo o especialista, a neoindustrialização brasileira está se desenhando sobre pilares fundamentalmente sustentáveis: descarbonização, economia circular e bioeconomia.
Diferentemente dos modelos industriais tradicionais do século passado, esta nova fase industrial busca conciliar competitividade econômica com responsabilidade ambiental e justiça social, transformando o que antes eram considerados passivos ambientais em verdadeiros ativos econômicos.
No início do mês, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou a pesquisa encomendada à Nexus, que aponta que quase metade das indústrias brasileiras já investe em fontes renováveis de energia. O percentual de empresas subiu de 34%, em 2023, para 48% em 2024. No Nordeste, seis em cada 10 indústrias adotam ações voltadas ao uso de energia limpa.
Célio Fernando detalha que o Ceará se destaca como um caso emblemático dessa transformação industrial sustentável. Pois o Estado construiu um ecossistema integrado de sustentabilidade que serve de modelo para outras regiões brasileiras.
Para ele, fundamental neste processo tem sido o investimento em educação técnica e superior, com programas de qualificação profissional alinhados às demandas da economia verde e parcerias entre universidades e centros de pesquisa que impulsionam a inovação tecnológica.
“Na área de energias renováveis, tem consolidado sua posição nacional em geração eólica e solar, integrada estrategicamente à produção de hidrogênio verde, combustível do futuro que promete revolucionar setores industriais intensivos em energia”, aponta.
A pesquisa da CNI ainda aponta que entre as indústrias que investiram em programas ou ações para o uso de fontes renováveis de energia, no Brasil, a autoprodução foi a principal estratégia (42%). Elas buscaram, sobretudo, reduzir custos (50%).
Outro dado que aumentou foi o de indústrias que consideram a energia renovável e a inovação como estratégias para a descarbonização. Em 2024, 25% das empresas indicaram o uso de fontes renováveis como prioridade para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), um crescimento de 2 pontos percentuais em relação a 2023.
Antonio Ricardo Alvarez Alban, presidente da CNI, acredita que um dos principais desafios que os países enfrentam relacionados à agenda climática é a implementação de estratégias de descarbonização que sejam eficazes e integradas, ao mesmo tempo atendendo as necessidades econômicas e sociais das populações.
“Diversos países têm adotado medidas para descarbonizar a indústria, com o objetivo de torná-la mais ágil e preparada para se adaptar à transição para uma economia de baixo carbono. É senso comum que a indústria, além de vital para a economia, desempenha um papel relevante na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) como grande promotora das inovações necessárias à descarbonização inclusiva e justa”, analisa.
Serviço
II Fórum ESG O POVO
Data: 25 de junho
Horário: A partir das 13h
Local: Auditório da Fiec na Avenida Barão de Studart, 1980, Aldeota
Inscrições gratuitas e limitadas: https://www.sympla.com.br/evento/foum-esg-o-povo/2981415?share_id=whatsapp&share_id=copiarlink
Panorama da indústria e sustentabilidade no Brasil
- Em 2024, 48% das empresas afirmaram investir em ações ou projetos de uso de energia hídrica, eólica, solar, biomassa ou hidrogênio de baixo carbono. O percentual, em 2023, era de 34%;
- Entre as indústrias que investiram em programas ou ações para o uso de fontes renováveis de energia, a autoprodução foi a principal estratégia (42%). Elas buscaram reduzir custos (50%);
Empresas que investem em projetos de energias renováveis no Brasil
Nordeste: 60%
Norte: 56%
Centro-Oeste: 56%
Sul: 53%
Sudeste: 39%
- Em 2024, 25% das empresas indicaram o uso de fontes renováveis como prioridade para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), um crescimento de 2 pontos percentuais em relação a 2023;
- No quesito inovação, o percentual de empresas que priorizam a inovação tecnológica para descarbonização passou de 14% em 2023 para 20% em 2024;
- Mais de 60% das empresas entrevistadas têm interesse em financiamento para adequação do maquinário para fins de descarbonização;
- Já 9 em cada 10 reclamam da falta de incentivo tributário para as ações de descarbonização.
Seis medidas de sustentabilidade foram implementadas principalmente:
Redução da geração de resíduos sólidos (89%)
Otimização do consumo de energia (86%)
Modernização de maquinário para ganhos ambientais (81%)
Redução ou eliminação da poluição da água (79%)
Otimização do uso da água (79%)
Aperfeiçoamento dos processos produtivos para melhorar o desempenho ambiental (77%)
Fonte: Pesquisa Nexus para Confederação Nacional da Indústria (CNI)