O Parlamento do Irã aprovou, neste domingo, 22, medida que prevê o fechamento do Estreito de Ormuz, ponto estratégico de cerca de 20% de todo o Petróleo e gás do mundo. A medida ocorre um dia depois de bombardeios dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas.
O Irã já havia ameaçado obstruir o tráfego na região, em caso de intervenção americana. O atual anúncio, no entanto, foi feito por meio de um veículo de imprensa local. A decisão final cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional. Ainda não foi informado um prazo para que ela seja tomada.
Ainda assim, consequências do possível fechamento do estreito circularam imediatamente. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, chegou a solicitar uma ação da China, para que a medida não tenha seguimento.
Em entrevista à Fox News, ele argumentou que Pequim “depende fortemente do Estreito de Ormuz para seu petróleo” e, portanto, deveria considerar “lidar com isso”. O membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA elencou o fechamento como um “suicídio econômico, que prejudicaria as economias de outros países” muito mais do que a americana. O Governo chinês não respondeu até o momento.
O bloqueio partiria de forças militares, conforme apontou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, empresa de consultoria empresarial. O Irã ainda instalou bombas subaquáticas, embarcações, lanchas, drones e demais equipamentos como forma de inibir a passagem de navios.
Estes transportes abrigam aproximadamente 20,1 milhões de barris por dia em Ormuz, extraídos por países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque. O próprio Irã é ao mesmo tempo, intermediador e produtor.
Já os olhares para a Ásia se sustentam, pois 82% dos carregamentos de petróleo bruto e outros combustíveis que atravessam o estreito vão para consumidores asiáticos. Além da segunda maior economia do mundo, países como Índia, Japão e Coreia do Sul são os principais destinos. Juntos, esses quatro países respondem por quase 70% de todo o fluxo de petróleo bruto e condensado que atravessa o estreito.
Assim, perspectivas apontadas pelo engenheiro de Petróleo e Professor, Marcio Mocelin, apontam que estes países seriam os que primeiro sofreriam com o impacto inicial do fechamento do estreito: a alta do petróleo.
Ainda não é possível mensurar exatamente o impacto dos ataques americanos no preço da commodity, uma vez que os dados mais recentes são referentes ao dia 20 de junho, antes dos bombardeios.
No entanto, o valor do barril variou 19%, saindo da casa dos 60 para os 70 dólares, entre 22 de maio a 20 de junho, recorte temporal em que houve o início das últimas ofensivas entre Israel e Irã. Informações são portal investing.com.
O aumento pode ser imediato, já havendo precedentes disso. No dia exatamente dos ataques de retaliação do Irã a Israel, por exemplo, o petróleo fechou em uma alta de 7%.
Segundo Marcio Mocelin, o petróleo Brent, o mais negociado entre todos os benchmarks, pode disparar para US$ 120-130/barril. Ele ainda projeta um aumento no diesel e gás, que provocaria uma inflação nos segmentos de transporte, alimentos e indústria. Outros impactos concentram-se em um encarecimento de petroquímicos e fertilizantes no mundo todo, assim como gasolina, plástico e passagens aéreas.
Além destes produtos relacionados diretamente ao petróleo, há um olhar em outros segmentos. Um percentual de 42% das exportações chinesas partem de embarcações do estreito. Uma taxa significativa parte também da Europa: pelo menos 25% das exportações, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA).
“(Produtos como alimentos) podem subir de preço em dias ― mesmo se você morar longe do do Estreito de Ormuz”, apontou Mocelin.