A imposição de tarifas de 50% para produtos brasileiros que chegam ao mercado dos Estados Unidos, confirmada pelo presidente Donald Trump, tem potencial de impactar R$ 16 bilhões em exportações do Nordeste.
Conforme levantamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na região, Ceará, Bahia e Maranhão são os estados mais impactados com a medida, prevista para iniciar a partir de 1º de agosto.
Segundo a Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene, somente esses três estados venderam R$ 14 bilhões em produtos ao mercado dos EUA no acumulado do ano de 2024.
“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado, uma consequência natural diante do aumento expressivo nos preços de mercadorias, conforme a lei da oferta e da procura mostra”, avaliou José Farias, coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene.
Em 2025, entre janeiro e junho, já foram destinados aos Estados Unidos R$ 8,7 bilhões em produtos nordestinos. O principal emissor nesta pauta exportadora é o Ceará, seguido de Bahia e Maranhão.
Entre os produtos exportados pelo Nordeste aos Estados Unidos destacam-se aço, frutas, pescados e calçados, que saem especialmente do Ceará, “com alta concentração em produtos com valor agregado médio, que podem perder competitividade com taxação adicional”, segundo Farias.
Da Bahia, em 2025, os principais produtos exportados são: cacau, óleos, pneumáticos e frutas. O impacto mais significativo e é observado em setores como cacau (US$ 46 milhões) e pneumáticos (US$ 42 milhões).
Já no Maranhão, pastas químicas e minérios são os principais produtos exportados.
O pesquisador da Sudene avalia que Trump está promovendo um "aumento absurdo de tarifa", que tem potencial danoso à economia nacional e regional, pois obriga os compradores norte-americanos naturalmente a irem procurar outros fornecedores no mercado mundial.
O que reflete não só na perda do PIB e de empregos, mas trazendo também “consequências indiretas bem mais pesadas sobre a cadeia produtiva regional, pois os produtos exportados, em geral, suportam uma longa cadeia de atividades no território, mesmo para aqueles produtos primários, como é o caso do cacau enviado para os EUA”.
José Farias enfatiza que o aumento pode levar a perdas relevantes para os pequenos agricultores e até mesmo para a indústria, principalmente para os quatro estados nordestinos que mais exportam para os Estados Unidos. “Estamos falando de uma pauta muito diversificada, indo desde ligas de aço, passando por pastas químicas, pneus e variados produtos da agropecuária (tipicamente commodities).
Impacto
No caso do Ceará, os Estados Unidos respondem por quase 48% das exportações