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EUA volta a taxar países e ameaça aqueles alinhados ao Brics
Economia

EUA volta a taxar países e ameaça aqueles alinhados ao Brics

| Novo tarifaço | Trump enviou cartas a 14 países informando da cobrança a partir de 1º de agosto. Também ameaçou com um adicional de 10% a quem se alinhar com o bloco, do qual o Brasil faz parte
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TRUMP diz que novas tarifas adicionais poderão ser impostas, caso haja retaliação (Foto: MANDEL NGAN / AFP
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Foto: MANDEL NGAN / AFP TRUMP diz que novas tarifas adicionais poderão ser impostas, caso haja retaliação

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs ontem novas tarifas entre 25% e 40% para produtos importados de 14 países. As taxas passarão a valer a partir de 1º de agosto.

O anúncio, feito após o republicano ameaçar com taxas de 10% nações que se alinharem ao Brics - o que inclui o Brasil -, mexeu com o mercado, com o dólar em alta em todo o mundo e as Bolsas americanas e a brasileira em queda.

Impacto das tarifas

No começo da tarde, em publicação em sua rede social, a Truth Social, o presidente americano disse que as novas tarifas seriam de 25% para Japão, Coreia do Sul, Malásia e Casaquistão; 30% para África do Sul; e 40% para Mianmar e Laos. Horas depois, ele anunciou taxas de 36% para Tailândia e Camboja; de 35% para Sérvia e Bangladesh; 32% para a Indonésia; 32% para a Bósnia; e 25% para a Tunísia.

Juntos, esses países representam por volta de 15% do que os EUA importam, com destaque para Japão (4,5% do total) e Coreia do Sul (4%). Os dois países são o 2º e o 3º maiores exportadores de automóveis para o país, depois do México.

O tarifaço foi feito por meio de uma série de cartas quase idênticas publicadas na rede social do presidente. Trump disse que os EUA "concordaram em continuar trabalhando com cada país", apesar dos déficits comerciais.

"Infelizmente, nossa relação tem estado longe de ser recíproca", escreveu ele. "Se, por qualquer motivo, vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor que vocês escolherem, elas serão adicionadas" às taxas de importação do país, acrescentou.

Em abril, Trump anunciou uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações dos EUA, bem como taxas mais altas sobre produtos de cerca de 60 países. Com a reação ruim do mercado, ele recuou e adiou o início da cobrança para amanhã. Ontem, porém, houve novo adiamento.

Segundo analistas, negociadores americanos têm encontrado mais obstáculos do que Trump planejava para fechar novos acordos. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, agora, as novas tarifas valem a partir de agosto.

Até o momento, os EUA firmaram apenas dois pactos comerciais preliminares, com o Reino Unido e com o Vietnã, e em ambos os detalhes são escassos. Com a China, conseguiram uma trégua para evitar retaliações tarifárias até que haja um novo acordo.

Lula reage à fala de Trump

Ontem, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou sobre o assunto no encerramento do evento dos Brics, no Rio de Janeiro. "Sinceramente, eu nem acho que eu deveria comentar, porque eu não acho uma coisa muito responsável e séria o presidente da república de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet", afirmou Lula, ressaltando que o "Brics está incomodando" por propor um modelo "mais solidário" de política internacional.

Presente ao evento no Rio, o presidente do Instituto Brasil África, Bosco Monte, disse à rádio O POVO CBN, que as declarações de Trump foram recebidas com "certa apreensão". "Mas também com a expectativa de que os atores do Brics juntos são muito mais importantes que os Estados Unidos sozinho". (Com Agência Estado)

Leia mais em Política, página 6

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O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, vindo de máximas históricas, fechou abaixo dos 140 mil pontos, aos 139,4 mil pontos, com recuo de 1,26%. O dólar à vista, que estava nos menores níveis em mais de um ano, ontem, subiu 0,98% para R$ 5,47.

Para o economista da corretora Monte Bravo Luciano Costa, porém, é preciso avaliar "quais vão ser, no final das contas, as tarifas efetivas e quanto isso vai impactar na inflação e na trajetória dos juros pelo Federal Reserve (o BC americano)". "Mas a reação inicial é de aumento da incerteza e vendas (de ações) nas Bolsas e de moedas emergentes." (Agência Estado)

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