O percentual elevado da Selic pode comprometer a inflação e o consumo, conforme a análise do professor da FIA Business School, José Carlos de Souza Filho. Uma taxa muito alta tende a desestimular os investimentos produtivos, já que, diante de uma remuneração atrativa e relativamente segura nos ativos de renda fixa, muitos preferem manter seu dinheiro aplicado em vez de alocar recursos em empreendimentos que envolvem risco, como abrir um negócio ou investir em empresas. "Por um lado, temos o desestímulo ao investimento e, por outro, o custo do dinheiro se torna muito alto."
Isso significa que tanto empresas quanto consumidores acabam evitando tomar crédito, o que reduz o número de financiamentos e, consequentemente, desacelera o consumo. Esse efeito em cadeia atinge diretamente a atividade econômica, pois, com menos consumo, há uma menor pressão sobre os preços, o que pode contribuir para o controle da inflação. "Você desestimula o consumo através do juro alto. E o desestímulo do consumo acaba afetando a inflação, porque você perde o estímulo de compra", completa.
O mecanismo é conhecido e utilizado pelo Banco Central como principal ferramenta de combate à inflação. No entanto, o professor aponta que o desafio está em encontrar o equilíbrio ideal: uma taxa de juros que seja suficiente para conter os preços sem sufocar o crescimento econômico.